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De Dedé Santana a Dr. Bactéria e Thammy: famosos querem ser vereador em SP

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

25/08/2020 04h00Atualizada em 26/08/2020 13h28

Resumo da notícia

  • Celebridades novatas vão tentar vaga na Câmara dos Vereadores
  • Famosos com experiência na disputa ouvidos nunca foram eleitos
  • Partidos gostam de puxadores de votos para impulsionar candidatos

Esportistas, artistas, comunicadores e influenciadores vão disputar uma das 55 cadeiras da Câmara Municipal de São Paulo na eleição de 15 de novembro.

Entre eles, estão pessoas que tentam um cargo público pela primeira vez, como a cantora Neném (PROS) e o humorista Mionzinho (Novo), e gente que já passou por outros pleitos, como o humorista Dedé Santana (PTC) e o ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca (PSL).

Ao UOL, os famosos explicam que o motivo de entrar na política vai desde uma perda familiar até o desejo de uma maior inclusão social. Eles ainda são pré-candidatos e precisam ter seus nomes aprovados na convenção de seus partidos, entre 31 de agosto e 16 de setembro.

Outras celebridades ainda não decidiram se entram na disputa, como Raquel Pacheco (PL), a ex-garota de programa Bruna Surfistinha, e Felipe Sertanejo (Podemos), ex-lutador de UFC e ex-"A Fazenda". O PSB também conversa com o ex-ginasta Diego Hypólito a respeito de uma candidatura para a Câmara.

Celinho, do Fat Family (PTB)

Celinho, integrante do Fat Family, vai buscar uma vaga na Câmara de São Paulo Imagem: 19.jun.2020 - Reprodução/Facebook/FatFamilyOficial

A morte da irmã Deise Cipriano, em fevereiro do ano passado, fez com que o músico Celinho Cipriano, 52, decidisse entrar de vez na política. "Uma das questões que eu quero defender é a campanha contra o câncer", diz o músico. Além de irmãos, Deise e Celinho eram colegas de trabalho, atuando no conjunto Fat Family. Deise morreu aos 39 anos de idade, em razão de um câncer no fígado.

"Quando minha irmã faleceu, eu falei: 'Acho que preciso ser mais útil para a sociedade do que simplesmente dar um autógrafo, um abraço, tirar uma selfie'", comenta Celinho, que irá disputar uma eleição pela primeira vez. Nas visitas a Deise no hospital, ele diz que via o sofrimento de outras famílias que também tinham pessoas enfrentando o câncer.

Ele quer usar sua carreira de 25 anos com o Fat Family "para fazer com que a voz do povo seja mais ouvida dentro do sistema".

Então eu preciso fazer alguma coisa para aqueles que estão sem voz. Fazer com que a classe menos favorecida tenha uma voz lá dentro.

Dedé Santana (PTC)

Dedé Santana é pré-candidato do PTC a vereador em São Paulo Imagem: Divulgação/ RedeTV!

Disputar uma eleição não é novidade para o humorista Dedé Santana, 84. Em 1996, ele tentou ser vereador no Rio de Janeiro e, dois anos depois, deputado estadual. Não foi eleito em nenhuma das ocasiões.

Agora, pretende disputar uma cadeira para a Câmara Municipal de São Paulo pelo PTC. A informação sobre sua pré-candidatura foi confirmada pelo partido e pela equipe do humorista. Eles estão em tratativas para escolher o número dele no pleito. Dedé, porém, não quis se manifestar por enquanto.

Após a publicação do texto, o humorista decidiu declarar sua renúncia à pré-candidatura por não ter, "em tempos difíceis de pandemia, o respaldo e apoio do partido", citando que "não poderá, como candidato, exercer suas atividades profissionais, das quais ele ganha o seu próprio sustento e da família".

Dr. Bactéria (PSD)

Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria, vai tentar conquistar uma cadeira de vereador Imagem: 4.abr.2019 - Reprodução/Facebook/drbacteriaoficial

A pandemia do novo coronavírus foi o incentivo que faltava para o biomédico Roberto Figueiredo, 65, decidir disputar um cargo público pela primeira vez. "Para ajudar, você precisa ter um certo poder", diz ele, conhecido como o Dr. Bactéria, que focará principalmente na área da saúde.

Sobre as burocracias a serem enfrentadas para a apresentação e aprovação de projetos, ele diz já ter uma experiência parecida no Conselho Regional de Biomedicina. "Você tem que fazer política lá dentro. Eu sou do regional, tem que fazer política com o federal, até para aprovação de algumas coisas. Você tem que conversar, explicar os benefícios que vai fazer. Tem que ter paciência. Tem que conscientizar que aquele projeto vai fazer um bem para a população."

Você não tem como fugir da política. A não ser que você saia do mundo.

