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Presidente da França anuncia apoio militar a rebeldes da Síria

Do UOL, em São Paulo

27/08/2013 12h34

O presidente da França, François Hollande, anunciou o apoio do Exército de seu país aos rebeldes que lutam contra o presidente da Síria, Bashar Assad. Segundo ele, "todas as evidências indicam que o governo sírio está por trás do massacre de inocentes, e isso precisa ser punido".

"A guerra civil na Síria ameaça a paz mundial. O conflito já chegou ao Líbano e ao Iraque. É uma preocupação internacional", afirmou Hollande nesta terça-feira (27), em um discurso. Segundo o mandatário, porém, "uma solução diplomática não impede uma militar" no caso da crise no país árabe. 

A França se junta assim às potências ocidentais que avisaram a oposição síria para esperar um ataque contra o regime Assad em alguns dias, segundo fontes ouvidas por agências de notícias.

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"A oposição foi avisada em termos claros que uma ação para impedir futuro uso de armas química pelo regime Assad pode acontecer nos próximos dias, e eles ainda devem se preparar para as conversas de paz em Genebra", disse à Reuters uma das fontes presentes ao encontro de segunda-feira (27).

Em entrevista à BBC, o secretário americano de Defesa, Chuck Hagel disse que as Forças Armadas dos Estados Unidos estão prontas para um ataque à Síria.

Segundo o secretário, equipamento militar necessário a um ataque já está posicionado caso o presidente ordene o ataque.

Jornais americanos publicaram, nesta terça, que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estuda a possibilidade de um ataque "breve e limitado" à Síria.


Este ataque em represália à "inegável utilização de armas químicas", segundo o secretário de Estado John Kerry, não deve durar mais de dois dias e evitará um envolvimento maior dos Estados Unidos na guerra civil que a Síria vive desde março de 2011, destaca o jornal "Washington Post", que cita fontes do governo que pediram anonimato.

O "New York Times" também afirma que Obama deve ordenar provavelmente uma operação militar limitada.

Washington poderia ordenar um ataque com mísseis de cruzeiro a partir de centros americanos no Mediterrâneo contra alvos militares sírios, informa o jornal, que também cita fontes do governo.

A intervenção seria pontual e não buscaria a derrubada do presidente Bashar Assad nem a mudança de curso da guerra civil na Síria, completa o "NYT".

Nos próximos dias, autoridades da inteligência americana devem revelar informações que respaldariam a acusação de que o governo sírio seria o responsável pelo ataque com armas químicas de 21 de agosto, que - segundo a oposição - teria provocado 1.300 mortes.

Reino Unido prepara debate

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, convocou o Parlamento para debater uma possível ação militar na Síria em resposta ao suposto uso de armas químicas. Uma reunião será realizada na quinta-feira (29).

Um porta-voz de Cameron disse que as Forças Armadas britânicas estão se certificando de que estão em posição de responder militarmente se forem solicitadas a fazê-lo.

"É razoável assumir que nossas forças estão fazendo planos de contingência", disse o porta-voz a jornalistas, ressaltando que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre uso da força e que eventual escolha seria baseada em evidências de "uma série de fontes".

EUA conversam com aliados

O governo dos Estados Unidos está em conversações com os aliados ocidentais, ante a pouca esperança de obter autorização para um ataque do Conselho de Segurança da ONU, já que a Rússia, principal aliado da Síria, bloquearia a medida.

A Rússia pediu nesta terça-feira "prudência" aos Estados Unidos e à comunidade internacional e destacou que uma intervenção militar teria consequências "catastróficas" para os países do Oriente Médio e do norte da África.

Também pediu a Washington e à comunidade internacional "prudência e respeito estrito ao direito internacional, baseado sobretudo nos princípios fundamentais da Carta da ONU".

Síria diz que irá responder

O governo sírio, acusado pela comunidade internacional de ter bombardeado com armas químicas uma área controlada por rebeldes, prometeu nesta terça-feira defender-se de um eventual ataque ocidental.

"Temos duas opções: rendição ou defesa com os meios que temos. A segunda alternativa é a melhor: nos defenderemos", declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Walid Muallem.

"Atacar a Síria não é um assunto fácil. Dispomos de meios defensivos que surpreenderão os demais", disse Muallem.

O ministro afirmou que um ataque ocidental não afetaria a campanha militar de Damasco contra os rebeldes.

"Se acreditam que assim poderão impedir a vitória de nossas Forças Armadas, se enganam", afirmou em entrevista coletiva em Damasco. (Com agências internacionais)