Médico vira réu após parto que deixou bebê com sequelas graves

Um médico virou réu em um processo criminal por lesão corporal contra uma mãe e um bebê após complicações no parto em abril de 2022.

O que aconteceu

Wesley Timana Yovera, conhecido nas redes sociais como "doutor Cegonho", virou réu após um bebê ficar com sequelas graves em decorrência de um parto. Segundo o Fantástico, da TV Globo, o Ministério Público do Paraná apresentou uma denúncia contra o médico.

Propaganda do médico foi o que chamou a atenção dos pais da criança. "Ele fazia um marketing de sonho, com muitos mimos, muitos agrados e isso acabou nos envolvendo", disse Larissa Elias Cardoso Martins, mãe de Luca, 3.

Perto do parto, na véspera da Páscoa, Larissa começou a sentir contrações. Todos os exames pré-natais indicavam que o bebê estava saudável.

Trabalho de parto se estendeu por 27 horas e as dores dela aumentaram, o que levou o marido a sugerir uma cesárea. "Falei: 'Olha, Wesley, deu. Chega. Conheço a Larissa, ela está muito fraca. Acho que é hora de fazer uma cesárea'", disse Leandro Nogueira Martins ao médico.

Durante o trabalho de parto, Leandro afirma que flagrou Wesley fazendo pilates no quarto. "Quando eu abri a porta do banheiro, ele estava fazendo aquelas barras de pilates, se pendurando ali e a equipe dando risada. Isso, para mim, é chocante".

Médico procurou pelo batimento de Luca e não encontrou, tomando a decisão de retirar o bebê da barriga sem anestesia, relembra Larissa. "Luca foi levado para a UTI neonatal em parada total, sem nenhum batimento cardíaco."

Wesley alegou que o procedimento foi feito porque a cesárea levaria mais tempo e o bebê poderia não resistir. "Esse bebê ia a óbito", disse.

Luca ficou 91 dias internado na UTI. Segundo a família, ele sofreu uma lesão cerebral extensa e foi diagnosticado com paralisia cerebral grave, decorrente de sofrimento fetal prolongado.

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Criança não chora e nem sorri, lamenta Larissa. "Luca é uma criança de 3 anos que nunca atingiu nenhum marco de desenvolvimento. Ele não chora. Ele não sorri."

Denunciado pelo Ministério Público

O Ministério Público do Paraná denunciou o médico por lesão corporal contra mãe e filho, alegando que ele demorou para realizar o parto. A demora, segundo o MP, teria causado as sequelas neurológicas permanentes no bebê. A mãe também teve complicações graves após o nascimento.

Wesley não se exime de culpa e acredita que o Conselho Regional de Medicina do Paraná deva investigar o caso. "Eu não estou me eximindo de culpa. Eu acho válido que o CRM investigue, que o Ministério Público investigue. Por quê? Porque tem coisas mesmo que precisam ser avaliadas", disse.

Larissa foi liberada pelo hospital, mas três dias depois voltou a passar mal. Os exames revelaram que ela estava com uma rotura uterina ativa e hemorragia interna.

Defesa de Wesley afirma que a denúncia foi formulada sem que o médico fosse ouvido. "Impossibilitando o médico de apresentar sua versão dos fatos".

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Além da denúncia criminal, Wesley também responde a dois processos ético-profissionais no Conselho Regional de Medicina do Paraná. Ele é investigado por "causar dano ao paciente, por ação ou omissão" e por indícios de imprudência ao retardar a indicação da cesárea.

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