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Adiamento em Macapá deixa candidatos sem verba e sem alcance nas redes

A partir da esq., Ramilton Farias, Eduardo Neves, Janaina Correa e Maraina Martins, candidatos em Macapá - Arte/UOL
A partir da esq., Ramilton Farias, Eduardo Neves, Janaina Correa e Maraina Martins, candidatos em Macapá Imagem: Arte/UOL

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

19/11/2020 04h00

O adiamento das eleições em Macapá pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a apenas três dias da votação, causou frustração aos candidatos.

Com menos recursos, os concorrentes ouvidos pelo UOL relatam a incerteza de como vão dar andamento às campanhas em meio ao apagão elétrico que atinge 13 das 16 cidades do Amapá desde 3 de novembro. Outro apagão foi registrado ontem por algumas horas.

O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sugeriu ontem as datas de 6 e 20 de dezembro para primeiro e segundo turno, respectivamente. As datas são consideradas muito distantes pelos candidatos e resultantes de mais gastos.

Os dez que concorrem à prefeitura assinaram uma carta em 14 de novembro pedindo que o pleito fosse adiantado para 29 novembro. Essa data é inviável para o TRE, que alega impossibilidade técnica de apurar os votos do primeiro turno em Macapá com os do segundo turno no restante do estado.

O TSE ainda precisa homologar as datas e publicar prazos para campanha de rua e propaganda de rádio e TV. Com isso, os candidatos estão com dificuldades para fazer um planejamento.

Sem dinheiro

O jornalista Eduardo Neves (PSB) disputa o cargo de vereador pela primeira vez. Ele disse que recebeu R$ 10 mil do Fundo Eleitoral e se programou para usar o recurso em 45 dias.

"O adiamento prejudicou quem tem menos poder aquisitivo. Fazemos um planejamento para chegar até 15 de novembro. Como a campanha se estendeu em um mês, acabou prejudicando muito a gente. Não tem verba."

Ele tenta ajuda da militância. "Vamos apostar em pessoas que têm certo compromisso com a gente. Por hora, mantemos vivas as atividades com nossos amigos e simpatizantes", diz.

O candidato a vereador Ramilton Farias (DEM) tem a mesma lógica. "Nossa campanha é pequena com apoio apenas da família e simpatizantes. Entrei com a bandeira da esperança e agora estou com a da resiliência."

Foi tudo por água abaixo porque não sabemos nem quando será a eleição e a campanha está parada
Ramilton Farias (DEM), candidato a vereador

Campanha nas redes sem internet?

Com a verba curta, os candidatos migraram para as redes sociais, já que a campanha de rua exige custo com pessoal, transporte e alimentação. Mas o alcance acaba limitado pela falta de energia.

"Isso nos pegou de surpresa. O apagão afetou toda a população. Em relação ao nosso trabalho, estamos agora em replanejamento", diz Maraína Martins (Podemos), que tenta a reeleição para um segundo mandato.

Janaína Corrêa (PCdoB) diz que vem lidando com a falta de recursos desde o início da campanha. Ela conta que a maioria da sua militância é voluntária, o que a fez estabelecer uma base digital nas redes sociais antes do adiamento. A ideia agora é intensificar essa estratégia.

"O que tem salvado candidaturas sem recursos, são as redes sociais. Mas, sem energia, não tem internet. Isso é até maior que o problema do adiamento, pois ficamos sem nosso único campo da atuação", afirma.

Entre os prefeitos, igual indefinição

Na disputa para prefeito, todos os postulantes aceitaram o adiamento da votação, mas discordaram da data por prolongar muito a campanha.

Josiel Patricia - Reprodução/Facebook/Arte-UOL - Reprodução/Facebook/Arte-UOL
Josiel Alcolumbre (DEM) e Dra. Patrícia Ferraz (Podemos) disputam a prefeitura em Macapá
Imagem: Reprodução/Facebook/Arte-UOL
Com 22% dos votos válidos no Ibope, Josiel Alcolumbre (DEM) disse que teve de se readequar. "Fomos muito propositivos na campanha, sendo isso que nos fez líder nas pesquisas. Vamos continuar assim, respeitando as novas regras da Justiça Eleitoral e sanitárias", afirmou.

Já o publicitário e consultor político Carlos Sérgio, que coordena a campanha de Patrícia Ferraz (Podemos), apontou para o teto de gastos como empecilho para definir o cronograma.

"Para montar um planejamento, temos que possuir um teto de gastos, mas ninguém sabe ainda como vai ser. Sobre a militância, isso é um balde de água fria. Nossa militância já trabalhou 45 e agora temos quase mais 30? E quem for para o segundo turno, vai passar o Natal pedindo voto ou presente?"

Dr. Furlan (Cidadania) reclama que a demora do TSE acaba deixando a campanha parada. "Todo o cronograma foi modificado. A campanha está prejudicada", diz.