Após debates agressivos, Marçal usa tom light no início de evento da Globo
Do UOL*, em São Paulo
03/10/2024 23h28Atualizada em 04/10/2024 00h14
Depois de adotar uma postura agressiva ao longo de dez debates, Pablo Marçal (PRTB) assumiu uma versão light nos primeiros dois blocos do evento promovido pela TV Globo nesta quinta-feira (3). Já no terceiro e quarto blocos, entrou em embates mais tensos com Guilherme Boulos (PSOL).
O que aconteceu
No último debate antes do 1º turno, Marçal assumiu uma postura calma ao responder e perguntar para os rivais. Ao longo dos dois primeiros blocos, o candidato teve interações com todos os demais candidatos. Não tratou nenhum deles por apelidos depreciativos, nem fez ataques.
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No primeiro bloco, Marçal foi questionado por Datena — de quem levou uma cadeirada após provocações no debate da TV Cultura. O apresentador questionou o influenciador o que ele faria para combater o roubo de celular.
Marçal agradeceu a pergunta de Datena e apresentou propostas. Disse que vai usar "câmeras inteligentes" para rastrear os aparelhos "através de aplicativos" e, para combater a criminalidade, prometeu "criar 2 milhões de empregos". "Vamos reforçar a Operação Delgada com a Policia Civil e Militar porque, hoje, é só com a militar", disse.
Em seguida, Marçal questionou Boulos — a quem acusou falsamente em debates anteriores de usar cocaína. Dessa vez, o ex-coach foi respeitoso com o deputado federal do PSOL. Marçal perguntou quais seriam as inovações de um governo de Boulos, que respondeu com propostas.
No segundo bloco, Marçal escolheu Nunes e perguntou: "O que é que você errou?". Marçal ironizou o prefeito ao dizer que não sabia "se o Ricardo estava investindo energia em outros lugares, mas a educação de São Paulo regrediu de forma absurda". "Hoje a gente tem um índice de alfabetização de 38% das crianças", disse. O prefeito defendeu sua gestão: "Nós conseguimos grandes avanços, Pablo."
Marçal também respondeu com propostas a uma pergunta de Tabata — que já foi acusada pelo ex-coach de ser responsável pelo suicídio do pai. A deputada federal questionou sobre transporte público. "Eu vi ele falando de um bondinho de um teleférico, então eu acho que vale a oportunidade: Qual é a sua proposta concreta?". Marçal prometeu "terminar os corredores que foram prometidos no plano de governo do [Bruno] Covas".
Já no final do terceiro bloco, o tom subiu em uma pergunta de Boulos para Marçal. O candidato do PSOL disse que estava "achando muito esquisito esse perfil que o Marçal adotou hoje". "Ele [Marçal] tumultuou a eleição inteira, agrediu, mentiu. Agora ele quer pousar de bonzinho. É um lobo em pele de cordeiro", falou Boulos.
Marçal também foi mais duro na resposta. Criticou Boulos por uma frase anterior, em que questionou o que dava para ver no Marçal além de vaidade. "Quer fazer gracinha? Se quiser fazer gracinha me chama", disse Marçal.
Boulos insistiu no tom elevado com Marçal e perguntou: "Por que você odeia tanto as mulheres?". Marçal respondeu: "Isso é papinho de esquerdopata maluco igual você. Você falar que eu não gosto de mulher, quem não gosta é alguém que tem boletim de ocorrência por agressão por violência doméstica". Em debates anteriores, Marçal acusou Nunes de violência doméstica.
No quarto bloco, Marçal voltou a tentar plantar a ideia de que Boulos usa drogas. Disse que não conhece nenhuma biqueira (local de compra de drogas), mas que Boulos deve conhecer várias.
Depois de vários debates sendo acusado sem provas por Marçal, Boulos mostrou o resultado negativo de um exame toxicológico.
Nos dez debates anteriores, Marçal protagonizou cenas de agressões e ataques aos rivais. Usou apelidos depreciativos contra a maioria deles. Boulos foi chamado pelo ex-coach de "Boules". O prefeito era "bananinha". Tabata, "chatabata". E Datena, "Dapena". Antes da cadeirada, Marçal também usou uma expressão usada para estupradores para se referir a Datena. Já no debate promovido pelo Flow, Marçal foi expulso no minuto final. Em seguida, um assessor do candidato do PRTB deu um soco no marketeiro de Nunes.
Todos os candidatos são de esquerda. Exceto eu que sou de direita. Um é de extrema-esquerda, o Guilherme. O Datena é de centrp-esquerda. O atual prefeito é de centro-esquerda. A Tabata, de esquerda.
Pablo Marçal (PRTB), no debate da TV Globo
Eu tô achando muito esquisito esse perfil que o Marçal adotou hoje. Ele tumultuou a eleição inteira, agrediu, mentiu. Agora ele quer pousar de bonzinho. É um lobo em pele de cordeiro. O Marçal acusar alguém de extremistas é igual a Suzane Richthofen acusar alguém de assassinato.
Guilherme Boulos (PSOL), sobre Marçal, no debate da TV Globo
Alguém que deve conhecer melhor a cidade de São Paulo em questão de biqueiras, que eu não conheço nenhuma, ele [Boulos] deve conhecer várias.
Pablo Marçal (PRTB), no debate da TV Globo
Ele mente de maneira descarada. Hoje mais uma vez tentou me associar aqui ao uso de droga, falando de biqueira. Já tinha feito isso outras vezes, usando um homônimo, uma pessoa que tinha um nome parecido com o meu. Tentou fazer isso no debate passado, usando uma passagem que eu tive na minha adolescência de depressão e querendo associar isso ao uso de drogas. É falta de limite, esse cara não tem moral, não tem ética, e agora tenta colocar "me perdoe, me desculpe".
Guilherme Boulos (PSOL), sobre Marçal, no debate da TV Globo
Regras do debate
O debate tem quatro blocos, sendo dois primeiros com perguntas entre os candidatos, com temas livres.
Nos outros dois blocos, os temas são determinados por sorteio, realizado pelo mediador. O jornalista César Tralli também sorteia os temas e define a ordem em que os candidatos fazem suas perguntas e respondem.
A emissora proibiu transmissões ao vivo durante ou nos intervalos do debate. Caso algum candidato desrespeite as regras ou continue a ofender os adversários, poderá ser expulso após a terceira advertência.
Na primeira advertência, o candidato perde um minuto de suas considerações finais (que têm duração total de dois minutos). Na segunda, perde o direito de fazer as considerações finais. Se houver uma terceira advertência, o candidato será convidado a se retirar do debate.
Tralli pode interromper ou cortar o som do candidato em caso de infrações. Essas regras foram reforçadas após os debates anteriores em São Paulo terem sido marcados por violência física e agressões verbais entre os participantes.
*Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Bruno Luiz, Caique Alencar, Fabíola Perez, Gilvan Marques, Laila Nery, Rafael Neves, Saulo Pereira Guimarães, Uesley Durães e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL , em São Paulo, e Letícia Polydoro e Caio Santana, colaboração para o UOL