Caso Vitória: acusado nega crime e diz que teria 'benefícios' por confissão

Maicol dos Santos, acusado pelo assassinato de Vitória Regina de Sousa, na região de Cajamar, na Grande São Paulo, negou hoje ter cometido o crime e afirmou, sem provas, que receberia "benefícios" caso confessasse o homicídio.

O que aconteceu

Sem apresentar provas, Santos disse que um delegado, dois investigadores e o secretário de segurança de Cajamar o induziram a confessar o crime. Ele também acusou o quarteto de indicar o que deveria ser dito.

Durante um interrogatório, em março, ele afirmou em vídeo ter matado Vitória e que agiu sozinho. Agora, em entrevista ao Domingo Espetacular (Record TV), o denunciado disse que o delegado do caso o ofendeu e teria dito que imputaria o crime a ele de "qualquer forma". A defesa de Maicol, que está preso desde março, tenta anular a confissão.

Foi quando eles começaram a oferecer benefícios. O secretário de segurança pública disse que a aposentadoria da minha mãe estaria garantida, que daria um vale-aluguel para ela. [Roberto Cabrini: Por que eles fariam isso contra você?] Talvez para esconder o que realmente aconteceu. Ou o que eles não conseguem comprovar.
Maicol dos Santos, em entrevista

Ao ser questionado porque falava com segurança e dava detalhes do crime no interrogatório, o acusado disse que não estava tranquilo. "Não tinha nenhuma tranquilidade naquele momento. Só queria que tudo aquilo acabasse, que eu pudesse dormir, voltar para a minha cela, e esquecer tudo aquilo que estava acontecendo."

O preso também declarou que não exigiu a presença de advogados e disse que confessou o crime porque temia pela vida dos seus familiares. Ele ainda acusou as autoridades de dizerem que seus advogados tinham desistido do caso.

Os citados negaram as afirmações de Maicol à emissora. O secretário de segurança de Cajamar, Leandro Arantes, desmentiu a versão do preso e apontou que toda a investigação do caso foi realizada pela Polícia Civil.

Já o delegado Fabio Cenachi, responsável pela apuração, declarou que a denúncia contra o homem foi feita pelo Ministério Público e recebida pela Justiça. Por fim, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) falou que todos os procedimentos, inclusive o interrogatório de Maicol, obedeceram ao Código de Processo Penal.

Perseguição à vítima

Maicol também disse não ter "fixação" e perseguir Vitória antes do crime. "Não tem como ter fixação por uma pessoa que eu não conheço", falou.

Continua após a publicidade

Ele negou saber como as imagens de Vitória encontradas pela perícia estavam no celular dele. Acrescentou não saber onde a vítima morava, nem que horas ela chegava em casa, reforçando que não a monitorava. Também questionou as provas, como o sangue encontrado no automóvel dele e na residência em que vivia. "Sou inocente de todas as acusações", afirmou.

Relembre o caso

Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar
Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar Imagem: Montagem/Reprodução

Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, desapareceu no fim de fevereiro depois que saiu do trabalho, em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. Naquela noite, a jovem pegou um ônibus e mandou mensagem para uma amiga. Depois, pegou outro transporte e escreveu para a amiga novamente dizendo que estava com medo de estar sendo seguida.

O corpo dela foi encontrado no dia 5 de março. Segundo a autópsia, a adolescente morreu em razão de facadas no tórax, pescoço e rosto. O documento não apontou sinais de abuso sexual.

Maicol Antonio Sales dos Santos, 26, foi preso e indiciado pela polícia como autor do crime. A polícia chegou a dizer que o homem confessou, mas a defesa dele anunciou que pediria a anulação da confissão do interrogatório alegando que cliente foi coagido.

Continua após a publicidade

Investigações da polícia mostraram que Maicol era "obcecado pela vítima". Ele monitorava a adolescente pelas redes sociais desde 2024, segundo a polícia, e viu uma publicação em que ela mostrava estar sozinha na rua indo para o ponto de ônibus.

Homem foi denunciado por quatro crimes em abril. Sendo eles: feminicídio, sequestro qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual feita três vezes. A Justiça aceitou a denúncia e tornou Maicol réu.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.