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Quem é Oswaldo Eustáquio, bolsonarista que divulgou vídeo contra Boulos

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 12h26Atualizada em 11/11/2020 15h10

O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) foi questionado hoje por Celso Russomanno (Republicanos), em debate promovido por UOL e Folha de S. Paulo, sobre uma suposta empresa fantasma que teria recebido dinheiro do psolista. Boulos rebateu perguntando se Russomanno estava fazendo "pegadinha" durante o debate.

Um vídeo divulgado pelo blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio foi publicado concomitantemente ao debate e aponta para um suposto "laranjal" de Boulos.

"O esquema foi montado para fraudar a campanha em 2020. Uma empresa foi aberta apenas para receber R$ 500 mil e desviar o dinheiro público. Nossa equipe foi até o local em que deveria funcionar a empresa e explodiu o esquema", escreveu Eustáquio no YouTube.

Russomanno usou das informações para acusar Boulos de ter pagado R$ 528 mil a "produtoras fantasmas". A acusação foi reafirmada ao final do debate — Eustáquio já foi preso por divulgar fake news.

"Celso, eu desconheço essa reportagem, é do seu site? Do seu programa? Precisa dizer de onde tira as coisas. Você colocou nas redes sociais e veio fazer pegadinha em debate? Celso, pelo amor de Deus, parece que você está desesperado porque está caindo nas pesquisas e começa a querer tratar o debate desse jeito", rebateu Boulos.

Questionado após o debate sobre o perfil do acusador, Russomanno disse que Eusáquio "foi ao local e não existia empresa". "É grave. Se o dinheiro é público, se veio do Fundo Eleitoral ou Fundo Partidário, é crime", voltou a acusar.

A campanha de Boulos afirma que as informações são falsas. "As empresas prestadoras de serviço estão trabalhando em home office por conta da Pandemia, conforme está no próprio contrato da campanha. E estão abertas para qualquer esclarecimento", diz texto distribuído logo após o debate.

A campanha de Russomanno não esclareceu ao UOL se a acusação contra Boulos foi pautada no vídeo produzido por Oswaldo Eustáquio. A reportagem questionou se o candidato tem conhecimento sobre a disseminação de notícias falsas por parte do blogueiro, mas não houve retorno.

Um assessor informou que "independente da fonte, se for verdade é muito grave. A nossa equipe vai levantar esse caso".

Militante bolsonarista

Eustáquio é militante bolsonarista e foi preso pela Polícia Federal em 26 de junho. A PF alegou que o blogueiro estava utilizando táticas para não ser localizado e o prendeu para amenizar o risco de fuga. Ele é investigado na Operação Lume, inquérito que apura financiamento, apoio e organização de atos antidemocráticos que defendem o retorno da Ditadura Militar e o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).

O blogueiro já apareceu em lives com o ex-deputado condenado no processo do "mensalão" Roberto Jefferson, como quando o líder do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) defendeu que haveria uma tentativa de golpe contra Jair Bolsonaro (sem partido). Ele também foi assessor da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, durante o governo de transição.

Ainda no âmbito das investigações da PF, Eustáquio defendeu em suas redes sociais a soltura da ativista de extrema-direita Sara Winter. Ela e mais seis militantes do extinto "Acampamento dos 300" também foram presos pela PF, mas soltos em junho. Eles estão em suas casas monitorados por tornozeleiras eletrônicas e impedidos e manter contato com outros investigados.

De acordo com reportagem do The Intercept Brasil, Eustáquio é acusado na Justiça de de publicar reportagens para atacar empresas que disputam licitações, acusando-as de serem laranjas de uma das principais companhias do mercado financeiro. O blogueiro teria sido pago para beneficiar uma concorrente dessas empresas.

Durante a pandemia, ele propagou informações falsas sobre a origem do novo coronavírus, afirmando que ele foi criado em um laboratório pelo Partido Comunista da China. À época, o UOL checou as informações e concluiu que se tratava de uma propagação de notícia falsa.

Em suas redes sociais, o blogueiro se apresenta como "jornalista Investigativo censurado pelo STF (DRT 8852). Preso por denunciar um golpe contra Bolsonaro. Conservador, pai, cristão, filho de Subtenente infante".