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Temporal mata 6 em Buenos Aires; prefeito culpa a presidente

Homem utiliza prancha de surfe para passar por rua alagada em Buenos Aires, nesta terça-feira (2) - Enrique Marcarian/Reuters
Homem utiliza prancha de surfe para passar por rua alagada em Buenos Aires, nesta terça-feira (2) Imagem: Enrique Marcarian/Reuters

Maria Martha Bruno

Do UOL, em Buenos Aires

02/04/2013 16h25Atualizada em 02/04/2013 19h53

O número de mortos pelo temporal que atinge Buenos Aires desde a madrugada desta terça-feira (2) subiu para seis pessoas. A chuva alagou bairros, deixou parte da cidade sem energia elétrica e sem água. Casas foram inundadas e carros foram arrastados pela correnteza. Até o início da tarde, autoridades do país haviam divulgado que cinco pessoas tinham morrido.

Um dos seis mortos em consequência do temporal é funcionário do metrô. A linha para qual ele trabalhava está parada desde meio-dia em protesto e a partir das 18h haverá paralisação em todas as linhas da cidade.

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Em Saavedra, zona norte da cidade, uma das mais atingidas, Julieta Grande, que sofre de Miastenia Gravis (doença autoimune que causa fraqueza de músculos que controlam a respiração), não conseguiu ser resgatada pela ambulância, que não podia chegar até sua casa.

Ela depende de oxigênio por traqueostomia. Os bombeiros foram chamados e tiveram que caminhar por 300 metros com água acima do joelho até encontrá-la e fazer o mesmo percurso para levá-la ao veículo, que a transferiu para um hospital. Na casa da moça, a altura da água superava um metro.

O prefeito da capital argentina, Mauricio Macri, que estava no Brasil por conta de um feriado de seis dias no país (hoje são lembrados os mortos na Guerra nas Malvinas), voltou hoje para a cidade.

Segundo ele, 350 mil pessoas foram prejudicadas pela chuva. Macri culpou o governo de Cristina Kirchner pela falta de realização de obras na foz de dois rios que passam pela cidade.

“Fico doente quando vejo que fazem politicagem com isso todos os dias. É preciso se ocupar da cidade. (...) As pessoas do governo nacional fazem política com esse assunto, porque são responsáveis pela falta das obras, que estão licitadas há quatro anos. (...). Espero que tomem consciência disso e coloquem as obras em andamento. Eles não precisam nem fazer. Peço apenas que nos deixem trabalhar."

O prefeito foi criticado nas redes sociais por cidadãos e por membros do governo de Cristina por sua ausência e demora para chegar à capital do país, e pelo caos instalado na cidade com a chuva.

Macri chamou o temporal de “tragédia climática” e disse que foi o segundo maior em Buenos Aires desde 1906.  Segundo ele, 300 pessoas estão desalojadas e foram levadas para uma escola em um bairro na zona norte da cidade.

Ao justificar o fato de muitos moradores ainda não terem sido atendidos, após mais de 12 horas desde o início do temporal, o prefeito de Buenos Aires elogiou as equipes de emergência, mas admitiu que o grupo é reduzido frente à magnitude da tragédia:

“São 600 pessoas, 100 ambulâncias e cinco gruas. Embora seja uma das melhores equipes de emergência da América Latina, é um grupo diminuto frente a 350 mil pessoas afetadas”.  

De acordo com a vice-prefeita, Maria Eugenia Vidal, essa foi a segunda chuva mais forte registrada na história de Buenos Aires e a maior no mês de abril. Foram mais de 159mm de chuva em duas horas.