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Promotores usarão DNA como prova de estupro coletivo na Índia; julgamento começou hoje

Ativistas feministas protestam nesta segunda (21) em frente a tribunal de Nova Déli onde acontece o julgamento - Prakash Singh/AFP
Ativistas feministas protestam nesta segunda (21) em frente a tribunal de Nova Déli onde acontece o julgamento Imagem: Prakash Singh/AFP

Do UOL, em São Paulo

21/01/2013 10h49Atualizada em 21/01/2013 11h29

Exames de DNA feitos em roupas ensanguentadas e amostras da pele servirão de base para que promotores indianos peçam a condenação dos cinco adultos e um adolescente acusados da morte da estudante Jyoti Singh Pandey, 23, após seu estupro coletivo em um ônibus de Nova Déli, na Índia.

A defesa dos acusados afirmou que o julgamento, que começou nesta segunda-feira (21) na capital Nova Déli, durará "semanas". "Em semanas haverá uma sentença. Esperamos que seja rápida", disse à agência de notícias Efe o advogado K. Anand, que defende um dos réus.

Segundo o procurador Dayan Krishnan "foi apresentada a ata de acusação ao juiz e os debates começarão no dia 24 de janeiro".

Os promotores apresentarão também registros de telefonemas celulares, um depoimento da vítima e de um amigo dela, relatando a violência que ocorreu na noite do dia 16 de dezembro passado. Jyoti morreu dias depois de prestar depoimento em um hospital de Cingapura, por causa das graves lesões sofridas no ataque.

Os cinco homens, que têm entre 19 e 35 anos, são acusados de homicídio, estupro, sequestro e furto, passíveis da pena de morte. A acusação contra um sexto suspeito, que diz ter 17 anos, será acompanhada por um tribunal juvenil se sua idade for confirmada.

Um dos acusados pediu no sábado (19) que a Suprema Corte transfira o julgamento da capital, argumentando que uma audiência justa não seria possível devido ao apelo popular. O pedido, que foi rejeitado, atrasou o início do julgamento.

"Nenhum homem tem o direito de viver depois de ter cometido um crime tão abominável", acrescentou o pai de Jyoti, cujo nome não pode ser revelado de acordo com o que rege a lei indiana nos casos de estupro.

Os ânimos ainda estão exaltados na Índia após o ataque brutal, em meados de dezembro, que gerou violentos protestos de rua sobre a falta de segurança para as mulheres e pedidos de leis mais severas para combater os estupros.

O julgamento é realizado a portas fechadas em um tribunal especial para acelerar o procedimento e evitar a lentidão do sistema judicial da Índia.

Novo caso

Uma enfermeira de 26 anos foi sequestrada e violentada por vários homens em um novo estupro coletivo na Índia, no Estado do Punjab. O caso foi divulgado nesta segunda-feira (21) pela polícia local, que ainda informou que os estupradores filmavam a vítima.

A jovem foi sequestrada na cidade de Chandigarh na sexta (18) enquanto esperava um ônibus para ir a uma entrevista de emprego. Ela relatou à polícia que foi violentada em repetidas ocasiões.

No domingo (20) de manhã a jogaram em uma estrada, onde um homem a viu e a levou a um hospital. Os autores do ataque sexual ainda não foram localizados.

Impunidade

O julgamento pode acabar inocentando os réus, já que a má qualidade das práticas forenses na Índia é uma das principais razões para a grande taxa de impunidade nos casos de estupro. Advogados dos acusados disseram à agência de notícias Reuters que estão se preparando para contestar as conclusões dos peritos, apontando-as como manipuladas.

Eles também podem alegar que o processo foi distorcido porque a polícia apressou a investigação diante da repercussão do caso. Dois dos quatro advogados dizem que seus clientes foram torturados na prisão para fazerem confissões que parecem ser excessivamente semelhantes.

"Todas as declarações dizem a mesma coisa. É como se alguém as tivesse ditado", afirmou o advogado Manohar Lal Sharma. (com agências internacionais)