Com mediação de Obama, Israel pede desculpas à Turquia por ataque a flotilha
Os primeiros-ministros de Israel, Benjamin Netanyahu, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, concordaram nesta sexta-feira (22) em restabelecer as relações entre os dois países após um pedido de desculpas feito por Israel pela morte de nove ativistas turcos no episódio do ataque à flotilha da Liberdade, em 2010. Na ocasião, a flotilha que tentava furar bloqueio israelense à Faixa de Gaza foi interceptada por militares de Israel.
Análise
A visita que o presidente Barack Obama iniciou na quarta-feira (20) a Israel "parece a missa de réquiem para o processo de paz com os palestinos, moribundo faz tempo", afirma o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo. Para o jornalista, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não aceita dividir a terra de Israel com os palestinos.
O entendimento ocorreu após a mediação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que realizou visita de três dias a Israel e Cisjordânia. Netanyahu pediu a Erdogan que transmitisse suas "desculpas ao povo turco" pelos "erros operacionais" que conduziram à perda de vidas e seu compromisso para terminar o mais rápido possível as negociações para compensar as vítimas.
Foi o próprio Obama que, de partida de Israel, fez o anúncio do avanço diplomático entre os dois aliados norte-americanos. Segundo Obama, Netanyahu e Tayyip Erdogan, conversaram por telefone.
"Os Estados Unidos valorizam profundamente nossas parcerias estreitas com a Turquia e Israel, e damos grande importância para a restauração de relações positivas entre eles, a fim de promover a paz e a segurança na região", declarou Obama.
"Tenho esperança de que a troca de hoje entre os dois líderes vai permitir-lhes engajar em uma cooperação mais profunda sobre isto e em uma série de outros desafios e oportunidades", acrescentou.
Um comunicado do gabinete do governo de Israel revelou que Netanyahu disse a Erdogan que teve "boas conversas com Obama sobre cooperação regional e sobre a importância das relações entre Turquia e Israel" e lamentou "a crise nas relações turco-israelenses".
Segundo o texto oficial, os dois países acertaram "normalizar as relações, o que inclui devolver os respectivos embaixadores e a anulação dos processos judiciais (abertos na Turquia) contra os soldados israelenses" que participaram do episódio envolvendo a flotilha.
Ataque à flotilha da Liberdade
As relações entre Israel e a Turquia foram prejudicadas em 2010 quando fuzileiros navais israelenses interceptaram a flotilha da Liberdade, que se dirigia para Gaza desafiando bloqueio naval imposto por Israel, e mataram nove ativistas turcos.
Ancara expulsou o embaixador de Israel e congelou a cooperação militar depois de um relatório da ONU sobre o incidente, publicado em setembro de 2011, em grande parte isentar Israel de culpa. Na época, Israel manifestou "pesar", não fez o pedido de desculpas exigido, apenas se oferecendo a criar um "fundo humanitário" através do qual vítimas e parentes poderiam ser compensados.
Sobre a flotilha, Netanyahu esclareceu hoje a Erdogan que as "trágicas consequências no Mavi Marmara (principal barco interceptado) não foram propositais" e lamentou "a perda de vidas" no episódio.
Presidente dos EUA segue para a Jordânia
Após a passagem de Obama por território judeu e pela palestina, o presidente dos EUA seguiu hoje para Amã, na Jordânia. Ele fará visita de dois dias ao país, onde deve se reunir com o rei Abdullah 2º para analisar o conflito sírio e os esforços para retomar o processo de paz entre palestinos e israelenses.
Após sua chegada à capital jordaniana, está programado que o líder americano se reúna imediatamente com o monarca. Sua viagem ao reino hachemita é a última etapa da visita ao Oriente Médio.
Obama se despede de Israel
O avião presidencial, "Air Force One", decolou com uma hora de atraso em Tel Aviv por conta das mudanças de agenda provocadas por uma tempestade de areia procedente do deserto, que obrigou o presidente americano a fazer todos os trajetos de carro e não de helicóptero.
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O mau tempo também obrigou o Governo israelense a cancelar a cerimônia de despedida que tinha sido programado e, ao invés disso, realizou um breve ato no qual Netanyahu e o presidente de Estado de Israel, Shimon Peres, acompanharam Obama até a entrada no avião.
Essa foi a primeira visita de Obama à região como presidente. Seu objetivo, segundo a Casa Branca, era "escutar" as duas partes sobre que pode apresentar sua administração para o reinício das negociações de paz, interrompidas desde 2010.
Com esse mesmo objetivo, o secretário de Estado John Kerry voltará amanhã a Jerusalém e Ramallah após acompanhar Obama na Jordânia.
Israel não é produto do Holocausto, diz Obama
No seu último dia em Israel, nesta sexta, Barack Obama visitou os mais poderosos símbolos nacionais do país -o memorial do Holocausto e os túmulos do fundador do sionismo moderno, Theodor Herzl, e do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, assassinado em 1995.
No Yad Vashem, o Museu do Holocausto, Obama deixou claro que reconhece as milenares raízes judaicas na Terra Santa e disse que o país não é produto do Holocausto. (Com agências de notícias)
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