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Lula cometeu "gafe" diplomática ao evitar túmulo de sionista, diz analista

Durante o discurso de boas-vindas, o presidente brasileiro demonstrou solidariedade e interesse do país em ajudar a mediar as negociações de paz entre israelenses e palestinos Imagem: Baz Ratner/Reuters

Carlos Iavelberg<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

15/03/2010 20h36

A polêmica envolvendo o boicote por parte do ministro de Assuntos Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao país do Oriente Médio, divide a opinião de especialistas ouvidos pelo UOL Notícias.

Na primeira viagem a Israel de um presidente brasileiro em exercício, Lula decidiu não visitar o túmulo do fundador do sionismo, Theodor Herzl. Em protesto, Lieberman não compareceu nesta segunda-feira (15) à sessão especial do Parlamento israelense (Knesset) na qual Lula discursou, por considerar um grave descumprimento do protocolo, informou o serviço de notícias israelense "Ynet".

Além de não visitar o túmulo de Theodor Herzl, o presidente brasileiro deverá depositar flores no túmulo do histórico dirigente palestino Yasser Arafat durante sua visita a Ramala na quarta-feira (17).

“Infelizmente, isso [não visitar o túmulo] foi uma gafe diplomática bastante grande. Se isso foi uma mensagem intencional [por parte da diplomacia brasileira], foi um erro muito grande” afirma Gilberto Sarfati, professor de relações internacionais especializado em Oriente Médio da Universidade Rio Branco. “Torço para que tenha sido uma gafe”, conclui.

“Não visitar o túmulo é quase que apoiar o [presidente do Irã] Mahmoud Ahmadinejad quando ele nega o direito do Estado de Israel de existir”, analisa Sarfati.

Considerando que tenha sido uma gafe, o professor defende que o Itamaraty deva se apressar em apresentar um pedido de desculpas ao governo de Israel.

Procurado pela reportagem, a assessoria de imprensa do Itamaraty negou que se trata de uma gafe e informou que a agenda da visita de Lula ao Oriente Médio nunca incluiu a visita ao túmulo do fundador do sionismo.

A explicação dada pelo governo brasileiro é defendida pelo cientista político do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da USP e especialista em Oriente Médio Samuel Feldberg. “Se a visita [ao túmulo] não estava prevista, não tinha razão em eles [os israelenses] insistirem.”, afirma.

“Nenhum chefe de Estado tem a obrigação de visitar o túmulo e o Brasil não tem obrigação de mudar [a agenda de Lula] por conta da pressão de Israel”, justifica Feldberg. Segundo o professor, outros presidentes que estiveram em Israel não visitaram o túmulo.

Com relação ao discurso de Lula no Parlamento, no qual defendeu a criação de um Estado Palestino e pediu para que todos os países deixem de produzir armas nucleares, os dois analistas ouvidos pelo UOL Notícias concordam que não há novidades na postura historicamente defendida pelo governo brasileiro.

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