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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para Governo Federal e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em abril de 2023

oferecido por Selo Publieditorial

Fake news destroem vidas

A propagação de notícias falsas destrói famílias, reputações, negócios e vidas. Qualquer um pode ser vítima. E todos podem ajudar a acabar com esse problema

Compartilhar notícias duvidosas não é uma ação sem consequências.

Ao enviar informações sem uma análise crítica prévia, é possível contribuir para a propagação de notícias falsas, ainda que se tenha agido com as melhores intenções. Ao receber uma informação alarmante, muitas pessoas consideram mais prudente repassá-la adiante, em uma tentativa de prevenir possíveis consequências negativas, seguindo o ditado popular "o seguro morreu de velho".

No entanto, essa atitude pode contribuir para a disseminação de informações falsas ou exageradas, que causam danos reais. As consequências do compartilhamento de fake news quase nunca são claras para quem envia. Pode até parecer, por exemplo, que pessoas comuns não são vítimas da destruição que as notícias falsas causam. Mas são.

As fake news ameaçam nossa sociedade em todos os níveis. Enquanto esse círculo vicioso não for interrompido, qualquer um está sujeito a ter sua vida destruída pelo compartilhamento de mensagens falsas. E qualquer um pode também destruir a vida de alguém.

Três pessoas comuns - como eu, você, nossa mãe, nosso irmão, nossa tia - decidiram contar suas histórias para alertar sobre os perigos das fake news. O compartilhamento de notícias falsas trouxe morte e violência para dentro da casa dessas pessoas. Trouxe escassez e insegurança para seus negócios.

Este é um chamado para que isso acabe, para nos unirmos contra a disseminação de ódio na forma de informações falsas. Porque quem espalha fake news espalha destruição.

Minha mãe foi espancada até a morte

Em 03 de maio de 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, ia de bicicleta para a igreja que frequentava, no Guarujá (SP), quando foi atacada por populares. Espancada brutalmente e torturada no meio da rua, Fabiane morreu dois dias depois, deixando marido e duas filhas. A violência foi filmada e exposta.

O ataque aconteceu depois que moradores viram, em uma publicação no Facebook, o retrato falado de uma mulher que, supostamente, realizava rituais de magia do mal com crianças sequestradas. Fabiane foi identificada por eles como a mulher do retrato.

A mulher não era Fabiane. O caso também não era verdadeiro - o retrato falado, na verdade, era de um crime cometido dois anos antes, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

"Por conta de fake news, minha mãe foi confundida na rua, dizendo que ela era sequestradora de crianças", conta Yasmin, filha de Fabiane. Ela tinha 12 anos, quando a mãe foi assassinada. "A minha mãe foi espancada até a morte. Minha família foi destruída".

Se não fossem as fake news, minha família ainda estaria aqui

"Por causa das fake news, nós acreditamos que a Covid era somente uma gripe", conta Iomar Penza, morador de Nova Friburgo. "Por isso, acabei perdendo toda minha família: esposa, irmão gêmeo, sogra e sogro".

O irmão gêmeo de Iomar, Anthony Penza, era enfermeiro e ficou famoso nos primeiros anos da pandemia pela disseminação de fake news sobre Covid e opinião antivacina. Como em muitas famílias, a postura de Anthony dividia as opiniões dos familiares. Mas Iomar, principalmente no início, também era cético em relação aos riscos. Exposto a uma enxurrada de desinformações que não vinham apenas do irmão, Iomar não acreditava na gravidade da Covid e não seguiu as recomendações de saúde.

Durante uma visita ao seu irmão Anthony, Iomar pegou Covid e acabou contaminando sua esposa Juliane, que estava grávida de oito meses.

Anthony e Juliane morreram na mesma data. A sogra e o sogro de Iomar, contaminados também pela família, morreram uma semana depois. O bebê nasceu e sobreviveu. Iomar, que perdeu quatro familiares em 14 dias, ficou sozinho com o recém-nascido.

Desde então, mudou completamente sua postura não apenas em relação à Covid, mas ao compartilhamento de notícias falsas. "Se não fossem as fake news, minha família ainda estaria aqui".

O negócio de uma vida à beira da falência

Quando Maria Isabel, baiana de Ilhéus, chegou a São Paulo, ainda era adolescente. Casou-se e, com o marido, mudaram-se para São Sebastião, no litoral norte, para construírem suas vidas. Mas o marido de Isabel foi assassinado, e ela se viu sozinha na tarefa de criar os quatro filhos. Empreendedora, começou a vender café da manhã aos turistas.

Aos poucos, foi prosperando e abriu seu primeiro mercadinho. Hoje, aos 70 anos, é dona de cinco mercadinhos nas praias da região. Com eles, manteve sua família, e tudo ia bem até fevereiro deste ano, quando as chuvas provocaram uma enorme tragédia humanitária na região. Mais de 50 pessoas morreram, outras tantas perderam tudo o que tinham.

Um dos mercadinhos de Dona Isabel foi fotografado e ilustrava uma história falsa que tomou enormes proporções - a de que ela se aproveitou da tragédia para cobrar 93 reais por um litro de água. Seus estabelecimentos foram boicotados. Ela, sua família e seus estabelecimentos foram alvo de ameaças e ataques racistas. Dona Isabel chegou a registrar um boletim de ocorrência, com medo das ameaças que recebeu. O Procon foi até o local e comprovou que se tratava de uma mentira, mas o estrago já estava feito. Hoje, ela teme perder os mercadinhos por conta dos prejuízos causados pelas fake news.

Dicas para não compartilhar fake news

  • Confira de onde veio a notícia

    Se recebeu a informação de algum amigo ou grupo por mensagem, cheque se ela está publicada em algum veículo com credibilidade.

  • Desconfie de apelos aos sentimentos

    Notícias que alimentam a indignação e títulos como ?Absurdo!? ou ?Revoltante!? são feitos para mexer com a emoção. E isso pode ser indício de notícias falsas.

  • Cheque as fontes

    Notícias verdadeiras têm o nome dos autores do texto, das fontes das informações e estão publicadas em veículos de comunicação.

  • Confira data e contexto

    É comum que fake news usem fatos reais ? mas antigos ou que se passaram em outro contexto. Assim, podem parecer verdadeiras à primeira vista. Mas só servem para confundir.

  • Pesquise

    É improvável que apenas seu círculo tenha acesso a uma informação importante. Pesquise a notícia no Google e veja se ela foi publicada por outros veículos e se há outros pontos de vista.

  • Na dúvida, não envie

    Recebeu e não tem certeza se é verdade? Não passe para a frente, mesmo que tenha mexido com seus sentimentos.

#BrasilContraFake

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