Minivan da Nissan será o novo táxi amarelo de Nova York
O táxi da cidade de Nova York terá luzes de leitura como nos aviões, air bags para os passageiros e uma buzina de baixa irritação, criada para reprimir aqueles que buzinam loucamente. O assento traseiro terá ainda mais espaço para as pernas do que os antigos sofás de rodas do Checker.
Mas será que a minivan vai conquistar Nova York?
A Nissan NV200, uma van de quatro portas que parece mais um carro de família do que um carro glamoroso, vai se tornar o veículo praticamente exclusivo de toda a frota de táxis da cidade, segundo anunciou o prefeito Michael Bloomberg na terça-feira (3), com o final de um concurso de vários anos para redesenhar um ícone da cidade.
A minivan tem um visual tradicional, sem muito estilo, que até o prefeito Bloomberg admitiu lembrar um carro de família. Perguntado na terça-feira se o carro tinha cara de suburbano, o prefeito sorriu e respondeu: “Isso provavelmente é verdade.”
As características internas, contudo, foram desenhadas especificamente para o uso nos táxis de Nova York e promete confortos para a criatura urbana: tomadas para ligar telefones e laptops; um teto transparente para se ter uma visão melhor da cidade; luzes externas que advertem ciclistas e pedestres quando alguém vai abrir a porta; e controles de temperatura para cada assento.
Até a buzina, a grande praga urbana, será reduzida. Além do tom de baixa intensidade, o táxi será todo iluminado, por fora e por dentro, toda vez que a buzina for tocada, para ajudar a polícia a seguir os taxistas barulhentos.
O primeiro modelo – uma versão customizada das que atualmente são vendidas na Ásia e na Europa – deve aparecer no final de 2013. Os proprietários de táxis terão que comprar as vans da Nissan quando seus carros atingirem a idade de substituição.
Até o final da década, quase todo táxi amarelo da cidade – atualmente são cerca de 13.000 - deverá ser um Nissan. Essa será a primeira vez que um fabricante estrangeiro domina uma frota de táxis desde que os originais vermelhos franceses Darracq chegaram, em 1907.
A cidade anunciou sua competição do “Táxi do Amanhã” em 2007, para oferecer um veículo mais adequado aos passageiros. O prêmio: um contrato exclusivo de 10 anos valendo US$ 1 bilhão (em torno de R$ 1,6 bilhão) em vendas.
O modelo Nissan, que será montado no México e eventualmente poderá rodar com motor puramente elétrico, venceu os concorrentes: Karsan, uma empresa turca que submeteu um desenho com muito estilo e de conceito avançado, e a Ford, fabricante do principal carro da frota atual, o robusto Crown Victoria, que a Ford planeja parar de fabricar neste ano.
Mesmo antes do anúncio oficial já havia reclamações sobre a seleção. Os defensores dos vencidos lamentaram a falta de opções do Nissan para usuários de cadeiras de rodas, enquanto os defensores do modelo da Karsan, que prometeu fabricar seus carros no Brooklyn, disseram que a cidade tinha ignorado uma chance de investir na economia local.
Um porta-voz da Bloomberg disse que os detentores de licença de táxi para deficientes ainda teriam permissão de comprar carros especialmente fabricados para cadeiras de rodas.
Em uma carta, o defensor público Bill de Blasio pediu ao inspetor da cidade, John C. Liu, que revisasse o concurso em busca de potenciais conflitos de interesse. E Micah Z. Kellner, deputado estadual que co-assinou a carta, entrou com uma queixa no Departamento de Justiça indagando se a escolha da prefeitura não violava a lei chamada Ato dos Americanos com Deficiências.
“Quem imaginava que o ‘Táxi do Amanhã’ seria a van de entregas de ontem?” Escreveu Kellner em uma declaração. “Só porque você pinta uma van de amarelo isso não a torna um táxi.”
Mas Bloomberg, na coletiva de imprensa na terça-feira em que anunciou a seleção, chamou a proposta da Nissan de “a melhor, de longe”, e disse que a cidade escolheu a fabricante que forneceria o veículo mais confiável “que cumpre as necessidades muito peculiares de nossa cidade”.
O prefeito acrescentou que duvidava da viabilidade da proposta da Karsan de uma fábrica de táxi no Brooklyn. “Não acho que dentro de dois anos encontraremos um terreno para uma nova escola, muito menos para uma nova fábrica”, disse Bloomberg.
A versão customizada da van da Nissan ainda não foi fabricada, mas representantes da empresa esperam apresentar um protótipo nos próximos meses. A van pode transportar no máximo quatro passageiros –três atrás e um na frente.
Os assentos são revestidos com material especial para resistir a manchas e bactérias, e o piso é equipado com luzes para facilitar a recuperação de bolsas e objetos em um trajeto noturno. A estação para carregamento inclui uma tomada comum e duas portas USB. Portas deslizantes vão impedir que, ao abrir a porta, o passageiro atinja outro carro ou derrube um ciclista.
A nova Nissan pode ser uma volta aos velhos tempos, quando os táxis espaçosos como o DeSoto Skyview tinham o rádio controlado pelo passageiro.
“Até os anos 70, os táxis não eram ruins”, disse Graham Hodges, historiador e ex-motorista de táxi. “Eram carros bons e espaçosos, podiam levar cinco pessoas com facilidade. As pessoas não reclamavam de serem sujos e desagradáveis.”
A prefeitura parece estar querendo retornar a essa era.
“Os táxis hoje não inspiram o mesmo tipo de afeição e lealdade dos clientes que o Checker inspirava. O objetivo deste concurso foi o de criar um táxi do qual as pessoas vão falar daqui a 20 anos como falam hoje do Checker”, disse na terça-feira David S. Yassky, presidente da Comissão de Táxis e Limusines da cidade.
Então, a van da Nissan vai atrair um culto similar? Os repórteres perguntaram a Bloomberg, na conferência com a imprensa, se o modelo era romântico. Ele virou-se para olhar a imagem da van projetada em uma grande tela. “Parece romântico para mim”, disse o prefeito, com um tom de “o que eu posso fazer?”, enquanto a sala caía na risada.
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