Eli Corrêa (DEM)

O radialista Eli Corrêa está fora do ar para a disputar a eleição para vereador em São Paulo Imagem: 6.jan.2015 - Reprodução/Facebook/EliCorrea

O radialista Eli Corrêa, 68, vai viver seu maior período fora do rádio em 51 anos de carreira. Depois de desistir da candidatura a vereador em 2008 —ele voltou ao rádio dez dias depois do início da proibição de participação em programas—, Corrêa diz que agora sua intenção é para valer.

"Achei que este era o momento de, além do rádio, me fazer presente também com um mandato popular", diz o radialista, conhecido também por seu bordão: "Ooiiiii, gente". "Com o rádio e o mandato, você pode ir direto nos secretários, no prefeito, fazer comissão com moradores."

Para a campanha, ele usará a experiência de seu filho, o deputado federal Eli Corrêa Filho (DEM-SP), e evitará aglomerações. O radialista, que contraiu a covid-19, diz não temer a perda de público em razão de posições políticas, caso conquiste um mandato na Câmara paulistana. "Se eu tiver que votar algo que não seja de agrado das pessoas, eu vou explicar."

Eu sou do princípio que não conto com a vitória, seja ela política, seja de qualquer coisa. Se isso acontecer [for eleito], o sentimento que fica é de que eu, ao menos, tentei participar, tentei colaborar.

Marcelinho Carioca (PSL)

Pré-candidato a vereador, Marcelinho Carioca (dir.) é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (esq.) Imagem: reprodução/Instagram/Marcelinho Carioca

O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, 48, vai tentar sua primeira vitória em uma eleição. É a sua sexta tentativa. Desde 2010, já passou por cinco partidos políticos, de PT e PSB até Republicanos e Podemos. Hoje, ele está no PSL, partido que tem uma relação mal resolvida com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Eu tenho minhas ideias e os partidos pelos quais passei concordaram com estas naquele momento em que me filiei", escreveu. "É normal o jogador passar por times diferentes, o que não pode é deixar sempre de melhorar o seu jeito de jogar em campo."

Atualmente, Marcelinho é admirador de Bolsonaro, que qualifica como "mais popular e respeitado do país". Integrantes da torcida do Corinthians, clube em que é um dos ídolos, já protestaram contra o presidente. "Eu converso com o cidadão, seja torcedor de um clube ou não."

Não tenho receio nenhum de defender posicionamentos, porque sempre faço as coisas pensando no melhor para a coletividade.

Maurren Maggi (DEM)

Medalhista olímpica, Maurren Maggi já disputou uma eleição para o Senado e agora tenta a Câmara paulistana Imagem: Rio2016/Andre Luiz Mello

A ex-atleta e medalhista de ouro em Pequim 2008 Maurren Maggi, 44, disputou o cargo de senadora na última eleição. Ela não foi eleita, mas saiu com mais de 561 mil votos apenas na capital paulista. De olho nesse número, vai disputar uma vaga na Câmara paulistana.

Se alcançar seu objetivo, pretende focar seu trabalho em projetos de educação para iniciações esportivas. "Não sou a única medalhista olímpica vinda desses projetos", diz.

Mionzinho (Novo)

Victor Coelho, o Mionzinho (esq.), ficou conhecido por ser assistente de Marcos Mion (dir.) na televisão Imagem: Divulgação/Record

O empresário Victor Coelho, 35, é conhecido por seu trabalho com o apresentador de televisão Marcos Mion desde 2005, sendo um assistente que é quase uma cópia do artista e que não fala. Agora, o intérprete do personagem Mionzinho vai usar sua voz.

"É um processo engraçado, assim, de ruptura. Mas é mais para as pessoas entenderem que quem está se candidatando é o Victor, não é o Mionzinho", diz. "O Mionzinho é um personagem de comédia, não tem absolutamente nada a ver com o que a gente quer para a nossa cidade."

No ano passado, ele fez o curso do RenovaBR, um programa de treinamento de novas lideranças políticas. Neste ano, passou pelo processo seletivo do Novo para ser pré-candidato a vereador. "Eu falei: 'Poxa, acho que vale a pena a gente arregaçar as mangas e tentar fazer alguma coisa'. Porque a gente cansa uma hora de ver sempre os mesmos nomes, a mesma política, gente usando cargo só de trampolim", diz Coelho, em sua primeira eleição.

Infelizmente, a gente tem um histórico de pessoas famosas que não fizeram muito pela política. É inevitável as pessoas torcerem o nariz, olhar com desconfiança para a gente. Achar que está ali só para se aproveitar. E aí vai de nós, famosos, mostrarmos lá dentro que a história não é bem assim. Que quem está lá está comprometido, querendo fazer alguma coisa pela cidade.

