Sem dar prazo, Boulos promete zerar fila da saúde e manter tarifa de ônibus
O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) disse que não vai aumentar o valor da tarifa de ônibus, caso seja eleito. Também prometeu que vai acabar com a fila da saúde, mas não detalhou em quanto tempo.
O que aconteceu
Boulos disse que vai criar o Poupatempo da Saúde, para zerar filas de espera por consultas e exames. De acordo com a proposta, serão inauguradas 16 policlínicas na cidade, onde o cidadão poderá receber atendimento clínico, consultar com especialistas e fazer exames. Mas o candidato não detalhou quanto tempo seria necessário para zerar as filas. Não falou também qual seria o prazo de espera por atendimento dentro do novo modelo.
O candidato também também descartou aumento da tarifa de ônibus, congelada em R$ 4,40 desde 2020. Parte do valor é subsidiado pelos cofres municipais. "Nós vamos passar a limpo esses contratos de ônibus. E aí é possível fazer um recálculo do subsídio a partir disso. Porque hoje não há nenhum tipo eficaz de fiscalização", disse.
Boulos afirmou que é possível cumprir as propostas dentro do orçamento da cidade. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias, que define o orçamento da cidade) prevê R$ 41 bilhões para investimento no próximo mandato, o que seria suficiente segundo Boulos. O candidato voltou a dizer que o problema de São Paulo não é dinheiro, mas "falta de gestão".
Boulos foi o quarto entrevistado pelo UOL e a Folha de S. Paulo nas sabatinas, que discutem temas que preocupam os eleitores da cidade. A sabatina foi conduzida por Fabíola Cidral, com participação da colunista do UOL Raquel Landim e do editor da Folha Fábio Haddad.
Saúde
Boulos disse que o Poupatempo da Saúde será implementado no segundo semestre de 2025, caso seja eleito. A campanha de Boulos estima que o programa custará R$ 4,4 bilhões em quatro anos. Além disso, o candidato espera contratar mais médicos especialistas para atuarem em hospitais municipais.
Especialistas apontam que a proposta de zerar a fila de atendimento de saúde é vaga. A fila é permanente e zerá-la é "impossível", diz a doutora em saúde pública e professora na UFRJ (Universidade Federal de Rio de Janeiro), Ligia Bahia. "Marketing tem sentido para a comunicação, mas para a saúde tempo de espera significa vida ou morte", afirma.
Boulos foi processado por usar o nome "Poupatempo", criada por gestões do PSDB, e rebateu que a marca "não tem dono". "Fiquei absolutamente perplexo quando veio essa notícia [do processo]. Ninguém é dono de uma experiência pública. O governo do estado não é dono da experiência do Poupatempo, ela pertence ao povo de São Paulo", afirmou.
Mobilidade
Além de congelar a tarifa do ônibus, Boulos disse que não vai reduzir o limite de velocidade para carros. A medida começou em 2010, com o então prefeito Gilberto Kassab (PSD). Em 2015, foi continuada por Fernando Haddad (PT), que incluiu as Marginais Pinheiros e Tietê no pacote. Em 2017, João Doria (hoje sem partido) voltou a subir a velocidade nas marginais.
Para Boulos, a redução da velocidade, embora "apoiada em dados", "não foi aceita" pela população. "Isso não foi aceito pela cidade. Houve uma rejeição da maior parte da cidade, embora a visão do Haddad tivesse uma consistência, apoiada em dados", disse.
O candidato negou que lhe falte coragem para implementar a medida. Para Boulos, o prefeito precisa levar em consideração "o pensamento e o sentimento dos cidadãos" da cidade.
O prefeito não pode ignorar o pensamento e o sentimento dos cidadãos pelos quais ele foi eleito para poder governar. Você tem que ter um equilíbrio aí. E é esse equilíbrio que eu vou buscar. Exatamente por isso, eu não mexerei no tema das velocidades.
