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Obama anuncia a retirada de 34 mil soldados americanos do Afeganistão

Do UOL, em São Paulo

13/02/2013 01h11Atualizada em 13/02/2013 09h17

O presidente americano, Barack Obama, disse, na noite desta terça-feira (12), que os EUA vão retirar cerca de 34 mil soldados do Afeganistão até o começo de 2014. 

O anúncio foi feito durante o tradicional discurso anual do Estado da União, no Congresso, em Washington. A retirada do efetivo reduz a presença militar americana no país à metade.

"Após uma década de guerra, nossos homens e mulheres de uniforme estão voltando para casa", anunciou, como que a confirmar uma promessa feita aos americanos.

O número de soldados dos EUA no Afeganistão, que já chegou a 100 mil, atualmente está em 66 mil.

Ainda de acordo com Obama, os EUA pretendem ajudar o país no treinamento de tropas afegãs e nos esforços de combate ao terrorismo, de modo e à medida que os afegãos possam assumir a responsabilidade plena por sua defesa.

"Na primavera (do hemisfério norte), nossas forças se deslocarão para um papel de apoio, enquanto as forças de segurança do Afeganistão assumirão a liderança", adiantou.

Diante do Congresso, Obama assegurou que os EUA encerrarão a sua missão no Afeganistão e que será alcançado o objetivo "de derrotar o núcleo da Al Qaeda". "No ano que vem, nossa guerra estará terminada", afirmou, sendo bastante aplaudido pelos democratas.

Em outra fala de exaltação dos americanos, o presidente disse ainda que a Al-Qaeda é, hoje, uma "sombra" do perigo que representava para os EUA há uma década --numa referência à resposta aos ataques terroristas em Nova York e Washington que deixaram mais de 3.000 mil pessoas mortas e feridas, em 2001.

Transparência em esforços antiterroristas

Ainda sobre o tema da segurança, Obama disse que o governo vai ser mais transparente em seus esforços antiterroristas, mas também sustentou que "quando for necessário" seguirá tomando "ações diretas" contra aqueles que forem uma ameaça para seus compatriotas.

  • Em sua fala ao Congresso, Obama disse que vai tomar "ações diretas" contra aqueles que forem uma ameaça, e citou a C. do Norte

A fala do presidente sobre o assunto surge em meio a duras críticas ao programa americano de uso de drones (aviões não-tripulados) para eliminar supostos terroristas em território estrangeiro.

No discurso, Obama passou ao largo desse ponto específico, mas assinalou que a ameaça representada pelos grupos extremistas e filiados à Al Qaeda da Península Arábica até a África "está evoluindo", e que "é preciso ajudar países como Iêmen, Líbia e Somália para que possam ocupar-se de sua própria segurança e ajudar os aliados que brigam contra os terroristas, como fizemos no Mali".

Nessa linha, Obama falou ainda sobre o teste nuclear norte-coreano, realizado na madrugada desta terça-feira (12), o qual chamou de "ato altamente provocativo". O presidente americano voltou a afirmar que os Estados Unidos se mantêm firmes na defesa de seus compromissos e de seus aliados. E disse ainda que a Coreia do Norte é uma nação cada vez mais isolada.

Urgência para o controle de armas

Falando ao Congresso, Obama tocou ainda em outro ponto sensível da democracia americana: o controle de armas. 

As propostas do Governo, de senadores e das autoridades policiais para reduzir a violência causada pelas armas "merecem um voto", ressaltou, e pediu urgência ao Congresso na aprovação de novas leis a respeito.

Segundo ele, o debate sobre essa questão no país está "diferente", visto que uma "arrasadora maioria" dos americanos "uniu forças" em torno de reformas "de bom senso".

Reforma migratória é dada como certa

Promessa de campanha do presidente, a reforma migratória integral foi dada como praticamente certa por Obama e, segundo ele, será promulgada “imediatamente”, caso e tão logo seja aprovada pelo Congresso.

"Enviem-me um projeto de lei para uma reforma migratória integral nos próximos meses e eu a assinarei imediatamente", disse.

No entender do presidente americano, uma "verdadeira" reforma migratória integral perpassa pelo avanço da segurança fronteiriça, algo que, destacou, seu governo fez mediante o maior deslocamento de agentes na fronteira na história dos EUA e uma redução dos cruzamentos ilegais para seus níveis mais baixos em 40 anos.

Mas, segundo Obama, a medida equivale, também, ao estabelecimento de uma "uma via responsável" que permita aos imigrantes ilegais "ganhar" a eventual cidadania americana.

Para obter a legalização e essa eventual cidadania, advertiu Obama, os imigrantes ilegais deverão submeter-se a uma revisão de antecedentes penais, pagar impostos e uma multa "substancial", aprender inglês e "colocar-se no final da fila" dos que tentam emigrar aos EUA de forma legal.

Além disso, essa reforma deve corrigir o sistema de imigração legal de modo que se reduza a demora nos trâmites, "se diminua a burocracia" e o país atraia empreendedores com alta capacidade de trabalho e engenheiros que "ajudem a criar empregos e elevar nossa economia".

Por fim, Obama assinalou que a reforma migratória integral conta com o respaldo de líderes do setor privado, dos sindicatos, de agências policiais e comunidades religiosas. (Com agências internacionais)