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Em Harvard, Dilma fala sobre Venezuela, corrupção, Copa do Mundo e diz que queria ser bombeira

Do UOL, em São Paulo

10/04/2012 20h23

Depois de realizar uma palestra na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff se viu diante de perguntas da plateia formada principalmente por estudantes da instituição. Foi nesse momento que a presidente mostrou-se mais descontraída, fazendo brincadeiras até sobre a rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol. Ao ser questionada por uma estudante argentina sobre quem ganharia Copa do Mundo de 2014, a presidente não hesitou: “A Copa do Mundo é o Brasil”, disse. A afirmativa foi repetida depois de uma breve exposição sobre a parceria Brasil e Argentina: “Sobre a Copa, é o Brasil que vai ganhar”.

A sessão de perguntas começou com uma estudante perguntando qual conselho a presidente daria às mulheres. Dilma inspirou-se no presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cujo slogan de campanha em 2008 era "Yes, we can" (Sim, nós podemos), dizendo que “elas [as mulheres] podem”. “Eu não sonhava ser presidenta, eu sonhava ser uma de duas coisas: ou bailarina ou fazer parte do Corpo de Bombeiros, apagar incêndio", disse, arrancando risos da plateia. "Hoje, as meninas podem sonhar com uma terceira opção, serem presidentas do Brasil”.

A segunda pergunta foi sobre como os brasileiros deveriam se sentir diante dos frequentes casos de corrupção que abalam a credibilidade dos políticos. “Isso não pode permitir uma visão – que eu acredito que é perigosa – de que se você não participar da política, você não sofre as consequências de qualquer ato corrupto”, ressaltou.

“A democracia é que nem o sol, o melhor antidoto para atos de corrupção. Quanto mais pessoas participarem, menos haverá espaço para políticos que cometem atos que não são corretos”, acrescentou, dizendo que seu governo está combatendo a corrupção e pedindo ao estudante brasileiro que fez a pergunta para participar da política: “Eu te peço, participa”.

Venezuela e direitos humanos

Duas perguntas direcionadas à presidente foram relacionadas à Venezuela e a presidente deu respostas neutras a ambas.

Questionada sobre qual recomendação faria ao presidente Hugo Chávez, esquivou-se: “Eu tenho um grande respeito pelo Chávez e não me arrogo o direito de fazer recomendação para país nenhum, acho isso muito perigoso, assim como não gostaria que fizessem comentários sobre meu país. Agora espero que ele melhore de saúde, eu já lutei contra um câncer, espero que ele se recupere.

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”Em seguida, ao ouvir a pergunta de um estudante venezuelano de Harvard, primeiro fez outra brincadeira, dizendo que “Chávez hoje está feliz”. Depois, ao ouvir a questão sobre uma prisioneira política daquele país, Dilma disse que não poderia responder sobre um assunto a respeito do qual não tinha os detalhes. Completou repetindo sua posição a respeito da questão dos direitos humanos. Posição que já havia sido manifestada durante sua visita a Cuba.

“Do ponto de vista do Brasil, sempre que nós podemos e temos oportunidade nós manifestamos o interesse do país em respeito aos direitos humanos. Agora posso te dizer uma coisa, o Brasil tem grandes desrespeitos aos direitos humanos. Eu sei o que acontece. Não tenho como impedir em todas as delegacias do Brasil de haver tortura”, afirmou.

“Considero que direitos humanos não pode ser objeto de luta política e não farei luta política com isso, porque não considero que existe só um país ou grupo de países que viola os direitos humanos. Por isso eu gostaria de discutir essa questão sempre multilateralmente, porque eu sei que se usa essa questão politicamente.”

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