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Evento preferido no 1º turno, motociata desaparece da campanha de Bolsonaro

Bolsonaro não realizou nenhuma motociata no segundo turno de campanha - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro não realizou nenhuma motociata no segundo turno de campanha Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

12/10/2022 04h00

Esta quarta-feira marca o décimo dia do segundo turno da corrida presidencial. Neste tempo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) posou para fotos com governadores aliados, encontrou empresários em Minas Gerais e prefeitos no Sul. Só não realizou motociata.

A situação contrasta com o que ocorreu no primeiro turno. Bolsonaro elegeu o formato motociata seguida de comício o modelo ideal de pedir votos. Isto ocorreu desde o primeiro minuto da corrida presidencial. O presidente abriu a campanha em Juiz de Fora (MG) e o ato inicial foi uma motociata do aeroporto até o centro da cidade.

Outras prioridades. O fato de apoiadores não serem convocados para colocar suas motos nas ruas não significa que este tipo ato foi banido da campanha de Bolsonaro. A justificativa para seu momentâneo desaparecimento é que os movimentos iniciais do segundo turno foram dedicados à construção de alianças.

A equipe de Bolsonaro explica que concentrou sua energia em distribuir suas peças no tabuleiro eleitoral, uma metáfora para a costura de apoios. O passo seguinte é ir ao ataque. Esta segunda etapa está em curso e quando a campanha considerar que é conveniente, as motociatas deverão ser convocados a cumprir sua função.

jm - RENATO CABRINI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - RENATO CABRINI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Presidente participa de motociata sem capacete
Imagem: RENATO CABRINI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

As vantagens da motociata. Todas as motociatas realizadas no primeiro turno foram parar nas redes socias do presidente e de seus aliados. Estes atos são considerados grandes ativos no quesito imagens. Conseguem mostrar uma área extensa coberta por gente de verde e amarelo.

Na equipe de Bolsonaro, as cores da bandeira são classificados como o maior outdoor possível e muitos apoiadores vestidos com esta combinação sugerem significativo engajamento da população. O discurso do "datapovo" de Bolsonaro - narrativa de que tem apoio popular e sofre um boicote de veículos de imprensa - costuma usar vídeos de motociatas.

Outra vantagem atribuída a estes atos é sua capacidade de ser assunto na cidade onde o Bolsonaro aparece. Com centenas ou milhares de motos percorrendo as principais vias municipais fica impossível ignorar a presença do candidato.

As contraindicações da motociata. Ainda que cumpram uma papel considerado importante na estratégia de comunicação da campanha e no engajamento de bolsonaristas, há resistências a motociata dentro da equipe do presidente. O primeiro motivo é que o candidato não usa capacete em muitas ocasiões.

O histórico destes atos também incomoda. As motociatas sugiram durante a pandemia e causavam aglomerações numa época em que especialistas em saúde pública defendiam o isolamento social. Outra razão é ser um evento muito masculino.

Em uma campanha que tem dificuldades no eleitorado feminino como a de Bolsonaro, não seria produtivo gastar tempo em eventos com forte conotação masculina, que não servem para diminuir a rejeição dele entre mulheres e nem renda votos.

Possibilidade de fechamento de campanha. No sábado anterior a votação do primeiro turno, Bolsonaro realizou duas motociatas - uma em São Paulo e outra em Joinville (SC).

Pelas características citadas de engajamento e se fazer notar, a motociata é forte concorrente para ser a maneira que o presidente vai escolher para fechar a corrida eleitoral.