No Parlamento de Israel, Lula defende criação de Estado Palestino, critica produção de armas nucleares e não cita Irã
Tropas israelenses ferem sete palestinos, dizem médicos
Tropas israelenses feriram sete palestinos durante um confronto nos territórios ocupados da Cisjordânia nesta segunda-feira (15), segundo fontes médicas palestinas. Palestinos disseram que os soldados atiraram contra os manifestantes, mas o Exército israelense negou a afirmação, dizendo que foram usadas medidas para dispersar a multidão.
Atualizada às 15h24
Em discurso no Parlamento israelense, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a defender a criação de um Estado Palestino e pediu que os países que produzem armas nucleares sigam o exemplo do Brasil e de outros países latino-americanos e proíbam a produção nuclear para fins bélicos. Israel está entre os países produtores de armas nucleares.
“No nosso país existe uma proibição constitucional da produção de armas nucleares. Gostaríamos que o exemplo do nosso continente pudesse ser seguido em outras partes do mundo”, afirmou o presidente nesta segunda-feira (15).
No pronunciamento conciliador, Lula defendeu o estabelecimento de um diálogo para a coexistência de um Estado israelense e outro palestino. “Na oposição [no Brasil] busquei o diálogo. Cheguei à Presidência pelo diálogo. Governei dialogando. Defendemos a existência de um Estado de Israel soberano, seguro e pacífico. Ele deverá existir junto com um Estado palestino, soberano, seguro e pacífico”, disse.
Observado pelo presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente afirmou também que “o que está em jogo [no conflito israelo-palestino] não é só o futuro da paz na região, mas a estabilidade no mundo”. Em sua passagem pela região, Lula visitará também o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas.
Em Israel, Lula defende criação de Estado Palestino; veja discurso na íntegra
Lula também foi direto nas críticas à expansão de assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental e defendeu a importância do diálogo na solução dos conflitos no Oriente Médio.
Leia a íntegra do discurso de Lula no Parlamento de Israel
"Essa postura (de diálogo) se faz mais necessária agora, quando assistimos a uma paralisação das negociações e iniciativas unilaterais que as dificultam, como o anúncio da construção de residências em Jerusalém às vésperas do reinício de uma rodada de negociações", afirmou Lula.
"O impasse agrava a deterioração das condições de vida nos territórios palestinos ocupados. Mas também alimenta fundamentalismos de todos os lados e coloca no horizonte conflitos mais sangrentos ainda."
O anúncio da construção de 1,6 mil residências em uma área ocupada de Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado, foi feito durante a visita, na semana passada, do vice-presidente americano, Joe Biden.
A notícia minou uma iniciativa americana de retomada do processo de paz, por meio de negociações indiretas, e gerou uma das mais graves crises recentes no relacionamento entre Estados Unidos e Israel.
Lula não cita Irã
Antes de iniciar seu discurso, Lula ouviu apelos contundentes contra a aproximação brasileira com o Irã do presidente do Parlamento, Reuven Rivlin, do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e da líder da oposição Tizipi Livni.
A postura israelense demonstra que a defesa de sanções mais duras contra o país de Mahmoud Ahmadinejad e o rechaço ao caminho do diálogo com o Irã é um tema que une políticos de várias vertentes em Israel.
"Ser publicamente contra sanções pode ser interpretado como fraqueza por líderes que não têm freios", disse a Lula o presidente do Knesset, o Parlamento israelense, Reuven Rivlin.
"Peço que você apóie a frente internacional contra o regime de Ahmadinejad", pediu o primeiro-ministro israelense. "O Brasil não pode dar legitimidade indireta a esse regime", acrescentou Livni.
O tema, no entanto, não mereceu uma linha sequer no discurso lido por Lula diante dos parlamentares israelenses.
* Com informações da BBC Brasil
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