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Orlando Silva registra B.O. em delegacia contra ataques racistas à campanha

Eleição para prefeito de São Paulo tem apenas 3 negros entre 13 candidatos; Orlando Silva é um deles - 29.out.2020 - Danilo M. Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo
Eleição para prefeito de São Paulo tem apenas 3 negros entre 13 candidatos; Orlando Silva é um deles Imagem: 29.out.2020 - Danilo M. Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo

Afonso Ferreira e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

03/11/2020 11h53Atualizada em 03/11/2020 12h24

Candidato a prefeito de São Paulo pelo PCdoB, o deputado federal Orlando Silva registrou um boletim de ocorrência contra ataques racistas que sofreu nas redes sociais. Entre os 13 candidatos que disputam a Prefeitura de São Paulo, Silva é um dos três negros que participam da corrida.

Nesta manhã, o candidato foi ao 26º Distrito Policial, no Sacomã, na zona sul, para pedir a abertura de um inquérito policial com base no artigo 140 do Código Penal, referente ao crime de injúria. A pena prevista varia entre um e três anos de prisão.

Silva apresentou seis mensagens em que é ofendido com expressões como "rico em melanina" e "negro de 'alma branca' com tudo de ruim". Outra mensagem pede para que o candidato "não entre na minha casa no horário político". "Volta para suas origens, coisa feia dos infernos".

No documento apresentado à polícia, o candidato diz que, "como homem negro e militante antirracista, os comentários acima me causaram profundo repúdio e indignação". A campanha de Silva tem focado no tópico contra o racismo em seus espaços no rádio e na televisão.

Sem polícia

Também negro, Antônio Carlos, candidato do PCO a prefeito, diz que sua campanha também é alvo de ataques e ofensas. Ele, porém, prefere não acionar a Justiça e a polícia a respeito deles. "Nos opomos à política de setores da esquerda de buscar refúgio na polícia e na Justiça racistas e golpistas, o que só reforça o poder desses aparatos".

Para ele, "a solução para esses problemas só pode estar na própria mobilização dos explorados, da esquerda, do movimento negro, pelos meios que forem necessários". "Não temos nenhuma ilusão no caráter 'democrático' do atual regime", diz, citando como exemplo uma candidata do PCdoB a vereadora em Resende (RJ) que, após registrar queixa por violência contra mulher, foi detida por desacato.

A campanha de Vera Lúcia (PSTU), negra como os candidatos do PCdoB e do PCO, não respondeu se ela foi alvo de ataques racistas.