PF diz que líder do PCC preso na Bolívia deve ser extraditado ou expulso

A Polícia Federal informou que Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, a principal liderança do PCC nas ruas, vai passar por uma audiência na Justiça da Bolívia prevista para amanhã, que pode decidir sobre uma expulsão ou extradição.

O que aconteceu

Tuta foi preso ontem após apresentar um documento falso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Ele tentava renovar o visto do seu Cartão de Identidade de Estrangeiro (CIE) com o nome de Maycon Gonçalves da Silva quando o sistema alertou que ele era procurado pela Interpol.

O diretor da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que há aeronaves prontas em Brasília para buscar Tuta, caso a audiência decida pela expulsão imediata. O processo de extradição levaria um tempo maior. "As nossas equipes, tanto da área de cooperação internacional quanto nosso grupo tático, de aviação e aeronaves, já estão prontas para sair daqui de Brasília assim que tiver a confirmação [da decisão]", afirmou o diretor.

Nossa expectativa é que amanhã mesmo tenhamos uma posição sobre esse processo, seja pela expulsão ou extradição.
Andrei Rodrigues

Se a decisão for pela expulsão, explicou Andrei Rodrigues, Brasil e Bolívia vão negociar para definir a questão logística com base na legislação de cada país e na segurança da operação. As possibilidades são:

  1. a polícia boliviana levar o preso até o Brasil ou a uma região de fronteira;
  2. e a PF enviar uma equipe a Santa Cruz de la Sierra para prendê-lo.

Rodrigues relatou a prisão ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que avisou ao presidente Lula (PT). O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acionou a missão diplomática na Bolívia para acompanhar o caso.

Agentes da Interpol levaram Tuta para uma verificação de identidade. Eles saíram do shopping Ciudad Indana, onde Tuta fez o agendamento para renovar a documentação, e foram para um escritório da Interpol. "Ele estava registrado como alerta vermelho internacional com o nome Marcos Roberto de Almeida. Ao ser identificada dupla identidade, ele foi conduzido à sede da Divisão Central Econômica e Financeira da FELCC (Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen)", informou a polícia boliviana.

Um policial boliviano acionou um oficial da PF em Santa Cruz de la Sierra e a Interpol da Bolívia, após detectar inconsistências nos documentos apresentados por Tuta. Em seguida, o escritório da Interpol em Brasília também foi alertado para checar as bases de dados e dar informações à polícia boliviana.

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O diretor da PF relatou que a base de dados biométricos da Federal permitiu uma checagem "praticamente em tempo real". A equipe em Brasília informou, então, ao oficial em Santa Cruz e à polícia da Bolívia "quem era exatamente aquela pessoa que estava ali".

Tuta foi preso por falsidade ideológica, falsidade material e uso de documento falso na Bolívia. Na audiência de custódia será formalizado um pedido de extradição ao Brasil, mas as autoridades bolivianas podem decidir pela expulsão.

Ele é apontado como o líder do PCC nas ruas. As investigações da PF apontam que ele é um dos principais articuladores do esquema internacional de lavagem de dinheiro da facção.

O líder do PCC nas ruas fugiu do Brasil após vazar a informação de que ele era um dos alvos da Operação Sharks, em 2020. Em fevereiro de 2024, Tuta foi condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de mais de R$ 1 bilhão entre 2018 e 2019.

PCC tentou espalhar informação falsa sobre morte de Tuta. Em 2021, o Ministério Público de São Paulo chegou a anunciar que Tuta foi excluído e morto pelo tribunal do crime após ordenar a morte de Nadim Georges Hanna Awad Neto e Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, tesoureiro do PCC, sem aprovação formal da cúpula da facção. Porém, depois a promotoria descobriu que era uma contrainformação por parte da facção para despistar as autoridades.

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