Sem Lula, Boulos escolhe centro e periferia no último dia de campanha
Guilherme Boulos (PSOL) repetiu a estratégia do primeiro turno e se dividiu entre centro e periferia no último dia de campanha pela Prefeitura de São Paulo. Pela manhã, ele fez uma caminhada na região central da cidade e esteve à tarde na favela de Heliópolis, zona sul. Ausente dos atos, o presidente Lula (PT) escalou ministros do governo para acompanhar o psolista nas ruas.
O que aconteceu
Último dia de campanha foi marcado pela ausência de Lula (PT). Esperado nos atos para dar impulso final à candidatura do psolista, o presidente decidiu ficar em Brasília (DF) e foi representado por ministros do governo. Na avenida Paulista, Boulos foi acompanhado por Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Em Heliópolis, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) apareceu ao lado do candidato. A ex-prefeita e candidata a vice Marta Suplicy (PT) acompanhou o companheiro de chapa na agenda da manhã.
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Na véspera da eleição em São Paulo, Boulos iniciou o dia com uma caminhada na região central. O ato começou na Paulista, avenida mais famosa da capital, percorreu a rua Augusta e terminou na praça Roosevelt.
Com Ricardo Nunes (MDB) em vantagem nas pesquisas, a caminhada na Paulista pregou a virada nas urnas. O candidato do PSOL subiu em um carro mais de uma vez e conclamou os eleitores a gritarem "Eu acredito", em referência à vitória. De um trio, parlamentares que apoiam Boulos criticaram Nunes. A deputada federal Érika Hilton (PSOL) se referiu ao prefeito como "corja".
Boulos repetiu o trajeto do último dia de campanha do primeiro turno. Na véspera da votação, o candidato do PSOL fez uma caminhada na avenida Paulista, mas contou com a presença do presidente Lula (PT). O petista se recupera de um acidente, após ter sofrido uma queda no banheiro e batido a nuca no último sábado (19), embora a ausência em São Paulo hoje tenha sido por escolha própria e não por questões médicas, segundo o Palácio do Planalto.
Em breve fala na chegada do ato na praça Roosevelt, Boulos pediu que os eleitores "virem voto incansavelmente" até domingo (27). "Não é por mim, não é pela Marta, é pela nossa cidade", disse, em cima de um carro. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (26) aponta que uma virada é improvável: Ricardo Nunes lidera com 57% dos votos válidos contra 43% de Boulos. Integrantes da campanha do psolista dizem, no entanto, que pesquisas internas mostram uma distância menor entre os dois, com tendência de alta de Boulos e de queda do atual prefeito.
Que nos dê essa chance, para mim e para a Marta Suplicy, minha vice, para que a gente possa construir os próximos quatro anos recuperando dignidade, numa cidade mais humana, que coloque São Paulo no lugar que ela merece.
Eu faço um pedido para todos aqueles que querem a mudança em São Paulo, que vão amanhã para as urnas. Não faltem. Vão amanhã. Urna não é lugar da gente depositar medo. O que os nossos adversários fizeram a campanha toda foi tentar colocar adjetivos contra nós de extremista, de radical, de invasão, com muitas mentiras. Urna não é lugar para ódio, para mentira e para medo. Urna é lugar para esperança. Urna é lugar pra sonho.
Guilherme Boulos, em entrevista a jornalistas após ato no centro de São Paulo
Boulos fez o último ato de campanha na favela de Heliópolis, na zona sul. A caminhada começou por volta das 14h50 e foi da estrada das Lágrimas até a rua da Mina. Ao encerrar a campanha na comunidade de 200 mil habitantes, o candidato repetiu o roteiro do primeiro turno, quando fez o último ato em Paraisópolis, outra comunidade também na zona sul. Marta Suplicy (PT) não participou da agenda desta tarde.
A apoiadores em Heliópolis, Boulos disse que a eleição deste domingo será acirrada como a disputa entre Lula e Bolsonaro em 2022. "Vocês lembram como foi a do Lula há dois anos? Foi ali, voto a voto, na bacia das almas. Essa eleição vai ser desse jeito, então cada voto importa", disse, em breve fala logo após a caminhada.
Corpo a corpo. Ao contrário da manhã, quando fez a caminhada em cima de um carro, Boulos cruzou as ruas de Heliópolis a pé, ao lado de moradores e apoiadores. Ele posou para fotos e recebeu acenos de pessoas que acompanharam o evento da janela de casa.
A favela de Heliópolis, na zona sul da cidade, virou símbolo da disputa entre Nunes e Boulos na reta final da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ambos escolheram a região para atos no último dia de campanha, neste sábado (26). Mais cedo, o atual prefeito também fez uma caminhada com apoiadores na favela. No primeiro turno, o candidato à reeleição venceu Boulos (30,73% a 29,02%) no Ipiranga, zona eleitoral que engloba Heliópolis, mas o entorno do psolista acredita que pode ampliar a votação na região e escolheu a comunidade para o derradeiro ato da campanha.
Live no Instagram pela "onda da virada". Por volta das 20h15, Boulos fez uma transmissão ao vivo na rede social para reforçar a "onda da virada", dizendo que cada voto importa e que as pesquisas de intenção de voto não conseguem captar essa virada.
Lula não participou de atos com Boulos no 2º turno
Lula não participou de nenhuma agenda de rua com Boulos no segundo turno. O petista chegou a vir a São Paulo para participar de duas caminhadas no sábado passado (19), mas os eventos foram cancelados por causa das fortes chuvas. No lugar dos atos, Lula fez uma live com o candidato. A vinda do presidente era esperada pela campanha neste fim de semana, como forma de dar impulso final a Boulos, que busca virada contra Nunes.
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, participou da caminhada na Paulista. Não é a primeira vez que ele é visto na campanha de Boulos. Nesta semana, o ex-ministro esteve presente em um evento que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Ele também participou de um ato do psolista na véspera do primeiro turno.