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Jornal australiano diz que família de brasileiro morto já contratou advogado para investigar ação da polícia

Caso do brasileiro morto em Sydney é destaque do jornal The Daily Telegraph de quarta-feira (21) - Reprodução
Caso do brasileiro morto em Sydney é destaque do jornal The Daily Telegraph de quarta-feira (21) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

20/03/2012 09h50

A família do brasileiro Roberto Laudisio Curti, 21, que foi morto na manhã de domingo (18), em Sydney, na Austrália, pelas descargas de pistolas elétricas durante uma perseguição policial, já contratou um escritório de advocacia local para investigar sua morte. Segundo o jornal australiano The Daily Telegraph, a família vai pressionar a polícia por respostas.

A reportagem tentou falar com familiares de Curti, tanto na Austrália quanto no Brasil, mas eles se dizem muito abalados para falar com a imprensa.

O caso ocupa toda a capa do The Daily Telegraph, desta quarta-feira (21), um dos principais jornais da Austrália.

Curti vivia em Sydney com sua irmã Ana Luisa Laudisio, que trabalha com consultoria empresarial em uma companhia local, e seu cunhado, um australiano que ocupa uma posição de destaque em um banco.

Segundo Cristina Talacko, presidente da Câmara de Comércio Austrália-Brasil, a família Laudísio é conhecida na Austrália. “A família é idônea e muito respeitada”, afirmou, em entrevista à rádio SBS.

Um tio de Curti e sua outra irmã, Maria Fernanda, que vive em São Paulo, já embarcaram para a Austrália e devem chegar ainda nesta terça-feira (20) no país. O rapaz morto era órfão de pai e mãe. Ambos morreram de câncer.

Curti foi para a Austrália estudar inglês, em junho do ano passado. O rapaz trancou a faculdade de Administração, na PUC-SP, para viajar.

Na Austrália, Curti tinha acabado de conseguir um emprego em um café. Segundo amigos, ele também trabalhava como promoter de uma casa noturna de Sydney.

O jovem morreu após ser perseguido por cinco agentes que usaram pistolas "taser" e sprays de pimenta para controlá-lo.

Segundo testemunhas, Curti entrou em uma loja pedindo ajuda e dizendo que o mundo acabaria. Depois disso, roubou um pacote de biscoitos e fugiu.

Na perseguição, conseguiu se desvencilhar dos agentes em várias ocasiões, mas finalmente acabou controlado após a utilização dos "tasers".

Amigos negam que o brasileiro tenha roubado o pacote de biscoitos e dizem que a polícia o confundiu com outra pessoa.

O ombudsman da polícia de Nova Gales do Sul, Bruce Barbour, divulgou um comunicado em que afirma que a morte de Curti será investigada.

“Todos os assuntos relacionados ao envolvimento da polícia neste caso serão objetos de uma investigação detalhada feita pelo meu departamento”, afirmou.

Caso Jean Charles

A morte de Roberto Laudisio Curti na Austrália lembra a de outro brasileiro morto por policiais no exterior. Em 22 de julho de 2005, Jean Charles de Menezes foi morto aos 27 anos, supostamente por engano, em uma operação policial.

Menezes teria sido confundido com o terrorista Hussain Osman, autor de um atentado frustrado no sistema de transporte de Londres no ano anterior.

Em novembro de 2007, a Justiça britânica condenou a Scotland Yard pela morte. O júri considerou que a ação violou leis de segurança ao colcoar vidas em risco.