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FBI descobre carta de Ariel Castro que descreve abusos e captura de vítimas, diz TV

Do UOL, em São Paulo

10/05/2013 01h22

O FBI (polícia federal americana) descobriu uma carta na casa de Ariel Castro, acusado do sequestro e estupro de três jovens de Cleveland (EUA) durante uma década, na qual afirma que foi abusado sexualmente em sua infância e descreve a captura de suas vítimas.

A rede de televisão americana "CBS" publicou em seu site que a carta, que teria sido escrita em 2004, apontava que Ariel Castro pensava em se suicidar.

A carta foi recuperada pelo FBI, segundo a "CBS", que nos últimos dias esteve revistando a casa na qual Castro supostamente manteve cativas Michelle Knight, Amanda Berry e Gina DeJesus, assim como a filha que Berry teve durante seu cativeiro.

Na carta, Castro relata os fatos mais relevantes de sua vida, incluindo os supostos abusos que sofreu de seus pais, assim como que um de seus tios o violentou quando era criança.

A emissora "WOIO" de Cleveland, que diz ter tido acesso à carta, assinalou que nela Ariel se identifica como "um predador sexual" e expressa sua necessidade de ajuda.

Segundo a "WOIO", Ariel Castro também escreveu que "estão aqui contra sua vontade porque cometeram o erro de entrar em um automóvel com um desconhecido".

Meios de imprensa de Cleveland informaram na noite desta quinta-feira que as autoridades penitenciárias estão vigiando Castro 24 horas por temor de que se suicide.

O suspeito está detido na prisão do condado de Cuyahoga, em Cleveland.

Ex-refém rejeita visitas da mãe e da avó

Michelle Knight, a refém que mais tempo passou no cativeiro estourado nesta semana em Cleveland, está livre após 11 anos, mas rejeita visitas de parentes no hospital onde permanece desde segunda-feira à noite.

Knight, de 32 anos, está em boas condições de saúde, mas não aceitou receber sua mãe nem sua avó, que haviam se mudado para a Flórida depois do desaparecimento dela - na época interpretado por familiares como uma fuga.

Knight já era uma mãe solteira quando desapareceu, em 2002, após perder uma disputa judicial com autoridades pela custódia do seu filho, que na época tinha 3 ou 4 anos, segundo Deborah Knight.

"Eles o levaram e ela saiu de casa e nunca mais voltou", contou a avó, explicando por que a família achava que ela havia fugido.

Um dos dois irmãos de Michelle, Freddie Knight, esteve no hospital e a visitou imediatamente depois de ela ser localizada pela polícia dentro da casa onde passou anos presa. "Sua pele estava branca como um fantasma", disse Freddie. "Ela me disse que estava animada em começar uma nova vida."

Depois disso, ela conversou com a irmã por telefone uma vez, mas disse que, a pedido dela, a deixaria em paz no hospital.

Jovem engravidou cinco vezes

Uma das três jovens que foram mantidas reféns em uma casa em Cleveland, Ohio (EUA) por cerca de dez anos engravidou cinco vezes do acusado de ter sequestrado as mulheres, Ariel Castro, segundo relatório da polícia obtido pela "CNN".

Em todas as vezes, Michelle Knight, uma das três vítimas, segundo a polícia, foi agredida por Castro no estômago e passava dias sem comer. Quando seu raptor soube que ela estava grávida, este era o método usado por ele para fazê-la perder a criança, diz a "CNN".

Segundo investigadores, as três moças passavam períodos amarradas ou acorrentadas, e eram submetidas a jejum, agressões físicas e violências sexuais.

Apenas uma delas, Amanda Berry, chegou a dar à luz durante o cativeiro. O parto foi feito em uma piscina inflável e a jovem teve de contar com a ajuda de outra sequestrada, Michelle Knight. Um exame vai determinar quem é o pai da criança.

Durante o parto, Castro ameaçou matar Michelle caso a criança não sobrevivesse.

Aos poucos, a polícia de Cleveland vai descobrindo mais detalhes sobre o período em que Amanda Berry, 27, Gina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32, estiveram sequestradas.

A polícia também divulgou que as três só deixaram o cativeiro por duas vezes durante todo o período em que estiveram sequestradas.

Para ver a luz, Amanda, Michelle e Gina tinham, raras vezes, permissão de ir até o quintal. Ainda assim, tiveram de usar perucas e óculos escuros para não serem reconhecidas por algum vizinho.

As três contaram à polícia que durante algum tempo ficaram presas e acorrentadas no porão da casa. Ultimamente, porém, viviam no segundo andar da residência, em quartos separados.

“Ainda não sabemos direito como eram as circunstâncias dentro da casa e como era o controle que Castro tinha sobre as jovens”, afirmou Tomba.

Apesar dos abortos, do parto e das agressões, nenhuma das três mulheres teve acesso a qualquer tipo de serviço médico durante o cativeiro.

Audiência

Ariel Castro participou pela primeira vez de uma audiência na Justiça nesta quinta-feira (9). Ele foi indiciado pelo sequestro de quatro pessoas -as três jovens e mais a criança que uma delas deu à luz no cativeiro.

Um juiz estabeleceu a fiança, para que o Castro responda em liberdade, em US$ 2 milhões (cerca de R$ 4 milhões) para cada caso de sequestro, ou seja, US$ 8 milhões (cerca de R$ 16 milhões) no total.

Na corte, o acusado permaneceu de cabeça baixa, mordendo o colarinho e assinou documentos com as mãos algemadas. Ele não falou durante toda a audiência.

Na quarta-feira (8), a polícia de Cleveland denunciou Castro por estupro e sequestro. Ele havia sido preso junto com seus irmãos Onil Castro, 50, e Pedro Castro, 54. Os irmãos, no entanto, se livraram da acusação, segundo o capitão da polícia Ed Tomba.

O procurador da cidade Victor Perez afirmou que não havia nenhuma razão para acreditar que os irmãos estejam envolvidos no sequestro. (Com agências internacionais)