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Marta fica fora da eleição, e Solidariedade vai conversar com França

Lucas Lima/UOL
Imagem: Lucas Lima/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

09/09/2020 16h47Atualizada em 09/09/2020 18h17

A ex-senadora Marta Suplicy (Solidariedade) não vai disputar a Prefeitura de São Paulo neste ano e não será vice do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), pré-candidato à reeleição. Em reunião realizada hoje com o marido de Marta, Márcio Toledo, o Solidariedade decidiu que irá procurar a campanha de Márcio França (PSB) para apoiá-lo.

"Diante de todo o esgotamento de conversa, nós vamos procurar o Márcio França", disse ao UOL o presidente municipal do Solidariedade, Pedro Nepomuceno. "Marta decidiu não ser candidata a prefeita. E o PSDB já decidiu que ela não será vice na chapa do Bruno Covas."

Segundo Nepomuceno, pelo fato de o partido não se sentir prestigiado nas conversas com os tucanos, "nós vamos construir um caminho de centro-esquerda agora com o Márcio França".

O partido, que tem o deputado federal Paulinho da Força (SP) como principal liderança, deverá definir sua situação até 13 de setembro, próximo domingo, quando fará sua convenção de maneira virtual.

Marta era cotada para ser vice do atual prefeito paulistano, Bruno Covas (PSDB), pré-candidato à reeleição. Ela defende a criação de uma frente ampla em razão do atual cenário político; a ex-senadora faz oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Contudo, a composição entre Marta, ex-petista, e Covas era vista com ceticismo por parte dos tucanos e já era descartada em conversas informais.

A ex-senadora também foi sondada como possível vice em uma chapa com Márcio França (PSB). Mas acenos do pré-candidato a Bolsonaro afastaram uma possibilidade de acerto envolvendo Marta.

"A gente começa a conversar com o Márcio França a partir de amanhã. A gente vai tentar uma possibilidade [de indicar o vice na chapa]", diz Nepomuceno. O partido diz não acreditar na possibilidade de Marta aceitar ser vice de França. Pessoas no entorno de Marta dizem que ela deve apoiar Covas na eleição mesmo sem estar diretamente na disputa.

Há a possibilidade inclusive de ela deixar o Solidariedade, hipótese que o presidente do partido não conseguiu confirmar no momento. Marta ainda não se manifestou a respeito.

Olho em Covas

Com Marta fora, agora todas as atenções voltam-se para a chapa de Bruno Covas. Até o momento, ele não anunciou quem seria seu vice. Seu discurso oficial é que só falará sobre eleição a partir do dia 12 de setembro, quando o PSDB realizará sua convenção.

A expectativa é que o nome anunciado seja do MDB —um dos nove partidos já aliados à candidatura de Covas— ou do próprio PSDB. Se um tucano ocupar a vice, os nomes mais citados são do ex-deputado federal Ricardo Tripoli e da senadora Mara Gabrilli.

É provável que o escolhido seja Tripoli, por seu histórico com o atual prefeito e por sua habilidade de articulação política. Contra Gabrilli pesa o fato de, se ela deixar o cargo, a cadeira tucana no Senado ficar com seu primeiro suplente, Alfredo Cotait, do PSD, que já tem Andrea Matarazzo como candidato a prefeito.

Partidos aliados, porém, têm demonstrado ser contra uma chapa pura. Em conversa com o UOL, lideranças de siglas já acertadas com o PSDB avaliam que uma composição tucana seria "desmoralizante" para os aliados, podendo passar a ideia de que eles não possuíram quadros bons para ser vice.

Corre por fora ainda a possibilidade de o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) ser vice de Covas. O PSDB tem conversas com o partido do parlamentar, que já o lançou como pré-candidato, mas que aguarda as convenções para decidir se confirma a candidatura de Russomanno.

Caminhos

O Solidariedade estava dividido a respeito de como se posicionar nesta eleição. Havia o grupo que gostaria de ficar na aliança com Covas e o que desejava se unir à pré-candidatura de França. Atualmente, o partido faz parte do governo tucano e ocupa a subprefeitura Santana-Tucuruvi. Ocupante do cargo, o presidente municipal do Solidariedade, Pedro Nepomuceno, vai deixar a função a partir de hoje.

Uma terceira ala desejava a candidatura de Marta, principalmente para servir de chamariz para as candidaturas do partido para a Câmara Municipal. O Solidariedade não possui vereadores nesta legislatura.

Como cabeça de chapa, Marta perdeu força fora do PT. Em 2008, quando ainda estava entre os petistas, recebeu cerca de 2 milhões e foi ao segundo turno. Na última eleição, em 2016 — filiada ao MDB e disputando espaço com o PT—, obteve praticamente um quarto dessa marca: 587 mil votos e ficou em quarto lugar.