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Bin Laden deixa três viúvas e duas ex-mulheres que não se adaptaram ao seu estilo de vida

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

12/05/2011 07h00

Os Estados Unidos continuam tentando ter acesso às três viúvas do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, que estão detidas no Paquistão a fim de obter mais informações sobre as atividades da rede terrorista. Na visão americana, elas são peça chave na tentativa de prever os próximos passos da Al Qaeda e entender o comportamento do terrorista.

Oficialmente, as mulheres de Bin Laden são cinco, sendo três viúvas e outras duas, que se separaram dele por não se adaptarem ao estilo de vida do líder da Al Qaeda.

Entre as mulhers oficiais de Bin Laden, após a morte do terrorista os holofotes se voltaram para Amal Ahmed Abdul Fatah, 29, que estava na casa em Abbottabad, no Paquistão, no momento da ação que matou o terrorista. Ela foi atingida por um tiro na perna e está internada em um hospital sob a custódia do governo paquistanês. A jovem era uma das cinco mulheres de Bin Laden e a única que vivia com o terrorista. Eles tiveram três filhos juntos.

Nascida em 27 de março de 1982, com a metade da idade do ex-marido, Amal foi dada de presente ao terrorista quando ainda era adolescente e vivia no Iêmen, um ano antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Sua família era humilde e, em troca, ganhou dinheiro e bens.

“Desde jovem, ela já era religiosa e acreditava demais em Bin Laden. Como veio de uma família pobre, ela poderia viver normalmente com o marido na dura vida nas montanhas afegãs. Amal também não se importava em viver com um homem que tinha idade para ser seu pai. Ela sempre foi obediente e acreditava que sempre teria um lugar no céu”, contou Sheikh Rashad Mohammed Saeed Ismael, um ajudante de Bin Laden que ajudou a arranjar o casamento, em uma reportagem publicada pelo jornal inglês “Times”, há um ano.

O responsável por encontrar Amal foi o xeque iemenita Rashad Mohammed Saeed Ismael. “Zelosa, nova, de boas maneiras, vinda de uma família decente e, acima de tudo, paciente. Ela terá de assumir as minhas circunstâncias excepcionais”, diz Rashad ao comentar as exigências de Bin Laden quando este lhe pediu que achasse uma mulher para ele.

Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Rashad diz que está acompanhando o caso de Amal e vai tentar ajudá-la.

"Nós temos uma tradição forte no islamismo chamada ardth [honra familiar]. Quando uma mulher como Amal se torna viúva, é dever dos muçulmanos olhar por ela e garantir sua segurança. Todo o povo no Iêmen quer que ela volte para casa", disse. Pela lei, o Paquistão deverá extraditar Amal e os filhos para o Iêmen, país de origem da mulher, assim que ela se recuperar dos ferimentos.

Para Rashad, qualquer ação dos EUA contra Amal ou a sua família "causará uma explosão entre o ocidente e o mundo islâmico. As mulheres não são combatentes. A América sabia que Bin Laden nunca usou mulheres nas suas batalhas", afirmou.

Em uma rara entrevista ao "The Guardian" em 2002, Amal fez várias revelações sobre a vida conjugal com Bin Laden. Disse que as mulheres de Bin Laden nunca se encontravam e revelou que ele desejava morrer no Afeganistão. "Ele me disse que se saísse do Afeganistão, seria apenas para conhecer o Criador".

As outras mulheres de Bin Laden

A mais conhecida mulher de Bin Laden antes de sua morte era Najwa Ghanem. Nascida em 1958, ela se casou com o terrorista em 1974. Não à toa é descrita como "constantemente grávida" pela cunhada, Carmen bin Laden, no livro "The Osama Bin Laden I Know", de Peter Bergen. Ghanem foi a mulher que deu mais filhos a Bin Laden, 11 ao todo. A irmã do terrorista ainda descreve a cunhada de "submissa e extremamente religiosa".

Najwa se mudou com o marido para o Afeganistão em 1996, quando Bin Laden foi exilado do Sudão. O relacionamento do casal era turbulento, com constantes brigas, o que piorou com a ida do casal para outro país.

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A vida modesta e de recursos limitados não estava nos planos de Najwa. Grávida, por diversas vezes ela ficou sem comida e teve que dormir em lugares improvisados.

Em 2001, ano dos ataques às Torres Gêmeas, ela deixou o Afeganistão e voltou para a Síria, com o filho Abdel Rahman. Depois, ao lado de outro filho, Omar bin Laden, Najwa escreveu o livro "Growing up Bin Laden", no qual fala sobre seu relacionamento com o líder da Al Qaeda.

A segunda mulher de Bin Laden foi Khadija Sharif, nove anos mais velha que ele. Casaram-se em 1983 e tiveram três filhos. Diferente da primeira mulher, Khadija era professora e independente, mas também não se adaptou ao estilo de vida do líder da Al Qaeda e acabou retornando ao Sudão sem o marido.

A terceira mulher de Bin Laden é conhecida como Khairiah Sabar, que seria uma professora de psicologia infantil. Segundo informa o "The Daily Beast", ela sempre quis se casar com um guerreiro santo. Deu a Bin Laden apenas um filho, Hamza, conhecido pelo apelido de "príncipe do terror".

Na terça-feira, oficiais do governo paquistanês informaram que Hamza teria conseguido escapar da casa onde Bin Laden foi morto no momento da ação e, desde então, não foi mais visto.

Bin Laden se casou de novo em 1987, dessa vez com Siham Sabar, que assim como Khairiah, era professora. Teve quatro meninas e um menino com o líder da Al Qaeda.

Já o paradeiro daquela que seria a 5ª mulher de Bin Laden é desconhecido. O casamento foi divulgado e teria ocorrido em Cartum, na capital do Sudão, em 1994, mas foi anulado em 48 horas e não teria sido consumado. Pessoas próximas ao terrorista dizem que esse sempre foi um assunto tabu para o líder da Al Qaeda.

*Com informações do The Guardian e The Dailey Beast