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Arte que não se contém

Centros culturais da Vale levam atividades além de seus espaços e chegam a locais de pouco acesso à arte

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Carla Santos prepara a mochila para levar à escola. Coloca dentro dela peças do acervo do Museu Vale: moldes de ferrovia, um pica-pau de telégrafo, um telefone antigo utilizado na estação de trem e o teodolito - instrumento que mede ângulos. "Vamos para a sala de aula contar um pouco da nossa história, para que as crianças também se sintam parte dela", diz Carla, mediadora do projeto Museu na Mochila, que leva objetos do Museu Vale para escolas da região metropolitana de Vitória (ES). Assim, estudantes de 6 a 16 anos que ainda não tiveram a chance de visitar o museu passam a conhecer mais sobre a história da estrada de ferro Vitória-Minas, ali preservada.

As mediadoras expõem os objetos nas salas e relatam histórias da ferrovia e do passado da região. Depois, alunos e alunas são convidados a visitar o museu, com as despesas pagas pela instituição. "Fazer uma aula extraclasse, num espaço tão bonito como o do museu, motiva demais as crianças, só se falava nisso na semana da visita", conta a professora Ana Lucia Pereira. "Quando descem do ônibus e dão de cara com a maria-fumaça, com o prédio do museu, que era uma antiga estação de trem, elas ficam encantadas", acrescenta Ruth Guedes, coordenadora de arte-educação do Museu Vale e mentora do projeto, que, de 2018 até hoje, já mobilizou 2.100 alunos e 120 professores.

Iniciativas como esta reforçam um dos propósitos do Instituto Cultural Vale, que é ampliar o acesso das pessoas à arte e à cultura. Partindo da ideia de que todo lugar pode ser um espaço cultural, o Instituto, por meio dos quatro equipamentos culturais sob sua gestão - Museu Vale (ES), Memorial Minas Gerais Vale (MG), Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA) e Centro Cultural Vale Maranhão (MA) -, leva cinema, teatro, música, dança, circo e oficinas artísticas para o interior do Brasil, ocupando praças públicas, vagões, escolas e ruas. Em outras palavras: põe a arte e a cultura pra circular além dos muros dos museus.

Museu na Mochila

Circulando pelo interior

Exemplos não faltam. Em 2019, o Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) realizou 29 sessões de cinema em comunidades quilombolas do interior do estado, como Santa Rosa dos Pretos, Canta Galo, Queluz, Frechal e outras. E levou o Kebrada - festival de cultura Hip Hop, já em sua 3ª edição no CCVM - para os municípios de Urbano Santos, Arari, Miranda do Norte, Santa Rita e Rosário, onde foram realizadas 12 oficinas de dança, dança urbana, DJ, grafite e rima. "Levamos esse fazer cultural para comunidades diversas do interior do estado. Entendemos que os bens culturais nem sempre são acessíveis a todos, por isso itinerar a programação e trocar experiências com territórios afastados dos centros urbanos é um compromisso nosso com o público", diz Gabriel Gutierrez, diretor do CCVM, que promoveu 45 atividades itinerantes em 2019, passando por 13 cidades e alcançando 31 mil participantes.

No Pará, a Casa da Cultura de Canaã dos Carajás levou, em 2019, cinco oficinas artísticas para instituições de assistência social da região. "Já recebemos aqui várias oficinas, como a de dança de rua, e as crianças sempre adoram", destaca Oris Santos, fundador da Acrescer - Associação Canaense Recreativa Educacional a Crianças e Famílias em Situação de Risco. A Casa da Cultura realizou 27 ações externas nos últimos dois anos, alternando, a cada mês, entre saraus e sessões de cinema ao ar livre. Os saraus são verdadeiras festas culturais. Peças de teatro, grupos de capoeira, contadores de histórias e violeiros se apresentam em zonas rurais, bairros periféricos, praças e escolas de Canaã dos Carajás. As comunidades fazem a curadoria dos eventos.

No sudeste do país, o projeto Memorial Itinerante Africanidades, criado pelo Memorial Minas Gerais Vale (MMGV), circula pelo interior de Minas com parte do acervo que se relaciona com a cultura africana e sua influência no estado. São painéis, vídeos e objetos de seis ambientes do Memorial - Celebrações, Vale do Jequitinhonha, Fazenda Mineira, Vilas Mineiras, Povos Mineiros e Sebastião Salgado. A caravana já percorreu 9 cidades mineiras desde 2016, onde também foram realizadas oficinas de formação para agentes de cultura e professores. O sucesso dessa itinerância incentivou a criação de outra - Mineiridades, que, desde 2017, já viajou por 11 municípios do interior, com itens do acervo que destacam a essência de ser mineiro.

Memorial Itinerante - Africanidades

Obras de arte viajam

O Instituto Cultural Vale incentiva o intercâmbio entre os centros culturais, atuando em rede. Dessa forma, exposições de arte viajam de norte a sul, multiplicam seus públicos e fazem girar a roda da cultura. Nos últimos três anos, obras de vários artistas percorreram o Brasil. As peças esculpidas em madeira do artista popular Hiorlando, natural de Água Doce do Maranhão, expostas no CCVM, viajaram depois para a Casa da Cultura de Canaã dos Carajás e o Museu Afro Brasil, em São Paulo. As fotografias da mostra O Brasil que merece o Brasil, do fotógrafo Walter Firmo, saíram do CCVM para ganhar as paredes do Memorial Minas Gerais Vale e do Museu Vale. O museu mineiro também recebeu a exposição fotográfica Afetos, de Edgar Rocha, vinda do Centro Cultural Vale Maranhão.

Em 2019, a Casa da Cultura de Canaã dos Carajás montou a exposição Natural de onde venho, com quadros da artista local e professora Celeste Mendes da Silva, produzidos em conjunto com os estudantes da Escola Municipal Teotônio Vilela, da zona rural de Canaã dos Carajás. As obras ocuparam o hall do espaço e, depois, "pegaram a estrada", sendo expostas, na sequência, em Parauapebas e em Ourilândia do Norte, no interior do Pará. A Casa da Cultura, por sua vez, recebeu a arte que vem de Minas. A mostra Do pixel ao pincel, do fotógrafo mineiro Cyro José, saiu do Memorial Minas Gerais Vale para ser exposta em Canaã dos Carajás.

E o Memorial abriu espaço para as exposições do Museu Vale, entre elas Penumbra, do escultor Ângelo Venosa, e Jardins Móveis, de Rosana Ricalde e Felipe Barbosa - neste caso, bichos-esculturas em grande escala, criados pelos artistas a partir de brinquedos infláveis, ocuparam o entorno do Memorial e a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte (MG).

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