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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para Vale e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em Dezembro de 2023

O caminho da reparação

Depois do rompimento da barragem, Brumadinho segue se reconstruindo entre as cicatrizes e esforços coletivos

oferecido por Selo Publieditorial

Para quem olha de fora, a história do município de Brumadinho (MG) se divide entre antes e depois de 25 de janeiro de 2019, quando o rompimento da barragem causou perdas humanas irreparáveis e marcou a vida da comunidade — inclusive do ponto de vista geográfico e ambiental.

Para quem vive o dia a dia de Brumadinho em 2023, entretanto, as coisas não são exatamente assim. "Para nós, 25 de janeiro é todo dia. A gente ainda não saiu dele, e isso não envolve drama ou vitimismo, mas o fato de que a nossa realidade mudou e continua mudando", observa a brumadinhense Camila Amorim, relações públicas e analista do programa de visitas oferecido à imprensa e outros setores da sociedade civil que se interessam em acompanhar a situação do município hoje, quase cinco anos depois do rompimento.

Pedro Vilela
Camila Amorim, relações públicas e analista do programa de visitas

Camila conduz a reportagem por uma rota que mostra as principais áreas afetadas no município e as transformações que já aconteceram de lá para cá, numa iniciativa de transparência da Vale acerca da reparação de danos. E elas são muitas: vão do atendimento humanitário e socioeconômico às obras de infraestrutura urbana e reparação socioambiental, passando pela segurança em barragens e pelo compromisso com a busca pelas três vítimas que ainda não foram encontradas.

Nada disso ocorre sem escuta da sociedade civil ou ignorando as evidentes marcas que a perda de 270 vidas provoca: desde a estrada que conduz à Casa Alberto Flores, um centro de apoio de operações da Vale, é abundante a presença de placas de sinalização de segurança de todos os tipos e se mantêm as manifestações públicas de luto, como o grafite com os dizeres "a vida vale + que o minério".

O diálogo e a colaboração coletiva são pilares essenciais da nossa jornada no propósito de reparar os impactos causados às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente. Concluímos 64% do Acordo de Reparação Integral, entre as obrigações de fazer e pagar da Vale. Jamais esqueceremos Brumadinho e trabalhamos diariamente pela não repetição

Gleuza Jesué, Diretora de Reparação da Vale

Recuperação ambiental

O processo de reparação ambiental em Brumadinho ocorre com a prioridade de não interferir nas zonas de busca pelas três vítimas ainda desaparecidas, chamadas de "joias" pela comunidade brumadinhense. O Corpo de Bombeiros trabalha diuturnamente na missão.

Em paralelo, as iniciativas que não impactam esse processo seguem com operações multilaterais, que incluem objetivos como restaurar a vegetação do ribeirão Ferro-Carvão e concluir a remoção de rejeitos das áreas afetadas, sem contar a restauração de 60 hectares de Mata Atlântica — o equivalente a 60 campos de futebol —, por meio do plantio de 90 mil mudas nativas, que está em andamento.

O monitoramento da qualidade da água do rio Paraopeba também está em curso. De acordo com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), os indicadores já apontam que a qualidade das águas em boa parte dos trechos é semelhante àquela antes do rompimento da barragem.

A biodiversidade terrestre e aquática, no momento, é monitorada em termos quantitativos e qualitativos de saúde: peixes, insetos, répteis, aves, plantas e mamíferos que vivem ao longo da bacia recebem especial atenção no processo de reabilitação ambiental que envolve estudos e métodos até então inéditos — muito do que se faz em Brumadinho hoje é desenvolvido sob medida para as necessidades que o incidente provocou.

Acordo

Em fevereiro de 2021, a Vale assinou com o Governo de Minas Gerais, os Ministérios Públicos Estadual e Federal e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) o Acordo de Reparação Integral, formalizando judicialmente as obrigações de fazer e pagar da empresa tendo em vista a reparação socioeconômica e socioambiental, no valor total estimado de R$ 37,69 bilhões. Até agora, 64% dessas obrigações já foram cumpridas.

Cuidado com o futuro

Dentre as muitas preocupações e responsabilidades que o rompimento da barragem suscita desde 2019, a pergunta que ronda a mente de quem está dentro ou fora do município é: como garantir a não repetição de uma catástrofe?

Desde 2019, foram investidos cerca de R$ 7 bilhões no Programa de Descaracterização de barragens a montante da Vale. A eliminação das estruturas deste tipo do Brasil é uma das principais ações da empresa para evitar que rompimentos como o de Brumadinho voltem a ocorrer. As obras são complexas, trazem riscos e, por isso, as soluções são customizadas para cada estrutura.

Em 2022, cinco estruturas foram descaracterizadas. No total, das 30 que usam o método de construção com alteamentos a montante, mais de 40%, já foram eliminadas, o que equivale a 13 estruturas (dez em Minas Gerais e três no Pará).