Neném (PROS)

Neném vai disputar uma vaga de vereadora na eleição deste ano pelo PROS Imagem: Reprodução/Instagram/pepenenemoficial

"Dessa vez, eu falei: quer saber? Estão chamando tanto. Vamos tentar. A gente já tem o 'não'. Vamos atrás do 'sim'", conta a cantora Neném, 45, que faz dupla com a irmã gêmea Pepê, sobre a decisão de disputar a eleição para vereadora em São Paulo.

Se eleita, seu objetivo é "ajudar muita gente". "Se eu pudesse, eu abraçava o mundo. Meu intuito é ajudar geral", conta, lembrando as dificuldades que ela e a irmã já passaram. "Todo mundo sabe da nossa história. Moramos na rua quase um mês, comemos do lixo", diz Neném.

Em São Paulo há 12 anos, ela se diz tranquila para enfrentar as burocracias do cargo de vereador.

São coisas que dá para aprender. Quem não sabe vai a Roma. Vai aprendendo. Aprende a andar. Aprende a falar. Isso aí para mim é o de menos. Se me passar tudo bonitinho, eu aprendo.

Pedala, Robinho (MDB)

Nestor Bertolino, o "Pedala, Robinho", vai disputar sua segunda eleição pelo MDB Imagem: Reprodução/Instagram/pedalarobinhooficial

O humorista Nestor Bertolino Neto, 51, está na televisão há 22 anos, mas o personagem inspirado em um jogador de futebol é o mais marcante de sua carreira, fazendo com que ele seja identificado como o "Pedala, Robinho" até hoje.

Porém, ao contrário de 2018, quando o humorista disputou o cargo de deputado federal —obtendo 780 votos—, agora será Bertolino o candidato, usando o "Pedala, Robinho" apenas na eleição. "Da outra vez, eu estava de Joaquim Barbosa [ex-ministro do Supremo Tribunal Federal]. Eu estava caracterizado. Agora será eu mesmo, na minha roupagem."

Para a Câmara, Bertolino quer levar a discussão de temas de inclusão social. "Eu convivo muito com isso. São aquelas pessoas como eu, gente que tem muita dificuldade no dia a dia e não é vista por ninguém: o deficiente físico, deficiente visual, o autista."

É uma coisa séria. Mostrar que o anão negro que faz humor não é palhaço.

Renata Banhara (Republicanos)

A modelo Renata Banhara é pré-candidata do Republicanos a vereadora na capital paulista Imagem: Gabi Di Bella/UOL

A modelo Renata Banhara, 45, vai disputar uma eleição pela segunda vez seguida. Em 2018, ela conquistou 12,6 mil votos para o cargo de deputada federal, mesmo com dificuldades para fazer campanha em razão de problemas pessoais e de saúde.

Agora, ela diz crer que conseguirá uma vaga na Câmara paulistana para tratar de temas em defesa das mulheres. "Hoje, mais do que nunca, compreendo a extrema necessidade de cada dia mais mulheres estarem inseridas na política, batalhando para garantir os seus direitos", diz ela, que toca também um projeto chamado "Sentinela do Bem", de auxílio a vítimas de violência.

Ser mulher, ser uma figura pública: conheço bem o peso de todos os dedos apontados para mim. Mas não me abato por isso, não. Meu ideal é muito maior que qualquer crítica, deboche. Tenho que fazer sempre um grande esforço, já me acostumei a ser subestimada.

Thammy Miranda (PL)

Thammy Miranda vai disputar a eleição para vereador em São Paulo pelo PL Imagem: Reprodução/Instagram/thammymiranda

O ator Thammy Miranda, 37, ficou perto de entrar na Câmara como vereador na última eleição, em 2016. Com 12,4 mil votos, ficou como suplente. Mas Miranda entrou no legislativo paulistano de outra maneira, como assessor no gabinete do vereador Isac Felix (PL). "Essa passagem me deu uma experiência interessante para conhecer os ritos do legislativo e ver o quão fundamental é mudar algumas práticas", escreveu o filho da cantora Gretchen. Miranda e Felix serão concorrentes por uma cadeira na Câmara neste ano.

A fama, porém, tem seus extremos na disputa da eleição, na sua avaliação. "Ajuda de certa maneira porque, ao ser conhecido, é mais fácil levar meu nome para as pessoas, mas, por outro lado, elas já têm alguma concepção sobre mim."

Puxadores de votos?

A presença de famosos pode ajudar partidos a conquistarem mais cadeiras na Câmara em razão do quociente eleitoral. Ele é formado com base nos votos válidos, cujo total é dividido pelo número de cadeiras da Casa.

Este resultado vai servir como base para saber quantas cadeiras cada partido terá direito. Os votos obtidos pelo partido são divididos pelo quociente eleitoral. Na sequência, as cadeiras de cada sigla são preenchidas por seus candidatos mais votados. Dessa forma, não necessariamente os mais votados são eleitos.

Mas é bom lembrar que nem sempre famosos são puxadores de voto. Os que já tiveram experiência em eleições passadas citados neste texto, por exemplo, nunca foram eleitos.

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