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Após tsunami e réplicas do terremoto de 8,8 pontos, Japão pede ajuda estrangeira

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

11/03/2011 18h21Atualizada em 11/03/2011 23h50

Após o terremoto de 8,8 pontos na escala Richter e o tsunami que devastou o Japão nesta sexta-feira (11), o governo pediu por um número limitado de equipes estrangeiras de busca e resgate. As réplicas não param de ser sentidas no país: a última delas foi de magnitude 6,8 na costa leste do Japão; mais cedo outra de 6,6 pontos atingiu o noroeste do Japão.

As últimas informações oficiais, divulgadas às 16h50 (horário de Brasília) pela polícia japonesa, dão conta de pelo menos 384 mortos, 947 feridos e 707 desaparecidos. Entretanto, a imprensa local já fala em mais de mil vítimas e outras 100 mil desaparecidas. Com o amanhecer deste sábado (horário local), os números da devastação devem aumentar.

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"O Japão pediu equipes internacionais de busca e resgate", disse à agência Reuters Elisabeth Byrs, porta-voz da agência da ONU para a coordenação de assuntos humanitários, em Genebra. Mais cedo, o órgão disse que cerca de 68 equipes de busca e resgate de 45 países estavam à espera do pedido de Tóquio.

O epicentro do terremoto foi no oceano Pacífico, a 400 km de Tóquio, a uma profundidade de 32 km. Os primeiros tremores foram identificados às 14h46 (2h46, horário de Brasília).

A costa do país foi a mais atingida. Apenas em Sendai, uma das cidades mais afetadas, mais de 200 corpos foram encontrados pela polícia na praia, segundo a agência de notícias local Jiji Press.

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O terremoto gerou um tsunami que invadiu cidades da costa leste do Japão com ondas de até 10 metros que arrastaram barcos de pesca e outras embarcações pelas cidades. Vários veículos e casas ficaram submersos.


Ondas gigantes teriam viajado pelo Pacífico a uma velocidade de cerca de 800 km/h, antes de atingir a costa do Japão.

O Japão amanheceu neste sábado (horário local) contando os prejuízos causados pela devastação. Na região mais afetada ainda há incêndios e cidades parcialmente submersas.

Em uma das áreas residenciais mais atingidas, era possível escutar pessoas soterradas sob os escombros, pedindo socorro, segundo relato da agência de notícias Kyodo.

No nordeste do Japão, a cidade de Kesennuma, com 74 mil habitantes, sofre incêndios, e um terço da sua área está submersa, segundo relato feito na manhã de sábado pela agência de notícias Jiji.

Em Sendai, cidade com 1 milhão de habitantes, o aeroporto está em chamas depois de ser inundado pelo tsunami, acrescentou a agência.

Na sexta-feira, imagens de TV mostraram uma veloz torrente de água barrenta arrastando carros e destruindo casas nos arredores de Sendai, que fica a 300 km a nordeste de Tóquio. No cais, navios foram arremessados para a terra.

No norte do Japão, um tsunami atingiu a cidade de Kamaichi, e apesar de ter sido de pequenas dimensões atirou barcos, carros e caminhões como se fossem de brinquedo. A Kyodo disse que quatro trens na zona costeira ficaram incomunicáveis.

Mesmo para um país acostumado a terremotos, a devastação era impressionante. O terremoto provocou incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo.

Tremor é considerado o maior no país

Inicialmente, a Agência de Meteorologia Japonesa noticiou que a intensidade do terremoto havia sido de 8,9 pontos na Escala Richter, informação corrigida depois para 8,8 pontos.

De acordo com agências de notícias, este é o maior tremor que atinge o país em sete anos, e o 7º maior na história, segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Já a Agência de Meteorologia Japonesa afirmou que este foi o terremoto mais forte registrado no Japão.

O último terremoto de grandes proporções registrado no Japão aconteceu em 1932, em Kanto. O tremor de magnitude 8,3, matou 143 mil pessoas, segundo o USGS. Em 1996, um tremor de magnitude 7,2, em Kobe, deixou 6.400 mortos.

Brasileiros

Segundo nota do Itamaraty, não há notícias de brasileiros feridos pelo terremoto. Atualmente a comunidade brasileira no Japão é de 254 mil habitantes, sendo que a maior concentração está na região centro-sul do país, área menos atingida pelo terremoto.

A Embaixada do Brasil em Tóquio está trabalhando em regime de plantão 24 horas e solicita que pedidos de informação sejam dirigidos ao endereço eletrônico comunidade@brasemb.or.jp, já que há dificuldades de comunicação por telefone, especialmente em linhas de celular.

O Núcleo de Atendimento a Brasileiros (NAB), que está em contato com a rede consular no Japão, colocou linhas de atendimento à disposição do público: (61) 3411 6752/6753/8804 (de 8h às 20h) e (61) 3411 6456 (de 20h às 8h e finais de semana). Consultas poderão ainda ser dirigidas ao endereço eletrônico dac@itamaraty.gov.br.

Tremores na semana passada

A região onde se encontra o Japão foi atingida por outros terremotos durante a semana. Na quarta-feira, a costa norte do país foi atingido por um terremoto de 7,3 pontos localizado no Oceano Pacífico, que não deixou danos. Um dia depois, várias réplicas, a maior delas com magnitude de 6,8 pontos na escala Richter, voltaram a sacudir a costa nordeste do Japão.

Terremotos são comuns no Japão, o país que registra a maior atividade sísmica. Localizado em uma área chamada de "Anel de Fogo", região onde ocorrem 90% dos tremores de todo o mundo, o Japã contabiliza cerca de 20% dos terremotos do mundo, com magnitude acima de 6 pontos na escala Richter.

*Com agências internacionais