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França se opõe a Covas e Boulos, e tabela com Russomanno em debate

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 12h06Atualizada em 11/11/2020 16h12

Em um debate protagonizado pelos candidatos à Prefeitura de São Paulo Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), o ex-governador Márcio França (PSB) esteve apagado. Mas, para tentar se reacender, se opôs a Covas e Boulos e tabelou com o candidato Celso Russomanno (Republicanos). O debate foi promovido hoje pelo UOL e pela Folha de S. Paulo.

Covas lidera as pesquisas de intenção de voto, enquanto os outros três brigam por uma vaga no segundo turno. A votação é neste domingo (15).

Contra Covas, França reavivou o debate contra então candidato a governador João Doria (PSDB) em 2018, e reafirmou que sempre que foi eleito cumpriu todo o mandato. Também criticou o dinheiro investido nos hospitais de campanha feitos para o combate ao coronavírus, dizendo que o ideal seria que os hospitais deixassem herança.

"Quase R$ 90 milhões foram gastos. Estão quase desmontados os três, dois já foram desmontados. Evidentemente que se tivesse aplicado o recurso para deixar a herança nos hospitais que estavam em obras talvez pudesse adiantar um pouquinho", afirmou França. Covas se defendeu ao dizer que entregou oito hospitais definitivos -o que o candidato Boulos afirmou ser mentira.

Já contra Boulos, o debate foi mais intenso. Surfando na onda de ataques de Russomanno ao candidato do PSOL, França disse que Boulos é arrogante. Ele citou que o psolista pode ter boas intenções, mas não tem prática na gestão pública. "Quando eu era bem jovem, eu também tinha vontade de jogar futebol no Santos", ironizou.

Boulos respondeu que tem um "compromisso de vida" e que atua há 20 anos na militância. Reafirmou que, apesar de ter nascido em uma família abastada financeiramente, preferiu viver em um bairro da periferia da capital. "Não sou gente que aparece a cada 4 anos para comer pastel, tirar foto, fazer promessa", disse.

Para criticar França, Boulos ironizou o fato de o candidato do PSB afirmar que foi prefeito de São Vicente (SP). "Com todo respeito, o senhor foi prefeito de São Vicente", ironizou. França respondeu: "São Vicente tem 400 mil habitantes. Você foi prefeito de onde? Você trabalhou em algum cargo desses públicos? Tem uma noção mínima de orçamento?", questionou.

França ainda citou a vice de Boulos, Luiza Erundina: "A Erundina foi minha companheira, votou em mim vários anos seguidos para líder, para presidente do partido, enfim, mas a Luiza deixou a prefeitura na mão do Paulo Maluf. Ela perdeu a eleição para o Paulo Maluf, então, por algum motivo, não conseguiu ser tão boa assim que agradasse a todo mundo", afirmou.

Já com Russomanno, França tabelou. Chegou a questionar se o eleitor que votou nele para deputado poderia utilizar o código do consumidor contra Russomanno, para voltar a dizer que cumpre a palavra a seus eleitores de cumprir o mandato integralmente.

Lula, Bolsonaro e Doria

Questionado sobre as virtudes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de Doria e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), França afirmou que o primeiro é um "líder", o segundo é "autêntico" e o terceiro, "aguerrido".

França afirmou que Lula é "líder popular inegável, foi o líder que mais teve voto, um pessoa que veio de uma origem muito simples, conseguiu montar um dos maiores partidos que já se viu no Brasil".

"O Bolsonaro na minha visão é autêntico, o que ele fala eu posso discordar, mas evidentemente ele está falando o que pensa, ele foi eleito por esse fato. É uma pessoa que, ao longo da vida, nunca negou esse jeito. [Bolsonaro] não teve ao longo da vida o meu voto, mas não quer dizer que isso não faça dele uma pessoa legítima para exercer a Presidência", afirmou França.

Sobre Doria, com o qual teve embate nas últimas eleições para governador em primeiro e segundo turnos, França disse que o tucano é "aguerrido", mas afirmou que ele não tem "sensibilidade social" e não consegue entender "a questão do povo".

"Aliás, ele, nesse instante, está desaparecido, não é? Ninguém consegue ver o Doria. Aí o Bruno está certo, porque é uma situação muito difícil você arrastar o contêiner que é o João Doria do ponto de vista eleitoral, uma pessoa muito dura, se mete em tudo, tem mania, enfim, mas especialmente não tem sensibilidade social", completou França.