Periferia e igreja são destinos dos candidatos de SP em largada de campanha
Do UOL, em São Paulo
15/08/2024 19h05Atualizada em 15/08/2024 20h19
Os seis candidatos à Prefeitura de São Paulo escolheram a igreja e a periferia para dar início a largada da campanha. A partir desta sexta-feira (16), os concorrentes podem pedir voto, realizar comícios e distribuir santinhos.
O que aconteceu
Adversários farão caminhadas nos extremos leste e sul da cidade. A periferia da capital paulista tem sido explorada nos discursos dos candidatos, que dizem conhecer "o outro lado da ponte".
Em busca da reeleição, Ricardo Nunes (MDB) repetirá ato de Bruno Covas na campanha de 2020. O prefeito participará de missa às 7h na Catedral de Santo Amaro, na zona sul, seu reduto eleitoral — também estará presente Tomas Covas (PSDB), filho de Bruno, que morreu em 2021, deixando a prefeitura para o então vice, Nunes.
Nunes tem reafirmado que trabalha para "continuidade da gestão de Covas". A ida para missa também é um aceno ao eleitor religioso — o prefeito está empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL) nas intenções de voto dos católicos, segundo Datafolha. Entre os evangélicos, o empate é com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
Guilherme Boulos (PSOL) começa o dia com café da manhã com a vice Marta Suplicy (PT), em sua casa, no Campo Limpo, também na zona sul. Depois, ambos farão uma caminhada pelo comércio do bairro. Está previsto para o final do dia, um ato de campanha em Itaquera, na zona leste.
A campanha do deputado quer dar visibilidade a Marta na chapa. A gestão da petista na cidade teve boa aprovação na periferia, apesar de não ter conseguido a reeleição. O candidato do PSOL enfrenta o desafio de melhorar as intenções de voto entre eleitores de renda e escolarização mais baixas — ele perde para Nunes, segundo Datafolha.
José Luiz Datena (PSDB) não tem previsão de sair às ruas de São Paulo nesta sexta. Ele afirmou ao UOL que irá a Aparecida, no Vale do Paraíba, onde fica a basílica de Nossa Senhora da Aparecida. Datena fez apenas uma agenda na rua até hoje — ele foi ao Mercadão, onde posou para fotos. Sua equipe minimiza o número restrito de eventos até agora e diz que o apresentador já é conhecido pela população.
Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) iniciam campanha eleitoral na periferia. O empresário visita Cidade Tiradentes, um dos bairros mais populosos da cidade, e a deputada vai para uma escola municipal da Brasilândia, na zona norte. Interlocutores da candidata afirmam que este é um momento importante para torná-la mais conhecida, principalmente na periferia. Ela encerrará o dia em evento no Butantã, zona oeste, onde lançará plano de governo.
Marina Helena (Novo) também não tem previsão de agenda na rua. Ela participará de sabatina da TV Record, marcada para às 12h30.
Clima hostil marca começo de campanha
Depois da periferia, candidatos vão à região central em horários próximos. Marçal tem caminhada marcada às 12h na rua 25 de Março. Às 12h30, Boulos inicia no Theatro Municipal uma volta pelas ruas do entorno. Tabata visitaria o Mercado Municipal, na mesma área, às 12h — mas o evento teve a realização cancelada por volta de 19h desta quinta (15).
Boulos e Marçal protagonizaram momento de tensão e troca de xingamentos na quarta (14). Em debate organizado pelo Estadão/Terra/Faap, o empresário exibiu uma carteira de trabalho para o deputado com a intenção, segundo o ex-coach, de "exorcizar" o adversário. Ao tentar tirar o objeto das mãos de Marçal, o candidato do PSOL deu um tapa na carteira.
No primeiro confronto entre os candidatos, foi Marçal quem perdeu o controle após uma pergunta de Tabata. O empresário gritou e foi agressivo ao ser questionado se usaria "sua experiência no crime" para governar São Paulo. Ele foi condenado por furto qualificado por envolvimento em uma organização criminosa, que invadia contas bancárias pela internet. O caso ocorreu em meados de 2005.
Disputa pela Prefeitura de São Paulo tem dez candidatos registrados na Justiça Eleitoral. Além de Boulos, Datena, Marçal, Marina, Nunes e Tabata, Altino Prazeres (PSTU), Bebetto Haddad (Democracia Cristã), João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (Unidade Popular) estão na corrida.
Datafolha aponta empate técnico entre Nunes e Boulos. De acordo com levantamento divulgado na quinta passada (8), o atual prefeito tem 23% das intenções de voto — contra 22% do deputado federal. A margem de erro é de três pontos percentuais.