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Irã promete entregar hoje à Agência Internacional de Energia Atômica carta com detalhes de acordo

Renata Giraldi<br>Da Agência Brasil<br>Em Brasília

24/05/2010 08h20

O diretor-geral da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, garantiu ontem (23) à noite, em entrevista coletiva concedida em Teerã, que o país entregará hoje (24) uma carta com detalhes sobre o acordo para a troca de urânio à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

Segundo ele, Ali-Asghar Soltaniyeh foi nomeado como responsável pela entrega do documento à direção da agência. A carta deve ser recebida pelo diretor-geral da Aiea, Yukyia Amano.

Salehi reiterou que representantes do Brasil e da Turquia estarão presentes no momento em que o documento for entregue.

As informações são da agência de notícias oficial do Irã, a Irna. Pelos termos do acordo, que tem dez itens, o prazo final para a entrega da carta é hoje – uma semana depois de ter sido fechada a Declaração de Teerã.

No documento, o Irã deve informar, em detalhes, sobre a troca de urânio negociada na semana passada. O objetivo é que o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, envie 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido a 3,5% para a Turquia. O enriquecimento do material deverá ser realizado sob supervisão da Aiea, dos turcos e iranianos. Em troca, o Irã receberá 120 quilos do produto enriquecido a 20%.

Com isso, a expectativa dos governos do Irã, Brasil e da Turquia é impedir a aprovação de sanções, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, contra os iranianos. No entanto, os Estados Unidos atuam paralelamente, levantando dúvidas sobre o eventual cumprimento do acordo e seus efeitos por parte do Irã, e mantêm a defesa das sanções.

Na última semana, os Estados Unidos foram seguidos pela Inglaterra, França, China e Rússia, que integram o grupo dos países permanentes no conselho, em favor da aprovação de um esboço de resolução. O documento estabelece, previamente, mas sem efeitos por enquanto, eventuais punições econômicas ao Irã sob o argumento de que o país esconde a produção de armas atômicas.

Porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, intensificaram os esforços para garantir que o acordo seja reconhecido pela comunidade internacional. Na semana passada, ambos mantiveram conversas, por telefone, com autoridades dos países que integram o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Para Amorim, a entrega da carta nesta segunda-feira marcará um novo momento das negociações. Segundo ele, eventuais dúvidas poderão ser respondidas e as negociações terão possibilidade de avançar a partir do cumprimento desta etapa do acordo.