Ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner critica presidente na TV e programa e tirado do ar
Do UOL, em São Paulo
14/03/2012 10h48
Uma entrevista do ex-chefe de gabinte do governo de Néstor Kirchner, Alberto Fernández, foi tirada do ar de forma abrubta na noite desta terça-feira, em Buenos Aires.
Fernandez participava ao vivo de um programa de entrevistas comandado pelo jornalista Marcelo Longobardi no canal C5N. Em seus comentários, o ex-integrante do governo Kirchner teceu fortes críticas à gestão da atual presidente até que foi interrompido, para a sua surpresa e do jornalista.
A entrevista deu lugar a anúncios publicitários e foi cortada sem explicações ao telespectador. Entre os comentários, Fernández criticou a gestão da presidente na área de transportes e a má administração de investimentos.
Em entrevista à rádio argentina Mitre, Fernandez disse que foi pego de surpresa e que pensou que se tratava de um problema técnico.
Ele contou que a produção do programa informou que a decisão partiu da direção do canal e que os funcionários da emissora estavam sendo chamados de "funcionários do governo".
"Foi algo estranho. Estava falando e escutei a música do intervalo. Pensei que um operador havia apertado algum botão, mas não. 'Tiraram o programa', me disse Longobardi. O que ouvi é que isso foi resultado das pressões que a TV estava recebendo do governo", disse Fernández.
Fernández é o homem que mais tempo foi chefe de gabinete na Argentina (o equivalente no sistema presidencial argentino a primeiro-ministro) e renunciou em 2008, ainda no primeiro mandato de Cristina à frente do país.
Daniel Hadad, dono do grupo de comunicação que comanda o C5N, veio a público pedir desculpas pelo ocorrido, mas sem comentar se o pedido de corte da entrevista partiu ou não do governo. Segundo ele, o corte foi resultado de "um excesso de formalismo".
"O lado bom deste incidente de ontem a noite é que estamos todos atentos e alerta e nenhum de nós quer qualquer tipo de censura, e com maíusculas. O dia em que Alberto Fernández estiver censurado em alguns dos veículos que dirigo, esse dia eu prefiro não trabalhar mais nesta profissão", declarou Hadad.