Guilherme Boulos, candidato a prefeito
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Candidato propõe dobrar contingente da GCM (Guarda Civil Municipal), ao custo de R$ 800 milhões por ano. Boulos afirmou que a prefeitura tem dinheiro em caixa para fazer isso. Segundo Boulos, o ideal é que a cidade tenha pelo menos um guarda para cada 1.000 pessoas. A meta é passar dos 7 mil guardas atuais para 12 mil — o que inclui a abertura de novas vagas e a substituição de funcionários que se aposentarem no período.
Centros de apoio para entregadores
Boulos quer construir centros de apoio a entregadores por aplicativo, mas não detalhou como fará isso. Questionado sobre como tirar a medida do papel, ele afirmou inicialmente que isso se faria por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com as empresas, "para que elas arquem com uma parte expressiva do investimento necessário para essas casas". Depois, disse que enviaria um projeto de lei para a Câmara dos Vereadores. Não descartou usar recursos municipais, já que o trabalho dos entregadores beneficia a cidade.
No plano de governo, Boulos promete criar espaços com banheiro e copa para os entregadores. Além disso, prevê postos com assessoria jurídica e burocrática para os trabalhadores.
Política
Questionado se sua única chance de vencer em um segundo turno seria em um duelo contra Pablo Marçal (PRTB), Boulos negou. O candidato disse que "adversário não se escolhe" e citou a disputa de votos entre Ricardo Nunes (MDB) e Marçal. "Fazem gincana de quem é mais bolsonarista e mais violento", afirmou.
Boulos criticou a gestão do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) e definiu o nível da cidade como "medíocre". "Se a gente for se pautar nos próximos quatro anos pelo que o Ricardo Nunes acha factível, São Paulo vai voltar a ser um vilarejo", afirmou. Ele classificou a gestão atual como "desastrosa".
O candidato do PSOL ainda alfinetou Nunes dizendo que não vai contratar "compadres" na Prefeitura. "Se o Ricardo Nunes tivesse um mínimo de transparência e capacidade de fazer um bom uso do recurso público, daria para ter feito muito mais nos últimos quatro anos", disse.
Boulos criticou a eleição na Venezuela, mas evitou chamar Nicolás Maduro de ditador. "Já me posicionei dizendo que a eleição do Maduro está cheia de suspeitas de fraude e que portanto o governo não tem legitimidade", disse. Boulos voltou a citar as posições do presidente Lula e do governo federal.
Sabatinas UOL/Folha
O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promovem sabatinas com todos os candidatos à Prefeitura de São Paulo para discutir temas que preocupam os eleitores da cidade.
- Pablo Marçal (PRTB): quarta-feira (4);
- Tabata Amaral (PSB): quinta-feira (5);
- Ricardo Nunes (MDB): sexta-feira (6), às 15h.
- Guilherme Boulos (PSOL): segunda-feira (9), às 10h30;
- Altino Prazeres (PSTU): terça-feira (10), às 9h;
- Ricardo Senese (UP): quarta-feira (11), às 9h;
- João Pimenta (PCO): quinta-feira (12), às 9h;
- José Luiz Datena (PSDB): sexta-feira (13), às 10h;
- Bebeto Haddad (DC): segunda-feira (16), às 9h;
- Marina Helena (Novo): quarta-feira (18), às 9h.
O UOL e a Folha estão recebendo os principais candidatos à prefeitura de 18 cidades do país. Já aconteceram as sabatinas de:
- Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
- Salvador: com Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);
- Porto Alegre: com Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
- Recife: com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
- Curitiba: com Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);
- Fortaleza: com José Sarto e Capitão Wagner (União Brasil);
- Maceió: com Rafael Brito(MDB) e Lobão (Solidariedade);
- Manaus: com Marcelo Ramos (PT) e David Almeida (Avante);
- Santo André: com Bete Siraque (PT), Luiz Zacarias (PL) e Gilvan Júnior (PSDB);
- Guarulhos: com Lucas Sanches (PL), Elói Pieta (Solidariedade) e Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos);
- São Bernardo do Campo: com Luiz Fernando Teixeira (PT), Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania);
- Osasco: com Emídio de Souza (PT).
Acontecerão ainda as sabatinas de Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
*Participam desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caíque Alencar e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, em São Paulo, e Letícia Polydoro, em colaboração para o UOL.
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