Família acredita que jovem morto em Caraíva foi confundido por apelido

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Familiares e amigos do guia de turismo Victor Cerqueira Santos Santana, morto em Porto Seguro (BA) durante uma operação policial, acreditam que ele tenha sido confundido com um criminoso.
O que aconteceu
O homem, chamado João Vitor, teria o mesmo apelido do jovem morto, ''Vitinho''. Segundo a família, ele teria envolvimento com o tráfico de drogas e seria "segurança" de traficantes da região. Além disso, em nota, os familiares disseram que o suspeito, ainda em liberdade, tem um mandado de prisão em aberto e passagens pela polícia.
Na versão da polícia, morreram na ação o traficante ''Alongado'' e o homem que fazia sua escolta. Questionada se o suposto segurança seria Victor Cerqueira, o órgão não explicou, e divulgou apenas que entre os dois suspeitos, apenas um deles com mandado de prisão, "acabaram atingidos após confronto". Ainda conforme a pasta, ambos foram socorridos, mas "não resistiram aos ferimentos".
O UOL questionou hoje a SSP e a Polícia Federal sobre a possível confusão nos nomes. Até o momento, não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestação.
Família fala ainda em ''claros sinais de tortura e execução''. Segundo eles, o corpo de Victor foi entregue ao IML com múltiplas fraturas no tórax, hematomas no rosto, um ferimento de arma branca na costela e um disparo na jugular.
Marcas em seus pulsos confirmam o uso de algemas e os joelhos arranhados sugerem que tenha sido forçado a se ajoelhar. O rosto estava visivelmente deformado por agressões violentas
Família de Victor Cerqueira Santos Santana, em nota
Entenda o caso

Victor, 28, foi morto durante uma operação das polícias Militar e Federal no sábado. A ação mirava integrantes da facção ADM (Anjos da Morte), que atua no tráfico de drogas no extremo sul da Bahia, em especial na praia de Caraíva, distrito de Porto Seguro. Além dele, Uillian da Silva Guimarães, apontado como número 2 do grupo e de apelido ''Alongado'', também foi morto.
Victor foi detido e algemado a caminho do trabalho às 18h, segundo conhecidos. "Ele estava indo trabalhar, descendo o morro da travessia para buscar hóspedes na beira do rio, como fazia todo fim de tarde", contou a modelo Joice Terlone, que era amiga próxima de Victor e vive há cinco anos em Caraíva. O corpo dele foi entregue ao IML por volta das 3h já sem vida.
SSP informou que os dois foram mortos em ''confronto'' durante o ''combate ao crime organizado'', mas família de Victor contesta. "Ele não era bandido, não estava armado, e aqui não houve confronto algum, nenhuma troca de tiros", disse um morador de Caraíva, durante uma transmissão ao vivo pelo Instagram. A Polícia Civil confirmou na sequência que Victor não tinha passagens criminais.
Morte motivou protestos e comércios ficaram fechados na comunidade durante o final de semana. ''Caraíva acordou revoltada porque mataram mais um inocente. Não vamos aceitar que esse caso seja abafado ou tratado como efeito colateral. Estamos falando de racismo estrutural, de violência do Estado, e de uma vida que foi tirada sem explicação'', relatou Joice ao UOL.
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