No último dia de visita, Obama diz que Israel não é produto do Holocausto
O presidente dos EUA, Barack Obama, visitou nesta sexta-feira (22), seu último dia de visita a Israel, os mais poderosos símbolos nacionais do país -o memorial do Holocausto e os túmulos do fundador do sionismo moderno, Theodor Herzl, e do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, assassinado em 1995.
Análise
A visita que o presidente Barack Obama iniciou na quarta-feira (20) a Israel "parece a missa de réquiem para o processo de paz com os palestinos, moribundo faz tempo", afirma o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo. Para o jornalista, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não aceita dividir a terra de Israel com os palestinos.
No Yad Vashem, o Museu do Holocausto, Obama deixou claro que reconhece as milenares raízes judaicas na Terra Santa e disse que o país não é produto do Holocausto. "Aqui na nossa terra antiga, diga-se para que todo o mundo ouça: o Estado de Israel não existe por causa do Holocausto, mas, com a sobrevivência de um forte Estado judeu de Israel, tal Holocausto nunca mais vai se repetir", disse ele.
A imagem de Obama curvado em reflexão depois de depositar uma coroa de flores no memorial Yad Vashem, que homenageia os 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo, agrega uma nova camada emocional a uma visita de três dias, cheia de gestos simbólicos e apelos pela paz.
Usando um quipá (solidéu usado por judeus praticantes), Obama reavivou uma chama eterna vizinha a uma lápide que cobre cinzas retiradas de campos de extermínio após a Segunda Guerra Mundial.
"Não temos escolha senão aquiescer ao mal ou tornar real o nosso voto solene, nunca mais", disse Obama.
Antes, cumprindo a tradição judaica, ele depositou pedras nos túmulos de Herzl, que morreu mais de quatro décadas antes da fundação de Israel, ocorrida em 1948, e de Rabin, que foi morto por um radical judeu que se opunha ao processo de paz com os palestinos.
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Autoridades disseram que a visita de Obama ao Yad Vashem e ao cemitério do monte Herzl, em Jerusalém, se destinava a corrigir uma impressão que o presidente passou num discurso em 2009 no Cairo, em que ele pareceu argumentar que a legitimidade do Estado judeu decorria do Holocausto.
Obama embarca ainda na sexta-feira para a Jordânia, onde discutirá com o rei Abdullah, aliado dos EUA, problemas como a guerra civil da vizinha Síria e a dificuldade na retomada do processo de paz entre israelenses e palestinos.
Durante sua visita, Obama buscou tranquilizar o público israelense sobre o apoio dos EUA ao país, num momento de crescente tensão por causa do programa nuclear iraniano e da guerra na Síria.
Mas, em discursos realizados durante sua estadia em Israel, Obama disse que os israelenses deveriam pressionar seus líderes a assumirem riscos e buscarem a paz com os palestinos, além de pedir a uma plateia formada por estudantes universitários que se colocasse no lugar dos vizinhos sob ocupação.
Após uma última conversa na sexta-feira com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ele voltará a se reunir com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, na cidade de Belém, na Cisjordânia, onde visitará a igreja da Natividade, suposto local do nascimento de Cristo.
Hezbollah rejeita discurso de Obama
O grupo xiita libanês Hezbollah criticou nesta sexta "o discurso complacente" do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com Israel.
Ontem, em discurso para 500 jovens israelenses em Jerusalém, Obama fez um pedido para que o mundo considere o Hezbollah uma organização terrorista. O Hezbollah rejeitou a chamada de Obama para que o mundo considere a organização como terrorista.
"As declarações de Obama não concedem nenhum peso aos governos árabes e islâmicos e negam os direitos básicos do povo palestino, além de respaldar o projeto sionista na Palestina mediante uma tentativa de impor condições e ditados aos países árabes", disse o grupo em nota.
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