Prefeito de Manaus, que xingou Guedes de 'imbecil', decide apoiar Bolsonaro

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), declarou hoje apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao nome de Wilson Lima (União Brasil), que disputa o Executivo estadual com o atual governador Eduardo Braga (MDB).
A manifestação ocorre pouco mais de dois meses depois de Almeida criticar o governo federal e chamar o ministro Paulo Guedes (Economia) de "imbecil", durante evento com apoiadores.
Num discurso, em agosto deste ano, Almeida disse que votou em Bolsonaro em 2018, mas pediu para a população cobrá-lo por trabalhos e por optar seguir com Guedes no governo.
"Que autoridade, um prefeito, governador, não tem para impor-se ante o seu secretário? Qual autoridade que o presidente não tem para com o seu ministro? O pior ministro da Economia de todos os tempos se chama Paulo Guedes. Abram os olhos. Nós temos a maior inflação de todos os tempos, pior índice de desemprego, o pão e o ovo são R$ 0,50, a conserva é R$ 15, gasolina está quase R$ 8, o gás está mais de R$ 110, a energia está cara", disse à época.
E sabe qual é o culpado para o imbecil do Paulo Guedes? A Zona Franca que significa menos de 0,9% do PIB brasileiro. Um imbecil desse que nunca recebeu um voto vem prejudicar o povo da minha cidade. A minha posição com relação a Bolsonaro é essa, eu votei nele, mas eu cobro ele, ele tem que respeitar o povo que ele elegeu. Continuou David Almeida, prefeito de Manaus
Durante o evento, Almeida reforçou os votos que Bolsonaro teve na região em 2018 e declarou que o governo federal não defende os empregos da população local.
"Eu queria estar podendo dizer aqui: olha, o presidente Bolsonaro, que teve 67% dos votos em Manaus, liberou R$ 1 bilhão para a gente asfaltar as ruas do Alvorada. Não tem um real do governo federal aqui. Eu queria estar podendo dizer aqui: defendeu os empregos da Zona Franca de Manaus. Isso não está acontecendo."
Aqui não tem nenhum leso. Eu não sou otário e nem o povo do meu estado. O cara teve 67% dos votos aqui. A gente não tem que ficar aplaudindo ele acabar com nossos empregos. A gente tem que cobrá-lo. David Almeida, prefeito de Manaus
Antes da fala em que citou o presidente, Almeida havia declarado que tem políticos que receberam os votos dos amazonenses, se elegeram, porém, não defendem o emprego deles e se voltam a políticas e repasses para a região Sul do país.
"Tem gente que foi eleito com o voto do amazonense, manauara, que não defendeu e não defende o emprego de vocês. Tem coragem de defender o pessoal do Sul e não defende o povo que os elegeu. E tem gente que é contra a Zona Franca de Manaus e quer se eleger para acabar com a Zona Franca de Manaus. Eu vou falar em todos os bairros que eu for contra essa gente, que está querendo levar o meu povo, a minha cidade, à fome."
Bolsonaro diz que resolveu pendências com prefeito de Manaus. Hoje, no encontro com Almeida, Bolsonaro disse ter resolvido pendências em relação às negociações para cobrança de tributos na Zona Franca de Manaus. "Obtive todas as respostas necessárias", declarou o prefeito, sem explicar detalhes do acordo.
Em 16 de setembro, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes revogou medida cautelar concedida por ele próprio, em maio deste ano, que havia suspendido a redução da cobrança do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).
A decisão fez com que o decreto editado por Bolsonaro permitindo a redução do IPI apenas para produtos que não concorram com os da Zona Franca de Manaus voltasse a valer.É do interesse da Prefeitura de Manaus, portanto, que a situação não seja alterada caso o atual governante federal seja reeleito. Indagado hoje sobre as negociações, Bolsonaro declarou apenas que está tudo resolvido.
"No primeiro turno, não caminhei com o presidente, isso é fato. Mas agora, tratando-se do futuro do nosso país e investimentos, na Zona Franca de Manaus, obtive do presidente aquilo que o povo do Amazonas precisava ouvir", disse Almeida.
"Nosso modelo de desenvolvimento da Zona Franca preserva 97% da floresta amazônica. De cada R$ 1 de imposto que se libera para o Amazonas, devolvemos R$ 1,30. Arrecadamos 45% de todos os impostos federais no Norte do país graças a esse modelo de desenvolvimento. É o modelo mais exitoso de preservação ambiental do planeta. Estamos batalhando para manter floresta em pé, e a Zona Franca é primordial", disse.
Aumento do corte no IPI. Após longo vaivém, o governo federal cumpriu promessa de ampliar o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 25% para 35% com a edição de um decreto na noite de quinta-feira, em medida que preservará parcialmente os incentivos à Zona Franca de Manaus.
*com Beatriz Costa, Giovanna Galvani e Hanrrikson de Andrade, do UOL em São Paulo e Brasília
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