Normalmente, sem os efeitos da pandemia, os meses de dezembro, janeiro e junho são os que mais registram acidentes, justamente por conta da junção entre férias escolares e recebimento do 13º salário. Com ele, muitos resolvem fazer reformas, construir ou ampliar os imóveis. É na construção civil que mais acontecem acidentes, de acordo com os dados da Enel São Paulo.
"A maior parcela dos acidentes ocorreu em atividades informais de construção civil, nas quais as vítimas eram trabalhadores autônomos e não seguiram padrões técnicos adequados para a atividade (como ausência de equipamentos de proteção individual na realização de tarefas, vestimenta inadequada) bem como a indevida aproximação com a rede elétrica. Os acidentes em construção civil foram os que mais contribuíram para as fatalidades com a população envolvendo a rede elétrica", aponta o coordenador de Segurança do Trabalho da Enel Distribuição São Paulo.
Em 2020, no entanto, um ano atípico em diversos sentidos, o número de acidentes não ficou tão concentrado nos meses de média alta. Com as pessoas em casa por mais tempo, muitas decidiram aproveitar o tempo para realizar obras. Os acidentes, que aconteciam mais em um período específico, se espalharam ao longo dos meses.
O mesmo ano que possibilitou que as pessoas construíssem mais também deixou as crianças e adolescentes com mais tempo livre, sem aulas. Quem empinava pipa nas férias teve mais tempo para essa atividade. E as pipas também causam acidentes, principalmente quando a brincadeira ocorre perto da rede elétrica ou quando alguém tenta resgatar uma pipa que acabou presa na fiação.
"As pessoas tentam resgatar uma pipa que está próxima da rede elétrica, sem ter noção dos riscos. A vida é mais valiosa do que uma pipa. Resgatar é imprudência", alerta Marcelo Bezerra. Ele lembra que crianças não têm noção do risco, mas muitos adultos também fazem essas tentativas de resgate e acabam arriscando a própria vida e a dos demais.