'Vivia uma prisão', diz sócio de empresária morta por marido PM em SP

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A empresária Amanda Fernandes Carvalho, 41, assassinada em Santos pelo marido, um sargento da PM, vivia sob ameaça constante e temia denunciar o companheiro por medo de ser morta, diz amigo e sócio.
O que aconteceu
O empresário Bruno Rollo, amigo próximo e sócio de Amanda, diz ter testemunhado anos de medo, controle e ameaças. Ele conta que Amanda vivia em uma espécie de prisão emocional, sob vigilância constante do marido, o sargento Samir Carvalho, e que não conseguia denunciá-lo por medo de ser morta.
Segundo o amigo, apesar da aparente felicidade, a empresária vivia sob controle absoluto do marido. "Ela tinha medo. Ele monitorava tudo: celular, amizades, saídas. Impedia ela de jogar vôlei, não deixava a minha esposa subir no prédio quando ia visitá-la a pedido dela".
Amanda jamais formalizou denúncia, apesar dos conselhos dos amigos. "Ela dizia que, se fosse à delegacia da mulher, algum policial poderia reconhecê-la e contar pra ele. E se ele soubesse, matava ela, a mãe e a avó".
O amigo chegou a sugerir que Amanda fugisse de Santos, mas ela recusava. "Ela achava que, se fosse embora, ele ia atrás da família dela. Ela vivia uma prisão. Um terror".
Bruno também relata que Samir era 'fechado e imprevisível'. Ele lembra um episódio em que o PM tentou agredir uma mulher durante uma festa. "Ele se irritou com uma piada e foi para cima. Eu que tive que tirá-lo do local".
Para quem via de fora, o sargento parecia calmo. "As pessoas achavam que ele era educado, tranquilo. Mas a gente sabia quem ele era".
Procurado pelo UOL, o advogado do sargento PM disse que a posição da defesa, por ora, é a de aguardar o término das investigações.
A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) disse que instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados para atender a ocorrência.
Os dias finais
Bruno esteve com Amanda no fim de semana anterior ao crime, durante uma cerimônia religiosa. Os dois frequentavam a mesma igreja. Segundo Bruno, Amanda pediu para trabalhar na cerimônia, para ficar longe do marido. "Ela estava leve, sorrindo, em paz".
Nos dias seguintes, a empresária voltou a relatar ameaças e medo. "Na segunda, na terça e na quarta, ela só falava disso. Que ele ia matá-la. Foi um terror. Minha esposa falava com ela o tempo todo pelo celular".
Bruno pede que o caso não seja esquecido. "A Amanda não pode ser esquecida. Foi o medo que matou ela. E outras mulheres ainda estão vivendo isso". "Se a Amanda tivesse conseguido romper o medo, talvez estivesse aqui com a gente, preparando o Dia das Mães. Foi o medo que matou ela".
Relembre o caso
Amanda chegou à clínica de dermatologia no bairro do Marapé na manhã do dia 7 de maio, para acompanhar a filha em uma consulta médica. Pouco depois, o sargento Samir Carvalho apareceu no local. A vítima já havia relatado ao círculo próximo que vivia sob ameaça e temia ser morta pelo companheiro.
A empresária se isolou com a filha e o médico em uma das salas. A esposa de Bruno, que conversava com Amanda por mensagens, foi chamada para acompanhá-la, mas foi orientada a não entrar. Amanda conseguiu enviar uma mensagem pedindo socorro, e a Polícia Militar foi acionada.
Quando os policiais chegaram, Samir alegou não estar armado e levantou a camisa. A entrada dele foi então liberada. Minutos depois, ele foi até outra sala da clínica onde havia escondido uma pistola calibre .40. Em seguida, atirou contra a esposa e a filha, e esfaqueou Amanda cerca de dez vezes. A filha foi socorrida e sobreviveu. Samir foi preso em flagrante e levado ao presídio militar Romão Gomes, em São Paulo.
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