Professora envenenada reclamava de diarreia: como 'chumbinho' age no corpo?

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O médico Luiz Antônio Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, continuam presos por suspeita de matar a professora Larissa Rodrigues por envenenamento, em Ribeirão Preto (SP). O caso ocorreu em março, e nesta semana o Tribunal de Justiça determinou a manutenção da prisão deles.
Larissa foi encontrada morta pelo companheiro, Luiz Antônio, no apartamento do casal. O laudo toxicológico concluiu a causa da morte como envenenamento após encontrarem a substância popularmente conhecida como ''chumbinho'' no corpo da vítima.
O que é chumbinho?
É um produto utilizado como raticida. Ele não tem registro na Anvisa e a comercialização é proibida e criminosa. É composto por agrotóxicos que são desviados para uso urbano, segundo a Anvisa. As substâncias mais encontradas são os carbamatos e o organofosforados.
Normalmente é um carbamato que dá sintomas como náusea, enjoo, vômito, sudorese, taquicardíaca e pode dar paralisia respiratória e até matar.
Rinaldo Tavares, professor de toxicologia clínica da UFF (Universidade Federal Fluminense)
Ele interfere no funcionamento do sistema nervoso autônomo. Pode ocasionar irregularidades nas atividades nervosas, neuromuscular, cardíaco, intestinal e até mesmo no sistema nervoso central.
O envenenamento por chumbinho pode ser fatal a depender das substâncias e da quantidade no corpo da vítima. Por ser um produto irregular, não é possível determinar quais substâncias além dos carbamatos e organofosforados podem estar no veneno. De qualquer maneira, ambos componentes químicos em pequenas doses podem ir se acumulando ao longo de dias antes de levar uma pessoa a óbito. A recomendação é que, se houver suspeita de envenenamento, é necessário recorrer ao médico urgentemente.
Não se acumula por muito tempo no organismo, mas dependendo da dosagem, pode se acumular [e levar à morte].
Rinaldo Tavares, professor de toxicologia clínica da UFF (Universidade Federal Fluminense)
No caso de Larissa, o veneno teria sido administrado ao longo da semana da morte dela. Em entrevista coletiva, o delegado Fernando Bravo informou que a professora de pilates contou a algumas amigas que estava se sentindo mal, com sintomas como diarreia — isso acontecia toda vez que encontrava com a sogra.
O crime
Motivação do crime continua sendo apurada. No dia anterior à morte de Larissa, o suspeito teria ido ao cinema com a amante. Quando a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento do casal, os investigadores também encontraram a mulher no local, que passou a ser investigada. Os celulares da vítima, do médico, da sogra e da amante foram apreendidos e estão sendo analisados.
Polícia Civil também abriu uma nova investigação sobre a morte da irmã de Luiz Antonio, Nathalia Garnica. Ela morreu em fevereiro deste ano após um infarto. O delegado enfatiza que a morte das duas foram bastante semelhantes e, por isso, investiga a possibilidade de um envenenamento.
Defesa de Luiz nega que cliente tenha envolvimento na morte de Larissa. O advogado Julio Mossin disse que ainda não teve acesso aos autos, mas ''adianta que o Luiz não matou a esposa e nem concorreu para tanto''.
Advogado de Elizabete disse que não irá se manifestar no momento. Bruno Corrêa informou que a investigação ocorreu sob sigilo e deve ser liberada hoje para as partes. Por isso, aguarda para comentar sobre o assunto.
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