Preso por agredir mulher, advogado João Neto tem registro da OAB suspenso

A OAB (Ordem de Advogados do Brasil) suspendeu ontem o registro do advogado criminalista João Neto, 47, preso em flagrante em abril por suspeita de agredir a companheira em Maceió.

O que aconteceu

Registro profissional foi suspenso por 90 dias em decisão unânime. Avaliação da OAB ocorreu durante um julgamento realizado na última quinta-feira pelo Tribunal de Ética e Disciplina da seccional da Bahia, e foi divulgada ontem pelo órgão.

A suspensão preventiva, no entanto, ocorreu por um processo ético-disciplinar instaurado antes da prisão dele. João Neto era investigado pela Ordem por ''conduta incompatível com a dignidade da profissão e com o exercício profissional da advocacia''.

Registro suspenso do advogado João Neto
Registro suspenso do advogado João Neto Imagem: Reprodução / OAB

OAB disse que apurava falas indevidas do advogado. Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, o homem frequentemente dizia para sua audiência que a cabeça e o coração deveriam ser os alvos preferenciais para disparos de armas de fogo. Ele ficou, inclusive, conhecido pelo bordão ''no coco e no relógio''.

Ele também mentia sobre ser ex-policial militar. Em um podcast, João Neto contou que até forjava flagrantes na suposta época em que era PM. A corporação, no entanto, desmentiu a informação e disse que ele nem mesmo concluiu a formação necessária para atuar como soldado.

O UOL entrou em contato com a defesa de João Neto para comentar a suspensão. Os advogados informaram que ainda devem analisar a decisão e emitir uma nota de posicionamento sobre o assunto na sequência.

Advogado foi solto ontem

João foi solto, mas segue com medidas cautelares, como o monitoramento eletrônico. A soltura, dada pelo 2º Juizado de Violência Doméstica de Maceió, foi confirmada pela advogada Mia Chen ao UOL hoje. O processo está em segredo de Justiça e outros detalhes não foram divulgados.

Continua após a publicidade

Relembre o caso

Advogado baiano foi preso após companheira denunciar agressão em Maceió. Um vídeo de câmeras de monitoramento mostra o advogado no interior de um apartamento segurando a companheira à força em um corredor e indo ao chão com ela próximo de uma porta. Pelas imagens, é possível ver a mulher, antes da queda, se segurando nas paredes e em um batente para resistir à abordagem do homem. E, na hora da queda, ela bate o corpo e cabeça contra a porta.

O advogado negou as agressões e disse que tentava terminar o relacionamento. Em depoimento, João afirmou ter dito à mulher que "não teria condições de continuar com a relação" e pediu que ela saísse do apartamento. Ele cita ainda que, mesmo após mandar ela sair, percebeu que ela "ainda se encontrava no quarto, deitada na cama com ar condicionado ligado", e afirma que pegou a vítima "pela barriga para levá-la para fora". Entretanto, como o piso é liso, ela escorregou e ambos caíram.

Mulher sofreu um corte profundo no queixo e precisou ser levada a um hospital de Maceió, onde levou três pontos. Imagens da vítima saindo ensanguentada do apartamento foram flagradas por uma câmera de segurança do prédio. João aparece usando um pano para estancar o sangue.

Vídeos deixam claro que houve agressão, ressaltou a delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres. "Com certeza a violência doméstica está caracterizada. Todas as imagens corroboram o depoimento prestado pela vítima", disse ao UOL.

Em nota emitida em abril, a defesa de João Neto afirmou que "os fatos divulgados não refletem a realidade do ocorrido". "Não houve qualquer ato de violência por parte do acusado. Trata-se de um episódio isolado, decorrente de um acidente em que ambas as partes caíram, sem conduta dolosa. Ressalte-se que, no momento, o piso do apartamento encontrava-se molhado em razão de limpeza, contribuindo diretamente para o ocorrido", disseram os advogados Minghan Chen, Cícero Pedrosa e Vinicius Guido Santos em nota conjunta.

Continua após a publicidade

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.