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PDT anuncia apoio a Lula no 2º turno, e Lupi diz que Ciro 'não viajará'

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

04/10/2022 13h00Atualizada em 04/10/2022 14h58

O PDT, partido de Ciro Gomes, anunciou nesta terça-feira (4) apoio unânime ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o segundo turno. As lideranças pedetistas se reuniram online pela manhã. Ciro divulgou pronunciamento no início da tarde e informou que endossa a decisão do partido —mas não citou o nome do ex-presidente.

"Ciro endossa integralmente a decisão do partido", disse o presidente do PDT, Carlos Lupi, em entrevista à imprensa, por volta das 13h. O candidato derrotado publicou seu posicionamento, em gravação, cerca de uma hora depois nas redes sociais.

O Ciro não viajará, ficará aqui no Brasil e já declarou esse apoio."
Carlos Lupi, presidente do PDT

Esse é o primeiro apoio partidário que o petista recebe após o primeiro turno. Ontem, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, já declarou apoio a Lula —mas falta a oficialização partidária. No primeiro turno, a sigla, que compõe federação com o PSDB, estava com Simone Tebet (MDB).

Tebet é, inclusive, outro nome cobiçado pelos petistas. Nesta semana, o MDB liberou os diretórios para declararem apoio a quem preferissem —Lula já tem apoio de 12 deles desde o primeiro turno, mas o PT quer a ex-presidenciável.

Em seu discurso após a eleição, ela indicou que tomaria posição —os petistas entendem que seja em prol de Lula. "Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada. Eu tenho lado, e vou me pronunciar no momento certo", disse Tebet.

Lula teve 48,43% dos votos, contra 43,20% para Jair Bolsonaro (PL) —os dois foram para o segundo turno. Tebet ficou em terceiro lugar, com 4,16%, seguida por Ciro, com 3,04%.

Apoio programático. Referindo-se aos números de PDT e PT, Lupi disse que chama a candidatura de "12 mais 1".

De acordo com ele, o apoio se dá no "comprometimento" do PT de incluir no plano de governo os projetos de renda mínima, de renegociação de dívida e de escolas de ensino integral.

O presidente do partido afirmou ainda que o partido vai sugerir ao PT a criação de um Código Brasileiro de Trabalho, para rever normas aprovadas que tenham, na opinião do PDT, prejudicado os trabalhadores.

Ciro não citou Lula. O candidato derrotado do PDT disse que acompanha o apoio do partido, mas não falou o nome de Lula na gravação divulgada no início da tarde. Disse que não pediu nem vai aceitar nenhum cargo em futuro governo. "Quero estar livre", afirmou.

Gravo esse vídeo para dizer que acompanho a decisão do meu partido, o PDT. Frente às circunstâncias, é a última saída. Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado tanto que reste para os brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias."
Ciro Gomes (PDT)

Também falou que pretende seguir "estudando e apresentando ideias" sobre a gestão federal e que vai fiscalizar a acompanhar a gestão.

Sudeste é o foco. Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram a semana recalculando a rota e buscando novas alianças para a próxima votação. Os adversários focam na região Sudeste e também em ampliar a vantagem nos lugares que venceram no primeiro turno.

O atual chefe do Executivo já conseguiu apoio do governador reeleito de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) e de Claudio Castro (PL), governador reeleito do Rio de Janeiro. O governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) deve ter reunião com Bolsonaro ainda hoje.

Zema e o presidente se encontraram hoje no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde o governador mineiro anunciou apoio oficial a Bolsonaro e disse que ambos superaram "divergências" para construção da aliança".

Amanhã, Bolsonaro deve se encontrar com o governador do Distrito Federal e seu aliado, Ibaneis Rocha (MDB), também reeleito em primeiro turno.

Ciro x Lula. Segundo o colunista do UOL Kennedy Alencar, antes de anunciar apoio, o presidente do PDT perguntou à colega do PT, Gleisi Hoffman, se o apoio de Ciro Gomes a Lula seria bem aceito. Isso porque o candidato pedetista e Lula trocaram farpas nas últimas semanas de campanha do primeiro turno. Gleisi respondeu que o suporte direto de Ciro seria bem visto.

Ciro reclamou da campanha pelo "voto útil" em Lula, como uma maneira de vencer Bolsonaro.

"O processo às vezes descamba, no calor da emoção", disse Lupi, na coletiva. "Eu falo pelo partido e ele [Ciro] participou da reunião e disse que endossa integralmente a decisão do partido [de apoiar Lula no segundo turno]."

Mais apoios. A cúpula da campanha de Lula se reúne neste momento no QG em São Paulo para debater agenda e apoios —o ex-presidente deve voltar às ruas nesta semana, a começar por São Bernardo do Campo, no ABC paulista, seu berço político.

A expectativa é que o presidente do PDT, que foi ex-ministro de Lula, se reúna com o petista entre hoje e amanhã para selar o apoio e posar para a foto.

Lupi já havia anunciado que nunca apoiaria Bolsonaro, mas esperava que o PT abarcasse algumas propostas da campanha de Ciro no seu programa de governo —o que foi acolhido.

O único suspense é se Ciro, que se tornou um dos mais ácidos críticos de Lula nos últimos meses, aparecerá na imagem ou só declare o "apoio crítico". Lupi disse que o PDT subirá ao palanque quando for convidado —mas não citou o nome de Ciro nesta decisão.

Sem definição. O PDT ainda não decidiu apoio ao governo do estado de São Paulo. O ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) vão disputar o segundo turno.

Tarcísio já conseguiu aliança de Rodrigo —mas o atual governador não deve subir no palanque bolsonarista. O candidato do PDT para o cargo, Elvis Cezar, recebeu 1,21% dos votos —pouco mais de 280 mil pessoas.