SÃO PAULO (Reuters) - A Bolsa de Valores de São Paulo antecipou em 2003 as esperanças de recuperação econômica do ano que vem e acumulou ganho de quase 100 por cento de janeiro a dezembro.

O Ibovespa saltou de 11.268 pontos no final de dezembro de 2002 para o recorde histórico de 22.236 pontos nesta terça-feira, último dia de operações no ano.

Com isso, o principal índice da bolsa paulista garantiu valorização de 10,17 por cento em dezembro e de 97,33 por cento em 2003 --o maior ganho anual desde 1999, suficiente para que o mercado de ações se tornasse, de longe, a aplicação mais rentável do período.

Nesta terça-feira, a alta foi de 0,87 por cento, impulsionada pelos ganhos da exportadora Aracruz, cujos papéis preferenciais avançaram 4,43 por cento, para 10,60 reais. Telemar PN, uma das ações mais líquida da bolsa, subiu 0,38 por cento, para 45,42 reais o lote de mil.

"2004 certamente vai ter uma resposta da economia real à melhora do mercado financeiro em 2003", afirmou Juliano Cecílio, economista do banco Safra.

Após um ano de economia praticamente estagnada, o governo espera que o país cresça cerca de 3,5 por cento em 2004, segundo previsão divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira.

O ritmo da recuperação econômica, no entanto, também depende das condições que serão criadas para a ampliação dos investimentos no país --questão que promete estar entre as mais observadas por analistas no ano que vem.

"O grande ponto a ser acompanhado em 2004 é a questão dos investimentos, se o governo vai se aprofundar na agenda microeconômica", afirmou Cecílio, citando como exemplo a regulamentação do setor elétrico, necessária para atrair investimentos privados nessa área.

APLICAÇÃO MAIS RENTÁVEL

Ao final do pregão, a Bovespa encerrou 2003 com fogos de artifício e balões coloridos --e os investidores do mercado de ações realmente tiveram motivos para a comemoração. Após três consecutivos de perda, a bolsa paulista não só subiu como desbancou com folga as demais modalidades de aplicação.

O segundo investimento mais rentável --os títulos externos da dívida brasileira-- garantiram aproximadamente a metade dos ganhos da Bovespa. O C-Bond, título brasileiro mais negociado no exterior, acumulou alta de 49,05 por cento no ano.

(Por Walter Brandimarte)