Escorpiões em apartamentos de Perdizes assustam: 'Achei que ia morrer'

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O surgimento de escorpiões em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, tem assustado moradores. Um chef relatou dor intensa e medo de morrer após ser picado dentro de seu apartamento.
O que aconteceu
Moradores de Perdizes, bairro nobre na zona oeste de São Paulo, relatam o aparecimento de escorpiões dentro de apartamentos e casas. Os relatos ganharam força após uma publicação feita pelo perfil @perdizes_digital no Instagram. A Secretaria Municipal da Saúde informou ao UOL que uma equipe da Covisa (Coordenadoria de Vigilância de Saúde) foi enviada ao local para investigar a situação.
Segundo o administrador da página, pelo menos oito moradores procuraram o perfil para relatar avistamentos recentes de escorpiões. As mensagens apontam casos em diferentes ruas da região, incluindo apartamentos em andares altos.
Em mensagens enviadas ao UOL, alguns seguidores da página disseram estar alarmados com o surgimento dos animais. "Eu encontrei dois embaixo de um vaso que eu tenho na varanda do apartamento", escreveu uma moradora do bairro. "Minha faxineira encontrou um escondido atrás do pote de ração da minha cachorrinha", contou outro morador. "Era pequeno, preto. Estava vivo, e ela matou e jogou no vaso sanitário."
'Vi o ferrão fincado'
O chef Paulo Afonso, que tem um apartamento na Rua Palestra Itália, foi picado por um escorpião na sacada do imóvel onde costuma passar os fins de semana. Ele cuidava das plantas enquanto a filha de 13 anos e o sobrinho brincavam na sala. "Quando comecei a limpar as folhas, senti a ferroada. Olhei para a mão e vi o ferrão fincado. O escorpião caiu no chão."
No início, pensou que seria só uma picada, mas, ao longo do dia, os sintomas se intensificaram. "Por volta das quatro, cinco da tarde, comecei a ter muita suadeira, pressão alta, falta de ar. Trocava de camisa cinco vezes no dia. Passei alguns dias sem conseguir movimentar os dedos da mão."
Ele foi levado ao hospital, onde recebeu o soro antiescorpiônico, mas o quadro se agravou nos dias seguintes. "Começou a descamar, como se estivesse apodrecendo. Tive febre, dor intensa. Liguei para o meu médico particular, que veio em casa. Minha pressão chegou a 17 por 14. À noite era pior. Eu realmente achei que ia morrer."
Paulo relata que não teve reação de fotografar o animal. "Na hora a gente só pensa em se proteger e proteger as crianças. Eu fechei a varanda e fui cuidar da dor. Quando cheguei ao hospital, me perguntaram se eu tinha levado o bicho. Mas não me passou pela cabeça."
Dois dias depois, um escorpião morto foi encontrado no ralo do banheiro. "A gente não sabe se morreu com a água quente do chuveiro. Era do mesmo tipo, o amarelinho. O síndico mostrou que a dedetização está em dia, mas mesmo assim tirei todos os vasos da varanda." O caso não foi isolado. "Meu podólogo, que não pude visitar por causa da ferida, me contou que também achou quatro escorpiões no apê dele [também em Perdizes, na rua Afonso Bovero] naquela semana."
A filha, que estava com ele no momento da picada, ficou muito abalada. "Ela viu a mão inchando, descascando, criando pus. Pra quem tem 13 anos, foi assustador. Ela não imaginava que um escorpião podia causar tudo aquilo."
O episódio mudou a forma como ele se sente dentro do próprio lar. "Agora fico com medo em casa e na rua. Dentro, risco de ser picado. Fora, risco de assalto. A gente fica sem saber o que fazer."
Autoridades investigam

A Secretaria Municipal da Saúde informou ao UOL que uma equipe da Covisa foi enviada ao endereço mencionado para investigar a situação e tomar providências. A Subprefeitura da Lapa afirmou que realiza serviços diários de zeladoria na região da Rua Palestra Itália e anexou imagens da manutenção.
Segundo a Covisa, a Divisão de Vigilância de Zoonoses atua com vistorias, busca ativa e orientação em locais com registros de escorpiões. Os agentes inspecionam imóveis, bueiros e terrenos e dão orientações preventivas para evitar acidentes.
Moradores que encontrarem escorpiões podem registrar solicitação via SP 156 (pelo app, site ou discando o número). Em caso de picada, a recomendação é lavar o local com água e sabão e procurar atendimento em uma unidade de saúde.
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