Cadeirante diz que ouviu de comissária para defecar no chão durante voo

No dia 18 de abril, por volta das 3h da madrugada, durante um voo da Latam com destino ao Brasil, a atriz e produtora cultural Paloma Alecrim, 29, cadeirante e diagnosticada com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), relatou ter sido impedida de usar o banheiro acessível, por estar trancado. Segundo Paloma, ao solicitar ajuda, ouviu da comissária a frase: "Então caga no chão".

Alecrim compartilhou o caso nas suas redes sociais.

O que aconteceu

Banheiro acessível estava indisponível. Durante o voo de volta ao Brasil, após cerca de seis horas de viagem, Paloma precisou trocar a fralda.

Chave do banheiro sumiu. A funcionária da Latam procurou a chave do banheiro PCD e não encontrou, de acordo com Alecrim.

A violência começou quando ela passou a se dirigir apenas ao meu cuidador, mesmo eu estando ao lado dela. Meu corpo pode estar debilitado, mas eu sou totalmente capaz de falar por mim mesma. Me dirigi a ela e disse: 'Oi, pode conversar comigo. Onde está a chave do banheiro? Preciso usar' - ela respondeu que não sabia, expliquei que banheiro comum não me comportava e precisava trocar a fralda, pois fiz xixi e queria defecar. A resposta que recebi foi: 'Ah, pode cagar [sic] no chão que a gente limpa'
Paloma Alecrim, 29

Paloma Alecrim afirma ter acesso a banheiro PCD negado e fez suas necessidades no chão da aeronave
Paloma Alecrim afirma ter acesso a banheiro PCD negado e fez suas necessidades no chão da aeronave Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Apoio insuficiente da tripulação. Mesmo acompanhada por cuidador, outros passageiros ajudaram. "A tripulação se preocupava mais com as cortinas da classe executiva", diz Alecrim.

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Higiene improvisada. "Usamos água da cozinha e guardanapos. Deram-me um saco de lixo para guardar a roupa molhada", afirma Paloma, que teve de segurar a evacuação e só urinou no chão do avião.

Banheiro PCD não é fixo, mas estrutura montável. "No voo de ida, usei o banheiro PCD normalmente. A estrutura não é fixa, é montada quando necessário. No entanto, sumiram com a chave do compartimento onde essa estrutura é guardada", diz Paloma.

O que a Latam diz sobre o caso

"A Latam Airlines Brasil esclarece que a tripulação do voo LA8087 (Los Angeles-Guarulhos), de 18/04, ofereceu toda a assistência necessária à passageira e ao seu acompanhante. Durante o voo, o acompanhante solicitou o uso do toalete para a troca de fraldas da passageira. Visando oferecer mais conforto e espaço para o procedimento, os comissários ofereceram um espaço maior e isolado por cortinas, garantindo a privacidade de ambos. A companhia nega qualquer tratamento desrespeitoso à passageira", disse ao UOL em nota.

Cliente busca retratação da empresa

O advogado Jorge Luiz dos Santos Jr. afirma que a intenção, além de uma reparação moral por todo o constrangimento causado, é também uma retratação pública da empresa. Segundo dos Santos, a ideia é também dar visibilidade às dificuldades enfrentadas por pessoas com ELA e neurodivergentes.

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Caso em análise. "Estamos em contato direto com Latam, que informou que pretendem trazer uma análise do caso no prazo de cinco dias", afirma o advogado.

Ação judicial pronta, caso empresa não responda de forma compatível. "Caso inviáveis as tratativas de acordo, já estamos prontos para acionar o judiciário", afirma dos Santos.

Nos movimentamos no sentido de apurar provas, documentações, vídeos e testemunhas. Resolvemos dar publicidade à situação por meio das redes sociais, para que o ato não passe despercebido.
Jorge Luiz dos Santos Jr., advogado de Paloma

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