Boulos é candidato com campanha mais cara, mas PL é partido que mais gastou
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo é a mais cara das eleições 2024. Os partidos que apoiam Boulos, porém, não são campeões de gastos: é o PL o partido que mais colocou verba nas candidaturas pelo país.
O que aconteceu
A campanha de Boulos já gastou R$ 39 milhões. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), atualizados até a última sexta (4), é o candidato que mais usou recursos no país neste ano.
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Em segundo lugar, está Ricardo Nunes (MDB), que gastou R$ 29 milhões. Em seguida, Alexandre Ramagem (PL), candidato à Prefeitura do Rio, com R$ 23 milhões.
Os gastos de Boulos este ano são quase quatro vezes os registrados em 2020. Na eleição passada, quando perdeu para Bruno Covas (PSDB) no segundo turno, o psolista gastou R$ 10 milhões em toda a corrida eleitoral, em valores corrigidos pela inflação do período.
Já em relação aos partidos, o PL é o que mais gastou até agora: R$ 331 milhões. Os dados também se referem às declarações enviadas ao TSE até a última sexta (4).
O partido de Bolsonaro está no topo da lista de gastos apesar de não ser o que tem mais candidatos. Somando os que concorrem a prefeito e a vereador em todo o Brasil, o PL divide o dinheiro entre 36 mil candidatos. A sigla é apenas a quinta em número total de candidaturas. O MDB, que ocupa a primeira posição, tem 44 mil nomes na corrida eleitoral.
Veja as 10 campanhas que mais declararam gastos*:
- Guilherme Boulos (PSOL-SP) - R$ 39 milhões
- Ricardo Nunes (MDB-SP) - R$ 29 milhões
- Alexandre Ramagem (PL-RJ) - R$ 23 milhões
- José Sarto (PDT-CE) - R$ 16 milhões
- Fuad Noman (PSD-MG) - R$ 15 milhões
- Bruno Reis (União-BA) - R$ 15 milhões
- Bruno Engler (PL-MG) - R$ 14 milhões
- Tabata Amaral (PSB-SP) - R$ 14 milhões
- Eduardo Botelho (União-MT) - R$ 11 milhões
- Capitão Wagner (União-CE) - R$ 11 milhões
- PL - R$ 331 milhões / Dinheiro público - 90%
- UNIÃO - R$ 240 milhões / Dinheiro público - 83%
- MDB - R$ 223 milhões / Dinheiro público - 83%
- PSD - R$ 222 milhões / Dinheiro público - 78%
- PT - R$ 220 milhões / Dinheiro público - 90%
- PP - R$ 151 milhões / Dinheiro público - 74%
- REPUBLICANOS - R$ 141,5 milhões / Dinheiro público - 76%
- PSB - R$ 101 milhões / Dinheiro público - 73%
- PDT - R$ 93 milhões / Dinheiro público - 80%
- PODE - R$ 90 milhões / Dinheiro público - 81%
Investimentos dos partidos
Quase toda a campanha de Boulos é paga por PSOL e PT. Foram R$ 35 milhões injetados pelo PSOL e outros R$ 30 milhões pelo PT. Em 2020, Boulos havia recebido valores bem mais baixos do PSOL — menos de R$ 4 milhões. Já o PT não contribuiu naquelas eleições porque tinha candidato próprio para a Prefeitura de São Paulo — o deputado federal Jilmar Tatto (PT), que acabou em sexto lugar com menos de 10% dos votos.
Já o PL investiu em Nunes. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia formalmente a reeleição do prefeito, colocou R$ 17 milhões na candidatura. O valor é maior do que os R$ 15 milhões aportados pelo MDB, partido de Nunes. Ao todo, sete partidos da coligação financiam a campanha: PL, MDB, Podemos, PSD, PRD e Solidariedade.
Para além de São Paulo, os principais investimentos do PL são no Rio e em Belo Horizonte. Ramagem recebeu R$ 26 milhões do partido para a disputa no Rio. Já Bruno Engler (PL), que concorre na capital mineira, ganhou R$ 15 milhões.
Adversários têm criticado gastos de Boulos
Os gastos da campanha de Boulos têm sido citados em debates por seus adversários. No evento da TV Globo, na última quinta (3), Pablo Marçal (PRTB) afirmou que o psolista está usando dinheiro público para enganar o eleitorado. "Você é um candidato mais rico aqui. É o socialista de iPhone que recebeu, do Lula, R$ 30 milhões de Fundo Eleitoral", disse o ex-coach.
Até o momento, o maior gasto de Boulos é com seu marqueteiro: R$ 8 milhões. Marçal e a candidata Tabata Amaral (PSB), que subiu o tom contra o psolista nos últimos debates, têm afirmado que Boulos tenta vender uma "imagem de marqueteiro", que seria menos radical e agressiva do que a original.
A candidatura de Boulos já arrecadou quase o teto permitido por lei. Somando os R$ 65 milhões pagos por PSOL e PT com pouco mais de meio milhão que a campanha recebeu em doações privadas, Boulos arrecadou R$ 66 milhões, valor próximo ao limite de R$ 67 milhões permitido pela legislação eleitoral para o cargo.
Já Marçal tem destacado que não usa recursos públicos na campanha. Ele recusou dinheiro de seu partido, o PRTB, que recebeu apenas R$ 3 milhões de fundo eleitoral para candidatos em todo o país — contra R$ 887 milhões do PL e R$ 620 milhões do PT, por exemplo.