Soldado é preso por dar as costas a médico em hospital da PM, diz advogada
Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo
19/06/2025 23h00Atualizada em 20/06/2025 12h14
Um soldado da Polícia Militar de São Paulo foi preso ontem e liberado hoje após virar as costas para um capitão, que também é médico, no Hospital da Polícia Militar.
O que aconteceu
Lucas Neto foi ao hospital para revalidação de um atestado médico, segundo a advogada Fernanda Borges de Aquino. Ele foi acompanhado de sua advogada porque médicos da unidade não ofereciam "tratamento adequado" para Neto há um ano, alega Fernanda, em conversa com o UOL.
Médico civil pedia 30 dias de afastamento, enquanto médicos do hospital da PM davam apenas 3, exemplifica ela. "No retorno que ele teve para revalidar atestado médico, fui como advogada. Não falei nada, porque não posso interferir."
Para provar as queixas de seu cliente, Fernanda conta que começou a filmar o atendimento dentro da sala. Após iniciar a gravação, ela diz que um capitão, chamado Cavalcante, ordenou mais de uma vez que o atendimento não podia ser gravado. Ao insistir, o capitão mandou a advogada se retirar por se sentir "intimidado", afirma ela.
No final do atendimento, Neto repreendeu a atitude do capitão com a advogada. "O que o senhor fez, não se faz", teria dito ele, segundo Fernanda.
Após a consulta, Neto perguntou para a major que estava na consulta se ele poderia sair. Ela, então, o liberou.
Autorizado a sair, ele levantou, mas o capitão anunciou a prisão do policial. A justificativa, segundo Fernanda, foi porque Neto virou as costas para ele e que o capitão foi chamado de "você". Três tenentes que foram testemunhas do caso corroboraram a versão do capitão, em que Neto supostamente o teria desrespeitado.
Com a prisão, Fernanda acionou o advogado Mauro Ribas Junior e ouviu com ele as gravações que fez da consulta. Os dois, então, deram voz de prisão ao capitão por denunciação caluniosa e aos três tenentes por falso testemunho.
SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirma que Neto foi liberado e o caso será apurado. "Todas as circunstâncias do ocorrido são apuradas por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)", disse a secretaria. A pasta afirma que Neto foi autuado por desrespeitar um superior na presença de outro militar.
Neto foi liberado porque foi provado que capitão e tenentes estavam errados, segundo Fernanda. "Eles queriam passar a mão no que o oficial fez."