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Cerca de 500 padres entregarão hóstias na missa de início do papado de Francisco

Fernanda Calgaro

Do UOL, na Cidade do Vaticano

18/03/2013 10h30

Na missa inaugural do pontificado de Francisco, que acontece na terça-feira (19), cerca de 500 padres ficarão encarregados de entregar as hóstias ao público que deve lotar a praça São Pedro e a avenida em frente.

O Vaticano não informou ainda quantas pessoas são esperadas para a cerimônia, que será acompanhada por dezenas de chefes de Estado, incluindo a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

A missa terá início às 9h30 hora local (5h30 em Brasília) e será transmitida ao vivo pelo UOL. Rezada em latim, a cerimônia terá uma parte cantada em grego para lembrar a igreja do ocidente e do oriente. A homilia (sermão) do papa será em italiano.

Os ritos litúrgicos incluem uma reverência do papa ao túmulo de São Pedro, que fica na cripta da basílica de São Pedro. Apóstolo de Jesus, Pedro é considerado o primeiro papa da Igreja Católica.

Em seguida, o papa, acompanhado dos patriarcas das igrejas católicas orientais, sai em procissão até a praça em frente, onde acontece a celebração. Ali, o novo pontífice receberá formalmente o pálio, vestimenta litúrgica de lã, adornada com seis cruzes e três cravos. A lã representa as ovelhas do rebanho perdidas ou doentes que o bom pastor carregará em seus ombros.

O papa recebe ainda o chamado "Anel do Pescador", joia usada no dedo anular da mão direita e que simboliza o seu pontificado. O anel traz a imagem do apóstolo Pedro, que era pescador, numa alusão ao papel desempenhado pelo papa, visto como um "pescador de homens".

Primeiro Angelus

Em sua primeira benção dominical, realizada na manhã de domingo (17), o papa Francisco falou sobre a importância da misericórdia. "Temos que aprender a ser misericordiosos com todos."

"Para nós cristãos é importante encontrar-nos todos os domingos, saudar-nos, conversamos em uma praça que, graças aos meios de comunicação, tem as dimensões do mundo", disse o argentino Jorge Bergoglio, que escolheu o nome Francisco para exercer o pontificado.

Ele afirmou que Deus "jamais se cansa" de perdoar os homens e que se Deus não perdoasse, o mundo "não existiria".

"Vocês já pensaram na paciência de Deus? É sua misericórdia. Ele não se cansa de nos perdoar, se soubermos voltar para ele com o coração arrependido. É grande a misericórdia de Deus", disse, vestindo a batina branca e uma cruz de ferro no pescoço. "Somos nós os que cansamos de pedir perdão."

Ao final da oração, ele ainda completou: "A misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo". "Somos nós que nos cansamos de perdoar." 

Perfil do novo papa 

Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.

Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina em 27 de junho.

Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres.

O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.

Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.

Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provoca discriminação contra as crianças.

Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu nome, Francisco 1º agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e, também lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor.

Ele bateu outros cardeais considerados favoritos, como o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer. (*Com agências internacionais)