Todas as barragens a montante da Vale no Brasil e as ações implementadas nessas estruturas são objeto de avaliação e acompanhamento pelas assessorias técnicas independentes, que fazem parte dos Termos de Compromisso firmados com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Estado de Minas Gerais. A eliminação de estruturas construídas a montante é uma exigência legal pós-rompimento.

Para ampliar a segurança das estruturas, há o Centro de Controle Geotécnico integrado, onde é feito o monitoramento das principais barragens 24 horas, 7 dias por semana. Preventivamente, a Vale evacuou comunidades das Zonas de Autossalvamento das barragens em nível 2 e 3 de emergência.

As inspeções regulares foram intensificadas e equipes foram preparadas para agir prontamente quando são necessárias ações preventivas ou corretivas, tendo como prioridade a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente.

O mais importante: as pessoas

Por trás de todo o movimento de obras e do maquinário que reconstrói Brumadinho estão as pessoas — cada qual carregando suas esperanças no futuro e suas ausências. As mais perceptíveis nesse momento são a das três vítimas ainda não encontradas.

Na base do Corpo de Bombeiros instalada na chamada "zona quente" do município, a magnitude da operação de buscas impressiona e comove. Das máquinas que auxiliam na 8ª estratégia já implementada para que todas as "joias" sejam encontradas — como o major Rafael Neves dos Santos, bombeiro militar, se refere aos desaparecidos — os esforços parecem incessantes e é impossível ignorar que esse processo é extenuante para todos os envolvidos.

Quando alguém é encontrado, resta ainda um longo processo de análise que envolve, também, esforços científicos e laudos da Polícia Civil, que trabalha conjuntamente com a corporação. A paciência e a esperança parecem ser parte imprescindível na reparação dos traumas.

O cansaço e o luto ainda abatem os brumadinhenses, mas também se notam lampejos de entusiasmo em pontos como o Córrego do Feijão. A Praça 25 de janeiro, entregue à comunidade no fim de 2022, já conta com crianças brincando de balanço ou de rolar na colina. O Centro de Cultura Laudelina Marcondes e o Mercado Central Ipê Amarelo são locais de encontro, trabalho e convívio que miram no fortalecimento não só das atividades rotineiras de Brumadinho, mas dos laços entre as pessoas.

Por lá, cinco mulheres trabalham unidas no preparo de refeições temperadas não só pelo melhor do sabor mineiro, mas também pelo prazer do acolhimento mútuo, da união e de novos propósitos de vida. A gastrônoma Michelle Fernandino faz as oficinas e participa dos eventos que Aline Muniz, Renata Nascimento, Leide Florencio e Dileivande Assunção de Assis oferecem a seus clientes.

"Não dá para dizer que a gente tá sempre feliz, mas a comida alimenta não só o corpo, alimenta a alma. Então, a gente entra aqui e deixa as tristezas lá fora, veste o avental, trabalha, se ajuda, a gente também brinca, é muito importante estarmos juntas", conta Leide, mostrando fotos das mesas caprichadas que elas produzem em seus almoços, decoradas com o artesanato e as flores nativas do Córrego do Feijão.

Na lanchonete, a microempreendedora Sônia Oliveira mostra a produção do dia e relata o caminho que a levou, hoje, a ter um propósito pessoal. Sobrevivente do rompimento, Soninha, como é conhecida pelas colegas, atravessou uma jornada que envolveu um tratamento de depressão, dificuldade nos caminhos profissionais e, agora, uma aparente redenção para sonhar. "Agora, posso fazer isso por mim e pelas pessoas que estão aqui", reflete.

"Infelizmente, a gente tem que ressignificar tudo isso e seguir. A gente tenta acolher o momento de cada pessoa, respeitando e entendendo o processo de cada uma delas. Me sinto muito honrada por fazer parte disso tudo porque eu amo Brumadinho. Por que não dar o meu melhor nesse projeto?", diz Camila.

Sobre as lembranças de 2019 e o desejo de reparação, nossa guia é pragmática como só podem ser aqueles que acompanham com os olhos e com os pés toda a trajetória dos últimos cinco anos: "Já fui questionada por participar do projeto e explico que não estou defendendo a Vale. Eu estou defendendo o trabalho que está sendo feito, porque vejo que está sendo bem executado e que precisa ser feito. Se estão aqui assumindo a responsabilidade, meu desejo é de colaborar", resume.

Reestruturar a cidade é uma maneira possível de reestruturar a convivência, a motivação, as atividades e as relações. Na despedida de Brumadinho, esse parece ser o caminho da reparação.

Conheça mais detalhes sobre essas e outras iniciativas em vale.com/reparacao

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