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Operação em campo de gás na Argélia continua, diz ministro; para Hollande, situação é "dramática"

Foto sem data mostra movimentação de carros e funcionários no campo de exploração de gás de Amenas, na Argélia (África) - Statoil/ Kjetil Alsvi/AFP
Foto sem data mostra movimentação de carros e funcionários no campo de exploração de gás de Amenas, na Argélia (África) Imagem: Statoil/ Kjetil Alsvi/AFP

Do UOL, em São Paulo

17/01/2013 16h52Atualizada em 17/01/2013 18h13

O ataque do Exército da Argélia a uma usina de gás natural tomada por um grupo de rebeldes ontem continua nesta quinta-feira (17), declarou o ministro argelino da Comunicação, Mohamed Said. Não se sabe ao certo o número de reféns que estão nas mãos dos rebeldes, mas um bombardeio das forças oficiais deixou 49 mortos hoje. O intuito da operação do Exército era libertar reféns. Os mortos foram 34 reféns e 15 rebeldes extremistas.

Pouco antes do anúncio do ministro, o presidente da França, François Hollande, declarou que o desenlace da operação de resgate de reféns no campo de gás, localizado em In Amenas, no sul da Argélia, é aparentemente dramático.

"As autoridades argelinas me informam regularmente sobre a situação, mas ainda não disponho de elementos suficientes para fazer uma avaliação", afirmou Hollande em uma reunião com dirigentes econômicos no palácio do Eliseu, sede do governo francês, em Paris.

"Eu me dirijo a vocês em um momento de excepcional intensidade, devido a uma captura de reféns de várias nacionalidades na Argélia", continuou Hollande.

"O que acontece na Argélia justifica ainda mais a decisão que tomei em nome da França de ajudar o Mali em conformidade com a Carta das Nações Unidas e a pedido do presidente desse país", assinalou o governante francês. "Trata-se de pôr fim a uma agressão terrorista e permitir que os africanos se mobilizem para preservar a integridade territorial de Mali", concluiu.

No dia 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, intervindo militarmente na nação africana, a pedido do governo local. O objetivo é combater grupos extremistas que controlam várias regiões do país. Para a intervenção, a França obteve apoio" da ONU e da Otan, além de apoio logístico de vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos.

No entanto, o premiê britânico, David Cameron, lamentou não ter sido informado previamente da operação do Exército argelino na usina de gás. Ele soube da intervenção depois que ela havia sido iniciada, quando conversou por telefone com o premiê argelino, Abdelmalek Sellal.

“O governo argelino sabe que gostaríamos de ter sido avisados com antecipação”, declarou um porta-voz do governo britânico. A fonte precisou que há “vários” reféns britânicos, e o governo do Reino Unido gostaria de tentar resolver a questão da forma mais pacífica possível.

Mas, segundo o porta-voz, Sellal explicou que “a situação muda muito rápido e o julgamento do governo argelino foi de que teriam que atuar imediatamente”.

O governo americano, por sua vez, condenou o atentado ocorrido ontem no campo de gás. Um porta-voz da Casa Branca disse que os Estados Unidos estão acompanhando de perto os acontecimentos e que estão em contato com dirigentes da BP, uma das petroleiras que controlam a usina.

“A informação que temos indica que cidadãos norte-americanos estão entre os reféns. Mas não temos, neste momento, mais detalhes para oferecer. Estamos certamente preocupados com as informações que chegam sobre as mortes e pedimos esclarecimentos do governo da Argélia”, assinalou o porta-voz Jay Carney.


Confira a localização da região argelina de In Aménas, que fica na fronteira com a Líbia

  • DADOS DO MALI:

  • Capital: Bamaco
    População: 15,5 milhões (2012)
    Língua oficial: francês
    PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
    Tamanho: 7º maior país da África
    Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
    e 9% crenças indígenas

Guerra contra o terrorismo

As informações sobre reféns são incertas. Quatro reféns estrangeiros teriam sido liberados pelo Exército da Argélia - dois britânicos, um queniano e um francês. Além disso, a agência estatal "APS" informou que cerca de 600 trabalhadores argelinos também teriam sido libertados hoje pelo Exército.

Um representante dos sequestradores afirmou que o Exército argelino lançou também um ataque terrestre ao campo, e que são sete o total de reféns vivos: três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico. O grupo rebelde exige o fim da intervenção francesa no Mali. "Vamos manter o resto dos reféns, e os mataremos se o Exército se aproximar", ameaçou.

O grupo de rebeldes é ligado à Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e pelos movimentos Ansar Dine e Mujao. É dirigido pelo argelino Mojtar Belmojtar, que assumiu a autoria do ataque. Segundo Belmojtar, autoproclamado emir da "Brigada dos Mascarados", a ação é uma resposta à abertura do espaço aéreo da Argélia para que a aviação francesa bombardeasse o norte do Mali no domingo (13), controlado por grupos armados salafistas desde junho de 2012.

Os rebeldes também anunciaram que atingirão "o coração da França".

A usina de gás é controlada por um consórcio formado pela nacional Sonatrach, a britânica BP (British Petroleum) e a norueguesa Statoil. A Statoil anunciou ontem que vai fechar a planta.