Quem é o policial que dizia que 'mataria meio mundo' por Bolsonaro no poder

Policial que tramou golpe e dizia que mataria "meio mundo" por Bolsonaro já atuou na segurança de Lula e trabalhou na Secretaria da Segurança da Bahia sob governo do PT.

O que aconteceu

Participação no plano golpista. Wladimir Matos Soares, agente da PF (Polícia Federal) de 53 anos, é acusado de participar do plano para impedir a posse de Lula e manter Jair Bolsonaro no poder após a eleição de 2022.

Denunciado e preso. Mantido em reclusão desde 19 de novembro de 2024, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao lado de 11 militares, no núcleo da operação batizada de "Punhal Verde Amarelo".

PF e trabalho em secretaria de segurança. Natural de Salvador, Wladimir tem 22 anos de carreira na Polícia Federal e já ocupou função na Secretaria de Segurança Pública da Bahia, durante governos petistas.

Fez segurança de Lula. Durante a transição de governo, ele foi designado para atuar na segurança de Lula no Hotel Meliá, em Brasília, onde estavam hospedados o presidente eleito e sua equipe.

Repassava informações sobre Lula. Segundo a Polícia Federal, Wladimir usou o cargo para repassar informações sensíveis sobre a segurança de Lula a aliados de Bolsonaro. Ele compartilhava detalhes operacionais, como rotas da comitiva, vulnerabilidades da equipe e o posicionamento do COT (Comando de Operações Táticas). Um dos dados vazados foi sobre o delegado Cleiber Malta Lopes, coordenador da segurança da posse.

Em áudios enviados a aliados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o policial diz que o grupo estava pronto para agir e "matar meio mundo de gente". "Estava nem aí já, cara. A gente ia empurrar meio mundo de gente", afirmou em uma das mensagens obtidas pela PF. Em outro trecho, relatou frustração com o recuo de Bolsonaro, atribuído a uma suposta traição de generais do Exército.

O agente da PF também afirmou que o grupo planejava a prisão de Alexandre de Moraes, ministro do STF. "Ele tinha que ter tido a cabeça cortada quando impediu o presidente de colocar um diretor da Polícia Federal. A gente estava preparado para isso, inclusive, para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe", disse.

A PF afirma que Wladimir estava ligado ao plano "Punhal Verde Amarelo", que incluía o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. A estratégia previa uso de armas químicas e envenenamento, além da dissolução do STF e de uma intervenção armada para impedir a posse de Lula. Um dos interlocutores do agente, o advogado Luciano Mendonça Diniz, também defendia a "dissolução do Supremo".

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Wladimir atuava como elo entre informações de campo e os articuladores do golpe. Segundo a PF, ele compartilhava relatórios e mensagens com integrantes da rede bolsonarista, entre eles Sérgio Cordeiro, ex-assessor da Presidência, a quem enviou um áudio dizendo: "Essa porra tem que virar logo. Eu tô pronto".

A denúncia contra Wladimir será julgada pelo Supremo Tribunal Federal na próxima terça-feira. Ele responde por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

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