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União Europeia ganha o Nobel da Paz

Bandeira da União Europeia em frente à sede da instituição em Bruxelas, na Bélgica - Shutterstock
Bandeira da União Europeia em frente à sede da instituição em Bruxelas, na Bélgica Imagem: Shutterstock

Do UOL, em São Paulo

12/10/2012 06h01Atualizada em 12/10/2012 12h55

O Prêmio Nobel da Paz de 2012 foi dado nesta sexta-feira (12) à União Europeia (UE), uma instituição atualmente abalada pela crise econômica, mas com a credencial de ter pacificado um continente destruído pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esse foi o anúncio feito pelo comitê do Nobel, às 6h, em Oslo, na Noruega.

Os vencedores dos últimos 10 anos do Nobel da Paz

2012: União Europeia (UE)
2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee (Libéria) e Tawakkul Karman (Iêmen)
2010: Liu Xiaobo (China)
2009: Barack Obama (Estados Unidos)
2008: Martti Ahtisaari (Finlândia)
2007: Al Gore (Estados Unidos) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU
2006: Muhammad Yunus (Bangladesh) e o Banco Grameen
2005: Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e seu diretor, Mohamed ElBaradei (Egito)
2004: Wangari Maathai (Quênia)
2003: Shirin Ebadi (Irã)

A UE e as instituições que a precederam em sua formação "contribuíram durante mais de seis décadas para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos" no Velho Continente, disse o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland. 

Para o comitê, esse foi o “maior êxito” da União Europeia, o de transformar uma "guerra continental" --numa referência à Segunda Guerra Mundial (1939-1945)-- em "paz continental". 

"Durante um período de 70 anos, Alemanha e França se enfrentaram em três guerras (1870, 1914-18 e 1939-45). Hoje em dia, uma guerra entre Alemanha e França é impensável", destacou Jagland.

"Isto demonstra como, através de um esforço bem encaminhado e da construção da confiança mútua, inimigos históricos podem virar sócios próximos", completou.

Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (12), a emissora pública norueguesa "NRK" chegou a divulgar a informação, que acabou sendo confirmada em seguida. Ainda de acordo com a emissora de TV, o bispo mexicano José Raúl Vera López e os cubanos Óscar Elias Biscet e las Damas de Blanco seriam outros nomes indicados para ganhar o Nobel 2012.

A UE, bloco econômico e político que une 27 países, já havia sido indicada em anos anteriores. Como vencedora do prêmio, de 8 milhões de coroas suecas (cerca de 930 mil euros) --20% menos do que no ano passado-- a UE sucede na lista às três mulheres agraciadas em 2011: a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a também liberiana Leymah Gbowee e a ativista iemenita Tawakkul Karman.

“Grande honra”

O prêmio foi uma surpresa em um momento no qual a solidariedade europeia enfrenta o maior desafio em décadas ante as profundas divisões entre os países do sul, muito afetados pela crise da dívida, e os do norte, mais ricos, liderados pela Alemanha.

"O Nobel da Paz é uma grande honra para toda a UE para seus 500 milhões de cidadãos", afirmou o presidente Comissão Europeia, o português José Manuel Barroso.

"Estou profundamente emocionado e honrado de que a UE tenha vencido o prêmio da paz", disse o presidente do Parlamento Europeu, o deputado social-democrata alemão Martin Schulz.

Depois dos anúncios das láureas referentes a Medicina, Física, Química e Literatura, resta apenas a concessão do prêmio de Economia, que acontecerá na próxima segunda-feira (15).

Seguindo a tradição, a entrega do Nobel será realizada em duas cerimônias paralelas: em Oslo para o da Paz, e em Estocolmo para os demais, no dia 10 de dezembro, coincidindo com o aniversário da morte de Alfred Nobel.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, felicitou a UE pelo prêmio e lembrou que o bloco foi uma peça-chave na hora de "dar forma à nova Europa".

"A UE desempenhou um papel vital na cura das feridas da história e na promoção da paz, da reconciliação e da cooperação na Europa", afirmou em comunicado.

Além disso, Rasmussen destacou a contribuição dos 27 países do bloco para o avanço "da liberdade, da democracia e dos direitos humanos em todo o continente e além".

Neste sentido, ressaltou os "valores compartilhados" que unem ambas as instituições. "A União Europeia é um parceiro único e essencial para a Otan. Espero com interesse o fortalecimento de nossa associação estratégica, segundo o estipulado pelas duas organizações, para promover a paz, a estabilidade e a segurança", acrescentou.

A comissária da Cooperação Internacional e da Ajuda Humanitária, Kristalina Giorgieva, também disse se sentir "orgulhosa de ser europeia. É um reconhecimento a décadas de contribuição à paz e à reconciliação, à democracia e aos direitos humanos." "Estou feliz com o prêmio Nobel da Paz para a UE. Inesperado e um reconhecimento muito bem-vindo sobre a importância da cooperação europeia", afirmou a comissária de Interior, a sueca Cecilia Malmström, que da mesma forma que seus colegas do colégio de comissários utilizou uma rede social para expressar sua satisfação com o prêmio. (Com agências internacionais)