Sarkozy confirma que aliado de Gaddafi procurado pela Interpol está na França
Do UOL, em São Paulo
02/05/2012 10h49
O presidente francês Nicolas Sarkozy confirmou que um ex-aliado do ditador líbio Muammar Gaddafi está exilado na França.
Em entrevista à rádio RMC, nesta terça-feira (1º), Sarkozy confirmou que Bashir Saleh, um dos chefes de gabinete e suposto tesoureiro de Gaddafi, vive no país, mas negou qualquer relação com um dos homens de confiança de Gaddafi.
"Saleh está na França... a decisão para ele estar na França foi tomada após consultas a autoridades líbias, em razão de sua família estar aqui", disse Sarkozy, sem precisar em que cidade o líbio estaria.
Ainda segundo o presidente francês, o governo da França "está trabalhando com o governo da Líbia para decidir a melhor forma de resolver o caso de Saleh".
O governo americano colocou Saleh em abril de 2011 na lista de pessoas sob sanção e entre os mais procurados pela Interpol, apresentando três maneiras distintas de escrever seu nome.
A confirmação da presença de Saleh na França pode complicar a reta final da campanha de reeleição de Sarkozy, que no domingo (6) enfrenta o segundo turno da eleição presidencial contra o socialista François Hollande.
O caso traz de volta a suspeita de que Gaddadfi teria financiado a campanha de Sarkozy em 2007, como foi denunciado pelo jornal francês Mediapart, o que o presidente nega. Sarkozy já declarou que irá processar o jornal por "injúria" e por divulgar "falsas notícias".
Khaled el-Zintani, porta voz da Zintan, milícia que atua na Líbia, diz que o grupo prendeu Saleh em Trípoli em outubro, na queda do regime de Gaddafi. Saleh foi libertado em circunstâncias desconhecidas e seguiu para o Níger -- país pelo qual tem um passaporte diplomático-- e depois chegou à França.
"Muitos países do ocidente colaboraram em algum momento com o regime de Gaddafi e não seria uma surpresa se alguns dessem asilo a membros do governo dele para encobrir segredos", disse el-Zintani.
O premier francês François Fillon afirma que o passaporte diplomático dá a Saleh imunidade e obriga a França a buscar a permissão do Níger para uma eventual extradição. Fillon não esclareceu se Saleh estava em solo francês como um representante do governo do Níger, o que poderia ter influência na definição de se ele tem ou não imunidade diplomática. (Com Associated Press)